sexta-feira, 30 de maio de 2014
O Brasil pela mídia
O Brasil está melhor ou pior do que há 20 anos? Muita gente – mais precisamente aquelas pessoas que não usam a massa cinzenta para pensar – responderá: Muito pior. Por que? Porque – dirão – a violência e a corrupção aumentaram escandalosamente. Essas respostas por si só já serão suficientes para revelar a pobreza de raciocínio de alguns e a tendência política de outros. Isto porque, na verdade, o que aumentou mesmo foi o volume e a velocidade das informações recebidos hoje pelas pessoas, em todos os recantos do país, graças ao extraordinário avanço dos meios de comunicação.
Explica-se: estamos hoje melhor informados do que há 20 anos sobre o que acontece no Brasil e no mundo. Sentados confortavelmente em nossa poltrona favorita e sem nenhum esforço, bastando apenas acionar o botão do controle remoto para ligar a TV, ficamos sabendo de tudo o que acontece no mundo inteiro, inclusive assistindo alguns eventos em tempo real, como o futebol, por exemplo, mesmo que tenham como palco o Japão, no outro lado do planeta. O celular e a internet também fazem parte dessa estrutura de comunicação que deixou conectados praticamente todos os habitantes da Terra.
A televisão e a internet, portanto, transformaram o nosso planeta na aldeia global preconizada por McLuhan e passamos todos, mesmo os que residem nos lugares mais remotos, à condição de testemunhas oculares da história. Cabe a nós, no entanto, usando o cérebro – o que infelizmente muita gente não faz – o trabalho de processar as informações que nos chegam a todo momento através dos veículos de comunicação de massa, de modo a separar o joio do trigo. Graças à liberdade de imprensa, sofremos diariamente um bombardeio de informações que, infelizmente, nem sempre expressam a verdade e, por isso, devem ser analisadas. Lamentavelmente, porém, os quase anencéfalos preferem, por comodidade ou preguiça mental, digerir as informações como elas chegam. E passam a pensar pela cabeça dos que as divulgam.
A violência, na verdade, é proporcional ao tamanho da população, mas não sofreu nenhum aumento. O que acontece é que todos os atos de violência, em qualquer parte do país e do mundo, chegam ao conhecimento de todos, inclusive com vídeos que revelam a sua crueza. Através dos veículos de comunicação – ou mesmo da internet – ficamos sabendo de um crime no interior do Rio Grande do Sul ou da morte de detentos no presídio do Maranhão, de um linchamento no interior de São Paulo ou de um vaso lançado na cabeça de um torcedor em Recife, de um atirador solitário nos Estados Unidos que mata varios estudantes ou de um atentado que provoca a morte de dezenas de pessoas no Oriente. Em qualquer lugar há sempre uma câmera registrando tudo, inclusive assaltos de rua, e cria-se a falsa idéia de que a violência aumentou. Antes da televisão e da internet quem mora no Acre, por exemplo, demorava quase um mês para saber que um famoso ator morrera no Rio.
O mesmo acontece com a corrupção. A corrupção sempre existiu no mundo desde as épocas mais remotas e no Brasil desde a sua descoberta, mas nunca foi tão falada como agora. No período da ditadura não havia notícias de corrupção, o que, no entanto, não significa que não existisse, mas apenas que eram escondidas pela censura. No governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, o diretor da Policia Federal era demitido todas as vezes em que as investigações sobe corrupção se aproximavam do Palácio do Planalto. E a chamada Grande Imprensa, aquinhoada por FHC, fazia vista grossa para as denúncias, adotando um comportamento completamente diferente do que tem hoje. Não havia interesse em divulgar o lado negativo do governo tucano, o que também não significa que não havia corrupção. Basta lembrar, entre os casos mais escandalosos, o Projeto Sivam, a pasta cor-de-rosa, a emenda da reeleição, etc. É justamente quando existe censura ou a imprensa se cala que a corrupção mais corre solta.
Ouve-se hoje com freqüência esta frase, pronunciada com indignação contra o governo: “Todos os dias os jornais estampam em suas páginas noticias de corrupção”. Ou seja, eles fundamentam sua opinião no que “os jornais estampam”, o que nem sempre significa que os fatos noticiados sejam verdadeiros. Além disso, raras são as pessoas que se lembram de que a Policia Federal é órgão do governo e, portanto, é o governo que está combatendo a corrupção. É preciso lembrar, também, que a liberdade de imprensa é fruto da democracia, fundamental para o seu fortalecimento, pois permite que o povo tenha conhecimento de tudo de bom e ruim que acontece no seu país. No Brasil de hoje, no entanto, essa liberdade só é usada para divulgar os fatos negativos, alguns inverídicos e outros superdimensionados, o que leva os quase anencéfalos a formar opinião negativa dos governantes.
Essa, aliás, é precisamente a intenção da Grande Midia, conforme deixou escapar numa inconfidência o tucano Álvaro Dias: pintar um quadro negro do país, demonizando o governo para facilitar a eleição do tucano Aécio Neves, candidato oposicionista à Presidência da República. O motivo é claro: os donos dos grandes veículos de comunicação querem voltar a ter os privilégios que desfrutavam no governo tucano de Fernando Henrique, pois o governo petista parece que não foi muito generoso com eles. E convencidos de que os fins justificam os meios, não se importam com os males que estão causando ao país, dentro e fora de suas fronteiras.
Via satélite
Um sopro de esperança varreu São Luis, a capital do Maranhão, quando o então deputado federal Edwaldo Holanda Junior foi eleito prefeito da cidade dos azulejos, nas eleições de 2012. Depois de um ano e meio da sua posse, no entanto, a decepção tomou conta dos ludovicenses. Os buracos tomaram conta da terra dos poetas e o trânsito virou um caos, verdadeira fábrica de fazer doidos. As únicas novas vias de acesso, para desafogar o tráfego, foram construidas pelo governo do Estado. Em todos os lugares ouve-se críticas severas ao jovem prefeito que, infelizmente, tornou-se um blefe. Ninguém consegue sentir a presença da sua administração, pois não se consegue ver absolutamente nada do que tenha feito. Na verdade, até agora ele só se mostrou eficiente na cobrança do IPTU, calculando os valores através da aerofotografia via satélite e acabando com a isenção de muitos moradores. Alguns ludovicenses comentaram: como ele não sai do seu gabinete no Palácio La Ravardiére está administrando a cidade via satélite, motivo porque de tão alto não consegue ver os buracos.
