sexta-feira, 30 de maio de 2014
O Brasil pela mídia
O Brasil está melhor ou pior do que há 20 anos? Muita gente – mais precisamente aquelas pessoas que não usam a massa cinzenta para pensar – responderá: Muito pior. Por que? Porque – dirão – a violência e a corrupção aumentaram escandalosamente. Essas respostas por si só já serão suficientes para revelar a pobreza de raciocínio de alguns e a tendência política de outros. Isto porque, na verdade, o que aumentou mesmo foi o volume e a velocidade das informações recebidos hoje pelas pessoas, em todos os recantos do país, graças ao extraordinário avanço dos meios de comunicação.
Explica-se: estamos hoje melhor informados do que há 20 anos sobre o que acontece no Brasil e no mundo. Sentados confortavelmente em nossa poltrona favorita e sem nenhum esforço, bastando apenas acionar o botão do controle remoto para ligar a TV, ficamos sabendo de tudo o que acontece no mundo inteiro, inclusive assistindo alguns eventos em tempo real, como o futebol, por exemplo, mesmo que tenham como palco o Japão, no outro lado do planeta. O celular e a internet também fazem parte dessa estrutura de comunicação que deixou conectados praticamente todos os habitantes da Terra.
A televisão e a internet, portanto, transformaram o nosso planeta na aldeia global preconizada por McLuhan e passamos todos, mesmo os que residem nos lugares mais remotos, à condição de testemunhas oculares da história. Cabe a nós, no entanto, usando o cérebro – o que infelizmente muita gente não faz – o trabalho de processar as informações que nos chegam a todo momento através dos veículos de comunicação de massa, de modo a separar o joio do trigo. Graças à liberdade de imprensa, sofremos diariamente um bombardeio de informações que, infelizmente, nem sempre expressam a verdade e, por isso, devem ser analisadas. Lamentavelmente, porém, os quase anencéfalos preferem, por comodidade ou preguiça mental, digerir as informações como elas chegam. E passam a pensar pela cabeça dos que as divulgam.
A violência, na verdade, é proporcional ao tamanho da população, mas não sofreu nenhum aumento. O que acontece é que todos os atos de violência, em qualquer parte do país e do mundo, chegam ao conhecimento de todos, inclusive com vídeos que revelam a sua crueza. Através dos veículos de comunicação – ou mesmo da internet – ficamos sabendo de um crime no interior do Rio Grande do Sul ou da morte de detentos no presídio do Maranhão, de um linchamento no interior de São Paulo ou de um vaso lançado na cabeça de um torcedor em Recife, de um atirador solitário nos Estados Unidos que mata varios estudantes ou de um atentado que provoca a morte de dezenas de pessoas no Oriente. Em qualquer lugar há sempre uma câmera registrando tudo, inclusive assaltos de rua, e cria-se a falsa idéia de que a violência aumentou. Antes da televisão e da internet quem mora no Acre, por exemplo, demorava quase um mês para saber que um famoso ator morrera no Rio.
O mesmo acontece com a corrupção. A corrupção sempre existiu no mundo desde as épocas mais remotas e no Brasil desde a sua descoberta, mas nunca foi tão falada como agora. No período da ditadura não havia notícias de corrupção, o que, no entanto, não significa que não existisse, mas apenas que eram escondidas pela censura. No governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, o diretor da Policia Federal era demitido todas as vezes em que as investigações sobe corrupção se aproximavam do Palácio do Planalto. E a chamada Grande Imprensa, aquinhoada por FHC, fazia vista grossa para as denúncias, adotando um comportamento completamente diferente do que tem hoje. Não havia interesse em divulgar o lado negativo do governo tucano, o que também não significa que não havia corrupção. Basta lembrar, entre os casos mais escandalosos, o Projeto Sivam, a pasta cor-de-rosa, a emenda da reeleição, etc. É justamente quando existe censura ou a imprensa se cala que a corrupção mais corre solta.
Ouve-se hoje com freqüência esta frase, pronunciada com indignação contra o governo: “Todos os dias os jornais estampam em suas páginas noticias de corrupção”. Ou seja, eles fundamentam sua opinião no que “os jornais estampam”, o que nem sempre significa que os fatos noticiados sejam verdadeiros. Além disso, raras são as pessoas que se lembram de que a Policia Federal é órgão do governo e, portanto, é o governo que está combatendo a corrupção. É preciso lembrar, também, que a liberdade de imprensa é fruto da democracia, fundamental para o seu fortalecimento, pois permite que o povo tenha conhecimento de tudo de bom e ruim que acontece no seu país. No Brasil de hoje, no entanto, essa liberdade só é usada para divulgar os fatos negativos, alguns inverídicos e outros superdimensionados, o que leva os quase anencéfalos a formar opinião negativa dos governantes.
Essa, aliás, é precisamente a intenção da Grande Midia, conforme deixou escapar numa inconfidência o tucano Álvaro Dias: pintar um quadro negro do país, demonizando o governo para facilitar a eleição do tucano Aécio Neves, candidato oposicionista à Presidência da República. O motivo é claro: os donos dos grandes veículos de comunicação querem voltar a ter os privilégios que desfrutavam no governo tucano de Fernando Henrique, pois o governo petista parece que não foi muito generoso com eles. E convencidos de que os fins justificam os meios, não se importam com os males que estão causando ao país, dentro e fora de suas fronteiras.
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