sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ainda Gilmar

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, continua cutucando os doadores das campanhas de arrecadação de recursos para pagamento das multas impostas pela Justiça a José Genoino, Delúbio Soares e José Dirceu. Em carta ao senador Eduardo Suplicy, do PT paulista, que respondeu às suas suspeitas de lavagem de dinheiro informando que foi um dos doadores, o ministro afirma que a arrecadação "sabota e ridiculariza o cumprimento da pena – que a Constituição estabelece como individual e intransferível – pelo próprio apenado, fazendo aumentar a sensação de impunidade que tanto prejudica a paz social no país". E exige que se "tornem públicos todos os dados relativos às doações" para que sejam submetidos à Receita Federal e ao Ministério Público. Mais adiante ele ironiza: . "Quem sabe o ex-tesoureiro Delúbio Soares, com a competência arrecadatória que demonstrou – R$ 600.000,00 em único dia, verdadeiro e inédito prodígio! -, possa emprestar tal expertise à recuperação de pelo menos parte dos R$ 100 milhões subtraídos dos cofres públicos". Na verdade, não houve dinheiro público. Gilmar insiste em repetir uma história não comprovada nos autos do processo do chamado mensalão, pois foi apurado que o Fundo de Incentivos Visanet, então dirigido por Antonio Pizzolato, usou verbas publicitárias de cerca de R$ 70 milhões para fazer a propaganda de seus cartões, dinheiro que foi aplicado na compra de espaços publicitários em grandes veículos de comunicação, como a Rede Globo e o jornal Folha de S. Paulo, entre outros. Auditorias do Banco do Brasil e da Policia Federal comprovam que os recursos da Visanet foram efetivamente gastos em publicidade, mas isso foi ignorado no julgamento. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, a propósito das declarações do ministro Gilmar Mendes, afirmou sexta-feira em Belo Horizonte que “a Corte não é partido político, nem torcida organizada”. E acrescentou: “Se ela começa a se transformar nisso, pode vir até mesmo no Brasil um outro tipo de terrorismo, o terrorismo de Estado”. Falcão defendeu um poder judiciário mais equilibrado e mais justo. Por sua vez, sobre o mesmo tema, o jurista Bandeira de Melo, um dos mais renomados do país, disse que as doações foram uma resposta da população ao julgamento dos chamados mensaleiros. E acrescentou: “Essas pessoas não concordaram com as sentenças e procuraram mostrar que o julgamento foi político”.

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