Desreespeito
Os rodoviários do Maranhão entraram nesta sexta-feira no nono dia de greve, causando enormes prejuízos e transtornos a milhares de maranhenses. Na reunião de hoje com os patrões não chegaram a um consenso quanto à porcentagem do aumento de salário pretendido. Na quinta-feira última não se reuniram para tratar do assunto porque, por verdadeira ironia – ou mais precisamente por culpa deles mesmos – não havia transporte para levá-los ao local do encontro. E a capital maranhense continua sem ônibus, porque eles não respeitam nem a Justiça, que determinou o funcionamento de parte da frota de coletivos. Até quando??
quinta-feira, 29 de maio de 2014
Adeus Barbosa
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, comunicou nesta quinta-feira aos seus pares, no inicio da sessão da Corte, a sua decisão de deixá-la neste mês de junho, aposentando-se após quase 41 anos no serviço público. “Tive a felicidade, a satisfação e a alegria de compor essa corte – ele disse, sem modéstia – no que é, talvez, o seu momento mais fecundo, de maior criatividade e de importância no cenário político-institucional do nosso País". Nem todos, porém, pensam o mesmo da sua passagem pelo STF. O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, por exemplo, disse que "ele fez aquilo tudo que nós não gostaríamos". E acrescentou: "Antes da posse no Supremo, eu o procurei e ele me disse que haveria diálogo franco e aberto com a magistratura federal, o que não houve. Ele não é uma pessoa que vai ser bem lembrada". Por sua vez, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo dos Santos Costa, acusou Barbosa como responsável por ter "cortado o diálogo com as entidades". Já Paulo Luiz Schmidt, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) distribuiu nota dizendo que "a passagem de Sua Excelência pelo Supremo Tribunal Federal e pelo CNJ não contribuiu para o aprimoramento do necessário diálogo com as instituições republicanas e com as entidades de classe, legítimas representantes da magistratura, marcando, assim, um período de déficit democrático". Antes de fazer a comunicação aos seus colegas do Supremo, o ministro Barbosa também informou da sua decisão a presidenta Dilma Roussef e os presidentes do Senado e Câmara Federal, respectivamente senador Renan Calheiros e deputado Henrique Alves. Ele não disse, porém, o dia exato da sua saída do STF, mas já tem muita gente comemorando por antecipação.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Enxurrada de besteira
O deputado Paulinho da Força, presidente do partido Solidariedade, ameaça promover uma “enxurrada de greves” durante a Copa. O parlamentar, que surgiu do sindicalismo e recentemente fez uma declaração grosseira e desrespeitosa contra a presidenta Dilma Roussef, acusa a Presidenta de ser contra os movimentos sociais e sindicais. Só estando fora do seu juízo para dizer semelhante bobagem, pois, ao contrário, ela sempre garantiu em seu governo o pleno exercício da democracia, inclusive pelos sindicatos. Paulinho, que quer usar os trabalhadores como massa de manobra para seus projetos políticos, deverá ver frustrados os seus objetivos, pois até a chamada Grande Imprensa, que é notoriamente contra o governo, já começou a esvaziar essas manifestações tolas contra a Copa do Mundo. Estão misturando reivindicações legítimas com política e, com isso, causando graves transtornos e prejuízos à população, especialmente no trânsito. Além disso, a Copa não é do governo, mas do Brasil e atentar contra o evento é atentar contra o próprio país. Ainda bem que apenas uma meia dúzia de imbecis participa dessas manifestações, pois a grande maioria do povo brasileiro apóia a realização da Copa. Afinal, ninguém é obrigado a apoiar o governo,
mas todos os brasileiros devem contribuir para o sucesso da Copa, pois o que está em jogo é o Brasil. Depois da competição todos podem dar vazão às suas simpatias ou antipatias políticas, reassumindo suas convicções.
Chega de impunidade
O deputado Anthony Garotinho, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, defendeu a redução da maioridade penal para quem comete crimes hediondos. “Minha opinião – ele disse – é que quem comete crime hediondo, com 14, 15 ou 18 anos, deve ser tratado da mesma forma pela lei”. E acrescentou: “A classificação não deve ser pela idade, mas pelo crime”. A declaração foi feita no programa “Ponto a Ponto”, da Bandnews. Garotinho está certo. Já é tempo da menor idade deixar de garantir a impunidade de assassinos de 14 a 17 anos, que matam fria e covardemente para roubar, enlutando muitos lares. Se um menor de 16 anos pode votar e dirigir veículos automotores por que não pode ser responsável pelos seus crimes?? Chega de impunidade.
CNBB critica JB
A Comissão Brasileira Justiça e Paz da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota, assinada pelo seu secretário executivo, Pedro Gontijo, criticando as decisões do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, que, entre outras coisas, tem negado ao ex-ministro José Dirceu o direito de trabalhar fora do presídio da Papuda, em Brasilia, onde se encontra recolhido. A nota condena ainda o sistema penal brasileiro. Pela sua importância, ei-la, na íntegra:”As decisões proferidas pela Presidência do Supremo Tribunal Federal sobre a execução da Ação Penal 470 (mensalão) que têm suscitado críticas e preocupações na sociedade civil em geral e na comunidade jurídica em particular, exigem o inadiável debate acerca das situações precárias, desumanas e profundamente injustas do sistema prisional brasileiro.
A Pastoral Carcerária, em recente nota, referiu-se à Justiça Criminal como um “moinho de gastar gente” por causa de decisões judiciais que levam a “condenações sem provas” e “negam a letra da lei” com “interpretações jurídicas absurdas”. Inseriu, neste contexto, a situação dos presos da Ação Penal 470 ao denunciar o conjunto do sistema penitenciário, violento e perverso, que priva os apenados “dos cuidados de saúde e de higiene mais básicos” e carece de políticas públicas para sua inserção no mercado de trabalho.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo vinculado à CNBB, soma-se à Pastoral Carcerária e “repudia” o conteúdo destas decisões, bem como a política de encarceramento em massa, que penaliza especialmente negros e pobres, com inúmeras práticas cruéis, estendidas aos familiares e amigos dos presos, como a “revista vexatória”, atentado direto à dignidade humana.
A independência do Poder Judiciário somente realiza a necessária segurança jurídica em sua plenitude, quando viabiliza sem obstáculos o amplo direito de defesa e a completa isenção na análise objetiva das provas. Ela é imprescindível na relação do Judiciário com os meios de comunicação, não se podendo confundir transparência nos julgamentos com exposição e execração pública dos réus.
CBJP tem a firme convicção de que as instituições não podem ser dependentes de virtudes ou temperamentos individuais. Não é lícito que atos políticos, administrativos e jurídicos levem a insuflar na sociedade o espírito de vingança e de “justiçamento”. Os fatos aqui examinados revelam a urgência de um diálogo transparente sobre a necessária reforma do Judiciário e o saneamento de todo o sistema prisional brasileiro.”
domingo, 25 de maio de 2014
Ronaldo tucano
O jogador Ronaldo, o fenômeno, ídolo mundial do futebol, declarou recentemente que estava envergonhado com o Brasil por causa do atraso nas obras da Copa. A declaração surpreendeu quase todo mundo, porque o jogador faz parte do comitê organizador da Copa e até pouco tempo defendia a sua realização, motivo pelo qual chegou a ser chamado de "imbecil" pelo escritor Paulo Coelho. O mistério do seu novo comportamento, no entanto, foi desvendado neste domingo pelo colunista Juca Kfouri, da "Folha": Ronaldo é eleitor do presidenciável Aécio Neves e decidiu agora entrar na campanha eleitoral. Talvez Paulo Coelho já soubesse disso.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Transportes em Belém
Do jornalista Francisco Sidou, sobre o sistema de transportes de Belém, transcrevo o artigo a seguir: "Parece jogada ensaiada. E é. Os sindicalistas rodoviários pleiteiam justamente, claro, reajustes salariais. Afinal, a inflação corrói lenta, mas progressivamente, o poder aquisitivo dos assalariados.Os patrões, compreensivos, aceitam dar o reajuste, mas desde que os rodoviários façam primeiro uma greve barulhenta para chamar a atenção da imprensa e causar mais incômodos à população. De preferência, que façam uma "pedida" de reajuste bem acima daquilo que vai ser dado. Tudo combinado. Então os notáveis do Conselho Municipal de Transportes se reúnem para analisar a planilha de custos e definir o índice de reajuste das passagens. Chega-se então a essa brilhante proposta de se elevar o custo da passagem de R$ 2,20 para R$ 2,43.
