Ressaca

O Congresso Nacional retoma suas atividades esta semana curtindo a ressaca da decisão do Supremo Tribunal Federal de adiar, para as eleições municipais de 2012, a aplicação da Lei da Ficha Limpa. E enquanto nos corredores do Parlamento Nacional  se discute as mudanças na composição das bancadas partidárias, já se disputando inclusive cargos nas mesas diretoras, os formadores de opinião insistem em crucificar os seis ministros que derrubaram a aplicação da lei nas eleições passadas por entenderem que ela fere o artigo 16 da Constituição Federal. Colunistas e chargistas não perdoam os magistrados por sua preocupação em preservar a Carta Magna e, como consequência, o estado de direito. Alguns acham, inclusive, que era preferível atropelar a Constituição a deixar que políticos fichas-sujas retornassem à vida pública. Os que assim pensam no fundo aprovam os métodos adotados pelas ditaduras, que suspendem as garantias para a tomada de decisões. Felizmente nem todos  pensam assim, especialmente  aqueles que têm o dever de defender a Constituição, o que nos dá uma certa tranquilidade quanto à consolidação da nossa democracia, especialmente quando há uma visivel  reação à Comissão de Verdade.