Divisão dificil

Durante três dias estive ausente do Blog porque fui a Belém sentir de perto o sentimento do povo em relação à divisão do território paraense  para a criação dos Estados do Tapajós e Carajás. E não foi dificil perceber que é praticamente impossível dividir o Pará, pelo menos neste momento,  porque predomina, no grosso do eleitorado, a idéia, incutida por bem montada campanha, de que a criação dos novos Estados só trará prejuizos aos paraenses. A minha conclusão foi confirmada pela pesquisa da Datafolha, divulgada pelos jornais de Belém, segundo a qual a criação dos Estados do Tapajos e de Carajás foi rejeitada por mais de 60% do eleitorado. Conversei com várias pessoas e fiz a elas a mesma pergunta: "Em que a divisão do Estado afetaria a tua vida?" Não souberam responder. O que mais me impressionou, no entanto, foi o sentimento de indignação com os autores da proposta de criação dos dois Estados e o argumento invocado: "São pessoas de fora que chegaram aqui, enriqueceram e agora querem dividir o Pará". E agora pasmem: ouvi o mesmo indignado argumento, quase com as mesmas palavras, de pessoas que não se davam conta de que também eram de "fora" - mineiros, gauchos, cearenses, maranhenses, amazonenses há anos radicados em Belém. E que também adotaram o Pará como berço. Esquecem que  se alguém "de fora" enriqueceu obviamente é porque trabalhou, contribuindo para o desenvolvimento do Estado, a exemplo de tantos outros "de fora" que fazem parte da história do Pará, terra que aprenderam a amar até mais do que o seu próprio torrão-natal. De qualquer modo, a julgar pelo que vi e ouvi - e que a pesquisa confirmou -  o Pará  vai continuar do mesmo jeito, assim como os paraenses que mourejam nos rincões mais distantes onde o poder público não chega.