Parece até que esses 0,3 centavos embutidos nesse "estudo técnico", no qual se embasa a tal planilha, são fruto de uma mente perversa, com o propósito de proporcionar mais atropelos aos passageiros e mais lucros para os insaciáveis donos do negócio. Alguém, por acaso, ainda porta centavos em suas carteiras? Logo, a passagem acaba sendo arredondada para R$ 2,45. O transporte coletivo em Belém é precário e os ônibus verdadeiras carroças. Mas em nenhum momento das negociações com os empresários desse negócio se coloca na mesa a renovação da frota ou uma repaginada no planejamento do tráfego com a redefinição de algumas linhas que demandam quase sempre o Ver-o-Peso e a avenida Presidente Vargas, causando verdadeiro caos em horas de picos.
Na bagunça do trânsito sem ordem todo mundo buzina e ninguém tem razão. Agressões e ameaças são apenas o pano de fundo de um trânsito caótico/neurótico de uma cidade congestionada e travada. Em meio a esse cenário nada saudável para a qualidade de vida da população, vem aí novos capítulos de uma novela já conhecida, mas nada edificante. Novas licitações para novas linhas de ônibus. Fala-se tanto em novas linhas e os ônibus que circulam em Belém estão em petição de miséria, sucateados, sujos e fedorentos.. Quando são mandados do Rio para Belém já circularam na Cidade Maravilhosa pelo menos por 10 anos.
O cartel do Rio tem muitos tentáculos, um deles sufoca a população de Belém que usa transporte coletivo... Por que não se exige dos empresários de ônibus (tão sacrificados, coitadinhos...) a renovação de pelo menos 50% da frota que circula na cidade, alguns coletivos caindo aos pedaços, outros com goteiras, que se transformam em sucursal do inferno em dias de chuva ?
As pessoas espremidas e estressadas parecem ser conduzidas como gado. Por que não se cria uma linha alternativa, com ônibus climatizados, mesmo com preço diferenciado? Seu público-alvo seriam os donos de veículos que também estão estressados por que não mais encontram lugar para estacionamento na cidade estrangulada, sem falar no assédio agressivo dos flanelinhas que se dão ao desplante de "guardar" (com cones) os lugares nas ruas para usufruto de seus "clientes especiais".
São muitos os veículos que deixariam de circular, diariamente, melhorando assim o fluxo do tráfego na cidade travada. Linhas circulares nos bairros com ônibus menores também seria uma opção para desafogar os principais e congestionados corredores de tráfego. Não se pode apostar apenas em uma solução do tipo BRT, que já chega com um atraso colossal em relação a outras alternativas de tráfego mais adequadas para metrópoles com mais de 1,5 milhão de habitantes, como os Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e o Monotrilho, também conhecido como Aerotrem.
No caso de Belém, caberia uma integração entre os dois sistemas , o BRT - obra já em andamento, mesmo aos trancos e barrancos - viria até São Brás, onde precisaria ser construída uma estação de integração, com o deslocamento da atual Rodoviária para a Nova Avenida Independência, outro importante corredor de entrada e saída da cidade, que o governo do Estado pretende inaugurar até julho. De Icoaraci até o Entroncamento e de São Brás até o Ver-o-Peso não vislumbro outra solução melhor que o sistema monotrilho aéreo.
Vamos ousar, senhor prefeito Zenaldo ?
Do contrário, não teremos muita coisa para comemorar nos 400 anos de Belém. Nem a sua Comissão de Notáveis, que elabora a programação, vai ter algo a fazer, mesmo com o brilhante currículo e as melhores intenções de seus ilustres membros."
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Barbosa
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, conseguiu realizar com a toga uma façanha que nem a ditadura militar, com a força das armas, conseguiu: colocar o país de joelhos. Atribuindo-se poderes inexistentes na Constituição, ele atropela todo mundo, inclusive os seus próprios pares, obcecado pelo que parece uma vingança pessoal contra o Partido dos Trabalhadores, representado pelo ex-ministro José Dirceu. E apesar dos estrebuchos e esperneios, sobretudo nos círculos jurídicos, não surgiu até hoje nenhuma iniciativa legal concreta destinada a podar-lhe as atitudes ditatoriais.
Ninguém conseguiu entender até agora o inexplicável ódio que ele devota ao PT, justo o partido que o colocou no Supremo. Como todos sabem, foi o então presidente Luis Inácio Lula da Silva que o escolheu, desejando homenagear a raça negra com a nomeação de um afrodescendente para a mais alta Corte de Justiça do país. O que o ex-presidente certamente não pensou, no entanto, é que a sua louvável iniciativa acabaria produzindo um personagem que, por seu comportamento ditatorial, marcaria a sua passagem pelo STF por atitudes incompatíveis com as de um magistrado, provocando danos quase irreparáveis à Justiça.
O fato é que o país assiste, estarrecido e imobilizado, o ministro Barbosa fazer o que bem entende, indiferente a tudo e a todos, como se dotado de superpoderes. Ele sequer respeita os colegas, colocando em pauta, para apreciação do plenário, os recursos endereçados ao Supremo, certamente temeroso de que seus atos sejam revogados por eles. Para o renomado criminalista Antonio Carlos Kakay, no entanto, só o plenário pode corrigir os erros do presidente da Corte, de modo a restaurar a credibilidade da justiça no Brasil. Os demais ministros, porém, embora constrangidos com as atitudes do presidente, preferem manter-se em silêncio para evitar atritos que possam prejudicar mais ainda a imagem do poder que representam.
Aparentemente o ministro Barbosa conseguiu intimidar todo mundo, pois afora as críticas de juristas e jornalistas ninguém ousa contestar, pelos meios legais, o seu abuso de autoridade. Segundo ainda o advogado Kakai, Rui Barbosa já dizia que “a pior ditadura é a do Poder Judiciário”. Diante desse cenário, os advogados de José Dirceu, a quem foi negado o direito de trabalhar fora do presídio, recorreram à Comissão Interamericano de Direitos Humanos, com sede em Washington, denunciando a violação dos direitos humanos justo por quem tem o dever de cumprir e fazer cumprir as leis. O recurso a um organismo internacional, no entanto, embora legal, além de produzir um efeito apenas moral, soa como uma vergonhosa confissão de impotência para resolver um problema interno do país.
