Algo errado

Tem alguma coisa errada. Em São Paulo um publicitário dominado pelo álcool cochila no volante do carro, sobe a calçada a atropela duas jovens universitárias. Uma delas perde uma perna. Ele paga uma fiança de R$ 67 mil e vai embora. O irmão dela, decepcionado, disse: "Ele pagou a fiança e ficou numa boa. E a minha irmã sem a perna". Diariamente a imprensa registra casos de pessoas alcoolizadas que atropelam, às vezes mutilam e outras vezes   matam, e que são colocadas em liberdade após pagamento de fiança. São assassinos que usam o veículo como arma mas não são punidos. Enquanto isso, condenam o Marco Valério, acusado de ser o "operador do mensalão", a 40 anos de prisão. E condenam os assassinos de Elisa Samudio, que a esquartejaram e deram suas carnes para os cães, a 22 anos de prisão. Quer dizer: matar, por mais cruel que seja o crime, é menos grave do que corrupção. E tem mais: se um parlamentar for pego em corrupção tem o mandato cassado e fica inelegível por oito anos; se for um funcionário do Executivo é demitido; mas se for um magistrado é premiado com uma aposentadoria. Tem alguma coisa errada.