quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Esquecimento
Por solicitação do senador Aécio Neves, do PSDB mineiro, o Senado realizou na última terça-feira uma sessão especial em comemoração aos 20 anos do Plano Real. E o evento teve como estrela principal o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, incensado por todos como o grande homenageado quando, na verdade, esqueceram o verdadeiro pai do Plano, o saudoso ex-presidente Itamar Franco. Confúcio já dizia que “uma mentira dita mil vezes vira verdade”. Foi o caso da paternidade do Real. Com o apoio maciço da chamada Grande Imprensa, que realizou uma verdadeira lavagem cerebral na população, Fernando Henrique se apresentou como o autor do Plano Real e, montado nessa desavergonhada mentira, elegeu-se duas vezes para a Presidência da República. O presidente era Itamar e FHC auxiliar, ministro da Fazenda, sociólogo. O Plano foi elaborado por uma equipe de economistas e depois submetido ao presidente, que o avalizou. Em todos os governos os planos econômicos são do presidente: assim foram o Plano Cruzado, do Sarney; o Plano Collor, do Fernando Collor, etc, etc. Só o do Itamar Franco seria do ministro da Fazenda? Por que? Porque deu certo e, portanto, de fundamental importância para eleger FHC. Se fracassasse certamente seria atribuído a Itamar, como os outros. O senador paraense Flexa Ribeiro, em seu discurso de louvaminha ao ex-presidente tucano, chegou a dizer: “O presidente Itamar Franco não criou nenhum obstáculo à liderança de Fernando Henrique que, com uma grande equipe de economistas, teceu o plano e o aplicou”. Claro que Itamar não poderia criar obstáculo a um plano que era seu. Só pecou porque escolheu FHC para sucedê-lo, embora alertado por amigos mais próximos. O que impressionou, no evento de terça-feira, foi a envernizada cara-de-pau de FHC que, mesmo sabendo não ser o pai do Plano Real, assume a paternidade com a maior naturalidade. E posa para a platéia como um grande astro. Aliás o PSDB, em seu site, classifica o Plano Real como uma “herança bendita” de FHC. Melhor rir para não chorar.
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