A impressão que se tem é a de que estão todos de mãos atadas, obrigados a aceitar, embora a contragosto, as decisões do ministro Barbosa. Será que não existem dispositivos legais que possam respaldar uma ação capaz de conter o inexplicável comportamento ditatorial do presidente do STF? Se o legislador, ao elaborar as leis, não atentou para a eventualidade de uma situação como a que presentemente vive o país diante do abuso de poder do chefe da mais alta Corte do país, então tornou-se imperiosa uma iniciativa do Congresso Nacional, aprovando leis que possam corrigir distorções e evitar a repetição desses fatos no futuro. Afinal, não se pode aceitar a idéia de que tudo é possível no Brasil, um país onde se dá crédito até às maluquices do Jabor.
Com o ego inflado pela chamada Grande Imprensa, que chegou a cogitar o seu nome como candidato à Presidência da República, o ministro Barbosa ocupou grandes espaços na mídia, tendo sido apresentado pela revista “Veja” como “o menino pobre que mudou o Brasil”. Apesar da sua origem humilde, no entanto, ele parece confirmar aquele velho dito popular, segundo o qual para “se conhecer o vilão basta entregar-lhe o bastão”. Pelo visto ele ainda não se deu conta do mal que está causando à Justiça, como instituição, aos outros e a si mesmo, na medida em que tende a ficar só, inclusive sem o incenso da mídia, ao término do seu mandato de presidente da Corte. Provavelmente não lê o Evangelho, pois se o fizesse saberia que, como disse Jesus, “será julgado com a mesma medida com que julga os outros”.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Chapa 2 venceu
Com uma diferença de 209 votos a chapa 2, encabeçada por Madson Souza, venceu a eleição para a diretoria da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco da Amazônia - CASF, realizada à semana passada. A chapa 2 obteve 950 votos contra 741 dados à chapa 1. A posse da nova diretoria está marcada para o dia primeiro de julho próximo. Parabens à chapa vencedora. Espero que corresponda às expectativas dos associados, sobretudo dos aposentados e pensionistas.
terça-feira, 20 de maio de 2014
Maus brasileiros
Dois brasileiros famosos, que vivem no exterior, resolveram engrossar o coro dos que criticam o governo por causa da Copa: o escritor Paulo Coelho e o jogador Zico. O escritor, que vive no interior da França, extrapolou, revelando-se presunçoso, chegando a chamar de “imbecil” o jogador Ronaldo, ídolo mundial do futebol, por ter defendido a realização da Copa. Os dois deixam evidentes, com esse posicionamento, que estão desinformados, deixando-se influenciar pela chamada Grande Imprensa que, com uma sistemática campanha política contra o governo da presidenta Dilma Roussef, influencía até a imprensa estrangeira, que faz suas reportagens sobre o Brasil com base em matérias tendenciosas. Exemplo disso são os veículos ingleses “The Economist” e “Financial Times” , que praticamente reproduzem o noticiário dos jornalões brasileiros. Não deixa de ser surpreendente o fato dos dois brasileiros se deixarem conduzir pelo jogo político da oposição, que incentiva as manifestações contra a Copa justamente para que esse movimento – esse, sim, imbecil – possa contribuir para derrotar Dilma. Se estivesse tão preocupado com a situação no Brasil Paulo Coelho deveria permanecer aqui, como Ronaldo, e lutar contra aquilo que considera errado. E não ficar falando mal do Brasil para jornais estrangeiros.
Castigo
Pesquisa do Ibope revela que os telejornais das grandes redes de televisão, à exceção da Record, sofreram acentuada queda de audiência. Quem mais caiu foi o “Jornal Nacional”, da TV Globo, com um tombo de 12%, seguido do SBT e do jornal da Band. Isso significa que os telespectadores não estão mais acreditando nesses telejornais. O JN da Globo, que no final da década de 90 chegou a ter 50 pontos de audiência, está perdendo audiência justamente pela gradativa falta de credibilidade, motivada pelo noticiário tendencioso contra o governo. Os outros telejornais estão caindo no mesmo ritmo porque, como marias-vão-com-as-outras, acompanham o “Jornal Nacional”, que dá o tom do noticiário. Prova disso é que a Record, que cumpre uma pauta própria, não sofreu queda na audiência. O povo, pelo visto, está ficando esperto e não se deixa mais influenciar tanto pelos grandes veículos.
sábado, 17 de maio de 2014
Liberdade
A imprensa pode falar mal de todo mundo, inclusive com inverdades – o que se tornou uma prática vergonhosa em parte da mídia do país – porque isso é próprio da democracia, mas ninguém pode falar mal da imprensa, porque isso é prejudicial à democracia. Essa foi a conclusão a que se chegou no 6º Forum Liberdade de Imprensa e Democracia, realizado recentemente em Brasília, onde os principais palestrantes foram justamente os integrantes dessa imprensa que, usando como biombo o direito à liberdade de expressão, mente, distorce e omite na ânsia de atingir o seu objetivo: destronar Dilma Roussef do Palácio do Planalto e, por via de conseqüência, enfraquecer o PT.
A Presidenta e o seu partido, segundo o jornal “O Globo”, são os culpados por tudo o que de ruim acontece neste país, desde o vandalismo de manifestantes, à violência nas ruas, o lançamento de um vaso sanitário que matou um torcedor em Recife, até o linchamento de uma inocente em Guarujá. Ninguém seria capaz de imaginar, em passado recente, que um veículo de comunicação da importância e da tradição do jornalão carioca chegasse a tamanho absurdo através de editorial. A liberdade de imprensa certamente é fundamental para o fortalecimento da democracia, mas liberdade com responsabilidade. Afinal, tudo tem limites.
No evento promovido em Brasilia, a colunista Eliane Cantanhêde, da “Folha”, acusou o ex-presidente Lula de incitar “manifestações contra nós”, enquanto a colunista Denise Rothemburg, do “Correio Braziliense”, disse que “ninguém mais agüenta a acusação de que fazer uma matéria crítica é golpe”. Em primeiro lugar ninguém está incitando alguém – e nem precisa – contra a imprensa tendenciosa, porque ela própria, com seu noticiário faccioso, está se desacreditando. Em segundo lugar, é preciso não confundir crítica com mentiras e agressões, como vem ocorrendo. A crítica é de fundamental importância para o regime democrático, desde que séria e isenta.
