quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Absolvidos

Como era esperado, o Supremo Tribunal Federal absolveu nesta quinta-feira, do crime de formação de quadrilha, por seis votos contra cinco, oito condenados no julgamento do chamado mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu. Foi a primeira derrota do ministro Joaquim Barbosa que, depois dessa decisão, não mais poderá manter Dirceu preso em regime fechado. O presidente do STF mais uma vez perdeu as estribeiras ao ser contrariado, ficando possesso com os argumentos do ministro Luis Roberto Barroso, o mais novo membro daquela Corte, que, com serenidade e elegância, rebateu os seus berros. Barroso disse que o tribunal “exacerbou” na pena para o crime de formação de quadrilha para evitar a prescrição. A propósito, o jornalista Luis Nassif disse em seu blog que “a enorme tranquilidade e elegância de Barroso, enfrentando as barbaridades de Joaquim Barbosa, mostram mais uma vez que os verdadeiramente corajosos não são os que berram, mas os que se escudam na força das suas convicções”. E acrescentou:“A desmoralização de Barbosa e da campanha midiática começou quando confundiram a mansidão educada de Lewandowski com falta de determinação; aumentou quando imaginaram que apertando, Celso de Mello cederia, sem entender que Mello tergiversa, sim, mas para buscar o reconhecimento da história, não do momento. E amplia-se agora, quando Joaquim Barbosa provoca Barroso e recebe, em troca, argumentos mansos, educados sem que Barroso recue um milímetro de sua posição”. Por sua vez, o jornalista Paulo Moreira Leite, da revista “IstoÉ”, também destacou a atuação do ministro Luis Roberto Barroso no julgamento dos embargos infringentes, dizendo que ele deu uma verdadeira aula de justiça ao afirmar, entre outras coisas, que "antes de ser exemplar e simbólica, a Justiça precisa ser justa, sob pena de não poder ser nem um bom exemplo nem um bom símbolo". Ao anunciar o resultado da votação, visivelmente transtornado, o ministro Joaquim Barbosa disse:"Esta é uma tarde triste para este pleno do STF, porque com argumentos pífios foi reformada, foi, como eu disse, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária solida, bem fundamentada, tomada por esse plenário". O comportamento do presidente do Supremo escapa de qualquer conceito de democracia – ele não admite ser contrariado. E usa de todos os recursos que a sua posição lhe permite para fazer valer a sua opinião, inclusive interferindo na fala dos seus colegas e até suspendendo abruptamente a sessão. Os argumentos contrários são pífios, enquanto os dele são sólidos. Certamente por isso o ministro Barroso disse: “Uma Corte constitucional tem de deixar as paixões de lado para votar com a razão".E é esse homem, Joaquim Barbosa, com espírito tirânico, que quer ser Presidente da República.

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