O tratamento que esse setor da imprensa tem dado aos acontecimentos envergonha os jornalistas sérios e responsáveis. Enquanto se classifica como regalia e se noticia com estardalhaço, como se fora um fato escandaloso, a visita de Maria Saragoça ao pai, José Dirceu, na prisão, não se considera escândalo a atitude de um senador, aspirante a Vice-presidente da República, que manda um blogueiro a PQP, aos berros. Enquanto se noticia como escândalo a citação do nome do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, numa conversa entre o doleiro Youssef e o deputado André Vargas, gravada pela Policia Federal, na linguagem da TV Globo, por exemplo, o propinoduto e o cartel no metrô paulista, alvo de uma CPI requerida pelos governistas, viram “obras do Estado de São Paulo”. A nova classificação de corrupção só pode ser entendida se a Globo quis usar uma linguagem figurada, referindo-se àquela “obra” de odor muito conhecido.
O que está acontecendo é que, na defesa dos seus interesses políticos e econômicos, a chamada Grande Imprensa perdeu a ética, perdeu os escrúpulos, perdeu o profissionalismo e perdeu o compromisso com o leitor, tornando-se cínica. Para essa parte importante da mídia, os fins justificam os meios. E abusando da preguiça mental de muita gente, impõe suas idéias. Infelizmente, parte da população parece que perdeu a capacidade de raciocínio – ou simplesmente se acomodou – habituando-se a pensar pela cabeça dos Marinho, dos Mesquitas, dos Frias e dos Civitta, os quais, através da estrutura montada pelas suas agências de notícias, levam seus pensamentos aos quatro cantos do país, onde são assimilados pelos que preferem manter a massa cinzenta hibernando.
Desde o desaparecimento das tradicionais agências de notícias, entre elas a Asapress, no início da década de 80 do século passado, os jornalões aproveitaram a estrutura criada pelas sucursais e correspondentes em todo o país para montar suas próprias agências e, assim, surgiram a Agência Globo, Agência Folha e Agência Estado, cujas notícias são publicadas do Acre ao Chuí, pelos jornais locais, com o mesmo texto venenoso publicado em sua origem, contaminado por distorções, tendências e paixões. Assim, com a conivência ingênua, burra ou deliberada dos veículos de comunicação menores espalhados pelo interior do país, eles formam uma opinião nacional contra ou a favor de alguém ou alguma coisa. Graças a esse mecanismo é que a presidenta Dilma Roussef vem caindo nas pesquisas.
Até o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, que tem sido beneficiário dessa imprensa passional, já defendeu a necessidade de uma regulação, que não é censura, para conter esse comportamento extremamente danoso ao próprio regime democrático. Habituada a gritar contra qualquer tentativa de balizamento do seu noticiário passional, classificando os projetos de censores e ameaças à liberdade de expressão, a chamada Grande Imprensa não soltou um gemido diante da declaração do presidente do STF, mas certamente vai promover uma mobilização nacional e internacional caso alguém, que não seja o ministro Barbosa, ouse apresentar qualquer projeto de regulação. E até que alguém tenha coragem para tanto, vamos ter de continuar convivendo com esse tipo de jornalismo comprometido apenas com os interesses, políticos e econômicos, dos barões das comunicações.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Voto na chapa 2
Será realizada amanhã, sexta-feira, dia 16, a eleição para escolha da nova diretoria da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco da Amazônia - CASF. Duas chapas concorrem ao pleito, a número um, da situação, encabeçada por Fiock, que busca a reeleição, e a número 2, da oposição, encabeçada por Madson Souza. Votei na chapa dois, encabeçada por Madson, por vários motivos, entre eles a necessidade de mudar uma diretoria que até hoje só fez reajustar mensalidades. Além disso o Madson tem em sua chapa um nome que, acredito, dará uma grande contribuição para a melhoria da instituição: Fabiano. Por tudo isso, conclamo os aposentados e pensionistas a votarem na chapa dois.
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Lula faz críticas
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, em discurso na abertura do 2º Encontro Nacional de Diários do Interior, em Brasilia, defendeu uma nova regulação para o funcionamento dos meios de comunicação de massa, pois o Código de Telecomunicações, de 1962, está ultrapassado. Eis, na íntegra, o pronunciamento do ex-presidente:
“É sempre um prazer dialogar com os jornalistas e empresários da imprensa regional brasileira. Por isso agradeço o convite da Associação dos Diários do Interior do Brasil para participar desse Congresso.
Vocês acompanharam as transformações que ocorreram no Brasil nesses 11 anos e que beneficiaram o conjunto do país, não apenas os privilegiados de sempre ou as grandes capitais.
Sabem exatamente como essa mudança chegou às cidades médias e aos mais distantes municípios.
O Brasil antigo, até 2002, era um país governado para apenas um terço dos brasileiros, que viviam principalmente nas capitais. A grande maioria da população estava condenada a ficar com as migalhas; excluída do processo econômico e dos serviços públicos, sofrendo com o desemprego, a pobreza e a fome.
Os que governavam antes de nós diziam que era preciso esperar o país crescer, para só depois distribuir a riqueza. Mas nem o país crescia o necessário nem se distribuía a riqueza.
Nós invertemos essa lógica perversa, adotando um modelo de desenvolvimento com inclusão social. Criamos o Fome Zero e o Bolsa Família, que hoje é um exemplo de combate à pobreza em muito países.
Adotamos uma política de valorização permanente do salário e de expansão do crédito, que despertaram a força do mercado interno, e ao mesmo tempo garantimos a estabilidade, controlando a inflação e reduzindo a dívida pública.
O resultado vocês conhecem: 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza, 42 milhões alcançaram a classe média e mais de 20 milhões de empregos foram criados.
O Brasil não é mais um país acanhado e vulnerável. Não é mais o país que seguia como um cordeirinho a política externa ditada de fora. Não é só o país do futebol e do carnaval, embora tenhamos orgulho da alegria e do talento do nosso povo.
O Brasil tornou-se um competidor global – e isso incomoda muita gente, contraria interesses poderosos.
A imprensa cumpre o importante papel de traduzir essa nova realidade para a população. E isso não se faz sem uma imprensa regional fortalecida, voltada para aquela grande parcela do país que não aparece nas redes de TV.
Todo governo democrático tem a obrigação de prestar contas de seus atos à sociedade. E tem obrigação de divulgar os serviços públicos à disposição da população.
A publicidade oficial é o instrumento dessa divulgação, que se faz em parceria com os veículos de imprensa – desde a maior rede nacional até os jornais do interior profundo do país.
Uma das mudanças mais importantes que fizemos nestes 11 anos foi democratizar o critério de programação da publicidade oficial.
Quero recordar que esta medida encontrou muito mais resistências do que poderíamos imaginar, embora ela tenha sido muito importante para aumentar a eficiência da comunicação de governo.
Essa medida foi também uma questão de justiça, para reconhecer a importância do interior no desenvolvimento do Brasil.
Quando o companheiro Luiz Gushiken, que era o ministro da Secom em meu primeiro mandato, começou a democratizar a publicidade oficial, muita gente foi contra.
As agências de publicidade, os programadores de mídia e os representantes dos grandes veículos achavam que era uma mudança desnecessária.
Reclamaram quando o Luiz Dulci incluiu a imprensa regional na programação de publicidade do governo federal.
E reclamaram ainda mais quando o Franklin Martins aprofundou a política de democratização da publicidade, abrangendo as empresas estatais.
Diziam que para falar com o Brasil bastava anunciar nos jornais de circulação nacional e nas redes de rádio e TV.
Hoje é fácil ver como estavam errados, pois a imprensa regional está cada vez mais forte. São 380 diários que circulam 4 milhões de exemplares por dia, de acordo com os dados da ADI-Brasil.
Isso ocorre porque temos políticas que levam progresso e inclusão social ao interior do país.
De cada 3 empregos criados no ano passado, 2 se encontram em cidades do interior e apenas 1 nas regiões metropolitanas.
Nunca antes o governo federal investiu tanto no desenvolvimento regional, para combater desequilíbrios injustos e injustificáveis.
Nunca antes a relação entre o governo federal, os Estados e as prefeituras foi tão republicana quanto nestes 11 anos.
E são jornais do interior – e não os veículos nacionais – que traduzem essa realidade.
Quando chegamos ao governo, a publicidade oficial era veiculada em anunciava em 249 rádios e jornais. Em 2009, o governo federal já estava anunciando em 4.692 rádios e jornais de todo o país.
Meus amigos, minhas amigas
Pediram-me para contar aqui uma experiência com a imprensa regional no período em que fui presidente da República. Vou contar o que aprendi comparando a cobertura da imprensa regional com a que fazem os grandes jornais.
Quando o Luz Pra Todos chega numa localidade rural ou numa periferia pobre, está melhorando a vida daquelas pessoas e gerando empregos. Isso é uma notícia importante para os jornais da região.
Os grandes jornais nunca deram valor ao Luz Pra Todos, mas quando o programa superou todas as expectativas e alcançou 15 milhões de brasileiros, um desse jornais deu na primeira página: "1 milhão de brasileiros ainda vivem sem luz". Está publicado, não é invenção.
Onde é que estava esse grande jornal quando 16 milhões de brasileiros não tinham luz?
Quando chega o momento de plantar a próxima safra, são os jornais regionais que informam sobre as datas, os prazos, os juros e as condições de financiamento nas agências bancárias locais.
Mas na hora de informar à sociedade que em 11 anos o crédito agrícola passou de R$ 30 bilhões para R$ 157 bilhões, o que a gente lê num grande jornal é que a inflação pode aumentar porque o governo está expandindo o crédito.
Quando uma agência bancária da sua cidade recebe uma linha do BNDES pra financiar a compra de tratores e veículos pelo Mais Alimentos, vocês sabem que isso aumenta a produtividade e aquece o comércio local. É uma boa notícia.
Mas quando o programa bate o recorde de 60 mil tratores e 50 mil veículos financiados, a notícia em alguns jornais é que o governo "está pressionando a dívida interna bruta".
Quando nasce um novo bairro na cidade, construído pelo Minha Casa Minha Vida, essa é uma notícia local muito importante.
Mas um programa que contratou 3 milhões de unidades, e já entregou mais da metade, só aparece na TV e nos grandes jornais se eles encontram uma casa com goteira ou um caso qualquer de desvio.
Quando o governo federal inaugura um hospital regional, isso é manchete nos jornais de todas as cidades daquela região. O mesmo acontece quando chega o SAMU ou um posto do Brasil Sorridente.
Mas lendo os grandes jornais é difícil ficar sabendo das quase 300 UPAs, 3 mil ambulâncias do SAMU e mais de mil consultórios odontológicos que foram abertos por todo o país nestes 11 anos.
A maior cobertura de políticas públicas que os grandes jornais fizeram, nesse período, foi para apoiar o fim da CPMF, que tirou R$ 50 bilhões anuais do orçamento da Saúde.
Quando sua cidade recebe profissionais do Mais Médicos, vocês sabem o que isso representa para os que estavam desatendidos. Vão entrevistar os médicos, apresentá-los à população.
Mas quando 15 mil profissionais vão atender 50 milhões de pessoas no interior do país, a imprensa nacional só fala daquela senhora que abandonou o programa por razões políticas, ou daquele médico que foi falsamente acusado de errar numa receita.
Quando um novo câmpus universitário é aberto numa cidade, os jornais da região dão matérias sobre os novos cursos, as vagas abertas, debatem o currículo, acompanham o vestibular.
Lendo os grandes jornais é difícil ficar sabendo que nestes 11 anos foram criadas18 novas universidades e abertos 146 novos campi pelo interior do país.
É nos jornais do interior que se percebe a mudança na vida de milhões de jovens, porque eles não precisam mais sair de casa, deixar para trás a família e os valores, para cursar a universidade.
O número de universitários no Brasil dobrou para 7 milhões, graças ao Prouni, ao Reuni e ao FIES. Os grandes jornais não costumam falar disso, mas são capazes de fazer um escândalo quando uma prova do ENEM é roubada de dentro da gráfica – que por sinal era de um dos maiores jornais do país.
Quando uma escola técnica é aberta numa cidade do interior, essa é uma notícia muito importante para os jovens e para os seus pais, e vai sair com destaque em todos os jornais da região.
Quando eu informo que nesses 11 anos já abrimos 365 escolas técnicas, duas vezes e meia o que foi feito em século neste país, os grandes jornais dizem apenas que o Lula "exaltou o governo do PT e voltou a atacar a oposição".
Quando chega na sua cidade um ônibus, um barco ou um lote de bicicletas para transportar os estudantes da zona rural, essa é uma boa notícia.
O programa Caminho da Escola já entregou 17 mil ônibus, 200 mil bicicletas e 700 embarcações, para transportar 2 milhões de alunos em todo o país. Mas só aparece na TV se faltar combustível ou se o motorista do ônibus não tiver habilitação.
Eu costumo dizer que os grandes jornais me tratam muito bem. Mas eu gostaria mesmo é que mostrassem as mudanças que ocorrem todos os dias em todos os cantos do Brasil.
Meus amigos, minhas amigas,
Quanto mais distante estiver da realidade, mais vai errar um veículo de comunicação. Basta ver o que anda publicando sobre o Brasil a imprensa econômica e financeira do Reino Unido.
O país deles tem uma dívida de mais de 90% do PIB, com índice recorde de desemprego, mas eles escrevem que o Brasil, com uma dívida líquida de 33%, é uma economia frágil.
Não conheço economia frágil com reservas de US$ 377 bilhões, inflação controlada, investimento crescente e vivendo no pleno emprego.
Escrevem que os investidores não confiam no Brasil, mas omitem que somos um dos cinco maiores destinos globais de investimento externo direto, à frente de qualquer país europeu.
Dizem que perdemos o rumo e devemos seguir o exemplo de países obedientes à cartilha deles. Mas esquecem que desde 2008, enquanto o mundo destruiu 62 milhões de postos de trabalho, o Brasil criou mais de 10 milhões de novos empregos.
O que eu lamento é que alguns jornalistas brasileiros fiquem repetindo notícias erradas que vêm de fora, como bonecos de ventríloquo. Isso é ruim para a imprensa, porque o público sabe distinguir o que é realidade do que não é.
Alguns jornalistas dos grandes veículos passaram o ano de 2013 dizendo que a inflação ia estourar, mas ela caiu. Passaram o ano dizendo que a inadimplência ia explodir, mas ela também caiu.
Diziam que o desemprego ia crescer, e nós terminamos o ano com a menor taxa da história. Chegaram a dizer que o Brasil entraria em recessão, mas a economia cresceu 2,3%, numa conjuntura internacional muito difícil.
Eu gostaria que esses jornalistas viajassem pelo interior do país, conhecessem melhor a nossa realidade, estudassem um pouco mais de economia, antes de repetir previsões pessimistas que não se confirmam.
E vou continuar defendendo a liberdade de imprensa e o direito de opinião, porque sei que, mesmo quando erra, a imprensa livre é protagonista essencial de uma sociedade democrática.
Meus amigos, minhas amigas,
A democracia é o único sistema que permite transformar um país para melhor. E ela não existe sem que as pessoas participem diretamente da vida política. Por isso digo sempre aos jovens: se querem mudar a política, façam política. E façam de um jeito melhor, diferente. Negar a política é o caminho mais curto para abolir a democracia.
Aprimorar a democracia significa também garantir ao cidadão o direito à informação correta e ao conhecimento da diversidade de ideias, numa sociedade plural. Esse tema passa pela construção do marco regulatório da comunicação eletrônica, conforme previsto na Constituição de 1988.
O Código Brasileiro de Telecomunicações é de 1962, quando no país inteiro havia apenas 2 milhões de aparelhos de TV. Como diz o Franklin Martins, havia mais televizinhos do que televisores.
É de um tempo em que não havia rádio FM, não havia computadores, não havia internet. De um tempo em que era preciso marcar hora para fazer interurbano.
No Brasil de hoje é preciso garantir a complementariedade de emissoras privadas, públicas e estatais. Promover a competição e evitar a contaminação do espectro por interesses políticos. Estimular a produção independente e respeitar a diversidade regional do país.
Uma regulação democrática vai incentivar os meios de comunicação de caráter comunitário e social, fortalecer a imprensa regional, ampliar o acesso à internet de banda larga. Por isso foi tão importante aprovar o Marco Civil da Internet.
Este é o desafio que se apresenta aos meios de comunicação, seus dirigentes e seus profissionais, nesse novo Brasil: o desafio de ser relevante num país com uma população cada vez mais educada, com um nível de renda que favorece a independência de opinião e com acesso cada vez mais amplo a outras fontes de informação.
Quero cumprimentar a ADI-Brasil, mais uma vez, pela realização desse Congresso, e dar os parabéns aos seus associados, que levam notícias para a população do interior desse imenso país.”
Dirceu recorre
Os advogados de José Dirceu recorreram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, denunciando a violação da convenção por parte do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, que negou ao ex-ministro, condenado à prisão em regime semiaberto, o direito de trabalhar fora do presídio. Os advogados denunciam que Dirceu foi processado e julgado em “instância única”, pelo STF, mesmo sem direito a foro privilegiado, negando-lhe o duplo grau de jurisdição. Por causa de suas atitudes, consideradas ditatoriais, o ministro Barbosa tem sido alvo de duras criticas da OAB e de advogados de renome, como Ives Gandra, José Gerardo Grossi e Antonio Carlos Kakay, entre outros. Para Gandra o presidente do STF "pode prejudicar milhares de presos que estão no semi-aberto e encoraja o aumento da população carcerária". Por sua vez, Kakay disse que “o ministro Joaquim Barbosa, com uma canetada, revogou uma jurisprudência que estava pacificada em todos os tribunais e vinha de 15 anos, desde 1999, no que diz respeito a presos condenados ao semiaberto". E acrescentou: "Um presidente do STF pode muito, mas não pode tudo".
terça-feira, 13 de maio de 2014
Risco de retrocesso
Em artigo publicado no último domingo, sob o título de “A que ponto chegamos!”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreve na primeira pessoa e afirma, entre outras coisas, que “não agüento mais ler as notícias que entremeiam política com corrupção”. Não apenas ele: ninguém mais agüenta ler esse noticiário tendencioso que tem por objetivo enodoar o governo da presidenta Dilma Roussef e que, precisamente por isso, tem provocado hostilidades a jornalistas nas manifestações de rua, inclusive com a destruição de veículos e outros equipamentos de alguns órgãos da imprensa. Ele próprio reconhece, no entanto, que “algumas vezes, mesmo sem que haja indícios firmes, os nomes dos políticos aparecem enlameados”. E acrescenta: “Basta citar alguém para que o leitor se convença de imediato da sua culpabilidade”. Ele esqueceu de dizer que essa é justamente a intenção desse noticiário.
O ex-presidente prossegue, mais adiante, observando que “os escândalos jorram em abundância, não dá para tapar o sol com a peneira. O da Petrobras é o mais simbólico, dado o apreço que todos temos pelo que a companhia fez para o Brasil”. Os escândalos realmente jorram em abundância, mas nas páginas da chamada Grande Imprensa, o que, no entanto, não significa que sejam verdadeiros. E ele sabe disso. Quanto à Petrobrás, FHC tem tanto apreço por ela, conforme disse, que pretendeu privatizá-la durante o seu governo, inclusive tentando mudar o seu nome para Petrobrax, só não o conseguindo porque o seu mandato expirou.
Mais adiante, Fernando Henrique atribui essa situação ao “sistema político” e “suas práticas eleitorais e partidárias”. E acentua:
“Não é de hoje que as coisas funcionam dessa maneira. Mas a contaminação da vida político-administrativa foi se agravando até chegarmos ao ponto a que chegamos. Se, no passado, nosso sistema de governo foi chamado de “presidencialismo de coalizão”, agora ele é apenas um “presidencialismo de cooptação”. E acrescenta:”Eu nunca entendi a razão pela qual o governo Lula fez questão de formar uma maioria tão grande e pagou o preço do mensalão”. Ele admite, assim, que não é de hoje que as coisas funcionam dessa maneira, mas acusa Lula de pagar para ter maioria no Congresso, deixando escapar, talvez inconscientemente, o que fez para conseguir a aprovação da emenda da sua reeleição.
Ele deixa bastante claro, mais adiante, porém, os métodos que adotou ao afirmar que o “meu próprio governo precisou formar maiorias. Mas havia um objetivo político claro: precisávamos de três quintos da Câmara e do Senado para aprovar reformas constitucionais necessárias à modernização do país”. A afirmativa em parte é verdadeira. Quando presidente ele precisou da maioria para aprovar a emenda da reeleição, que lhe garantiu mais quatro anos no poder. Esqueceu de dizer, no entanto, que comprou a aprovação da emenda, conforme revela, em todos os seus detalhes, o jornalista Palmério Dória no livro “O Principe da Privataria”, que contém depoimento do ex-deputado Narciso Mendes, do Acre, sobre a compra de votos por R$ 200 mil dos deputados Ronivan Santiago e João Maia. Tal procedimento é próprio de um presidencialismo de coalizão ou de cooptação? É preciso muita cara de pau para acusar os outros de fazer o que ele fez.
No final do seu artigo FHC reconhece que “mudar o sistema atual é uma responsabilidade coletiva. Repito o que disse, em outra oportunidade, a todos os que exerceram ou exercem a Presidência: por que não assumimos nossas responsabilidades, por mais diversa que tenha sido nossa parcela individual no processo que nos levou a tal situação, para mudar o sistema?” Infelizmente, quando comandou os destinos do país, ele não se preocupou com isso, focando o seu governo em apenas dois pontos: garantir a sua reeleição e privatizar tudo o que fosse possível nos oito anos de mandato, o que levou o ex-presidente Itamar Franco, seu criador, a dizer: “Houve um momento no governo Fernando Henrique de chegarmos a imaginar o seguinte: só falta deixar o mastro e levar a bandeira”.
Retirado das sombras pelo candidato do seu partido à presidência da República, senador Aécio Neves, o ex-presidente Fernando Henrique, que sempre foi o xodó da chamada Grande Imprensa – que o apoiou integralmente durante o seu mandato – resolveu apostar na falsa idéia de que o brasileiro tem memória curta e, encorajado por isso, passou a fazer palestras e a escrever artigos para criticar os seus sucessores, como se ele tivesse feito o melhor governo da história deste pais. A sua sem-cerimônia é surpreendente, mas ele não consegue mais enganar ninguém, muito menos os que já leram o livro de Palmério que, por motivos óbvios, não está na livraria da “Folha”. O jornalista Mauro Santayana, aliás, já alertava, em 2012, nesse livro: “O que temos que ficar atentos é que FHC não é só o FHC. É todo um grupo, um conjunto de interesses contra a nação brasileira”. Por aí já se pode prever o risco que o Brasil correrá diante de uma eventual vitória tucana.
domingo, 11 de maio de 2014
Casf multada
O blog "O Mocorongo" publicou a seguinte nota:"Em pleno curso da campanha das chapas que concorrem à eleição da CASF (no próximo dia 16 de maio), onde a atual diretoria busca a reeleição, pela Chapa 1, pregando o discurso de uma suposta eficiência na gestão dos recursos financeiros da entidade, eis que a ANS acaba de publicar do Diário Oficial da União a aplicação da MULTA DE 20 MIL REAIS à CASF, pela falta de cumprimento dos aportes necessários à manutenção dos Fundos Obrigatórios (nos valores tecnicamente fixados para Agência), fundos esses que, diga-se de passagem, já integralmente constituídos em março de 2010, situação na qual se encontravam a quando da posse da atual gestão na direção da CASF, em 01/07/2010.
Segundo dizem, esta é a primeira vez que a CASF é condenada a pagar multa à ANS por deixar de cumprir as suas obrigações legalmente impostas pela agência reguladora, a menos que, anteriormente, já no mandato da atual diretoria, outras condenações do gênero tenham ocorrido. A publicação estampada no DOU, é o atestado de um blefe, montada no qual a Chapa 1 pretende se credenciar ao voto dos associados na eleição do próximo dia 16."
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Perseguição
A chamada Grande Imprensa, aquela que todo mundo já conhece, sob a liderança da “Folha de São Paulo” abriu grandes manchetes para dizer que a filha do ex-ministro José Dirceu, Joana Saragoça, furou a fila de familiares de detentos para visitar o pai, que está há seis meses preso Papuda, em Brasilia, considerando o fato uma grave regalia. Já atinge as raias do surrealismo a perseguição movida a Zé Dirceu pela Grande Midia e pelo ministro Joaquim Barbosa que, além de mantê-lo preso em regime fechado, negou a ele o direito de trabalhar fora. Para essa imprensa passional, acolitada por parlamentares da oposição, Dirceu vive num mar de rosas na prisão. O deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, que integrando a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal foi visitar o ex-ministro na prisão, para verificar as condições da sua cela, saiu de lá confirmando que Dirceu tem mesmo muitas regalias, pois vive numa cela um pouco maior que as outras e tem chuveiro com água quente. E enormes espaços são ocupados, também na televisão, para condenar essas “regalias”. Diante dessa furiosa perseguição ao ex-ministro não é difícil concluir que se dependesse dessa turma Dirceu já deveria ter sido fuzilado há muito tempo. Talvez isso fosse mais humano do que o massacre do qual está sendo vítima.
Também ele
O líder do PSDB na Câmara Federal, deputado Antonio Imbassahy, protocolou requerimento na Procuradoria da Republica do Distrito Federal pedindo que o Ministério Público investigue a suposta relação do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com o doleiro Alberto Youssef. O líder tucano considera “gravidade extrema” a indicação de um ex-assessor do Ministério da Saúde, Marcus Ferreira de Moura, para a administração do laboratório Labogen, de propriedade do doleiro. O ex-ministro, que é candidato ao governo paulista, nega a acusação. O MP deveria acolher o requerimento de Imbassahy e, inclusive, também incluí-lo nas investigações, pois ele é acusado de receber R$ 100 mil das empresas investigadas pela Policia Federal na “Operação Lava-Jato”, para a sua campanha eleitoral de 2010. Em nota o líder tucano nega qualquer envolvimento com as pessoas presas, mas não nega que tenha recebido os R$ 100 mil. Portanto, também deve ser investigado.
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Massacre
Atuando como verdadeiro partido político, mas ao largo das penalidades previstas pela legislação eleitoral, a massacrante campanha sistemática da chamada Grande Imprensa contra o governo da presidenta Dilma Roussef já está produzindo efeitos danosos à sua imagem, com inevitáveis repercussões no eleitorado, conforme atestam as pesquisas de intenção de votos. Está se confirmando, portanto, o que revelou um dos líderes da oposição, o senador Álvaro Dias que, numa inconfidência a um blog, disse que o objetivo deles (oposição e imprensa) era desconstruir a imagem do governo com noticias negativas todo dia. Destacou que os efeitos seriam sentidos com a maturação desse noticiário no seio da população. E já se percebe claramente o resultado dessa estratégia no posicionamento de pessoas do povo.
Já se ouve, em conversas de filas de bancos e nos botecos das cidades, a afirmativa de que “o PT é um partido de corruptos”. Já estão surgindo nas ruas automóveis com adesivos contendo a inscrição “Fora Dilma. E leva junto o PT”. É claro que isso não é fruto apenas da campanha da mídia mas, também, de uma ação planejada da oposição, que vem utilizando todos os meios possíveis para conseguir seus objetivos. Parece que estão aplicando com sucesso aquele velho dito popular, segundo o qual “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Bombardeado todo santo dia pela grande mídia com notícias negativas do governo, em que o PT é apresentado como o grande vilão dos negócios escusos do país, o leitor acaba assimilando as informações distorcidas e tendenciosas como se verdadeiras fossem. . Confúcio já dizia que “uma mentira dita mil vezes vira verdade”.
O Papa João Paulo II, hoje santo, disse certa feita que “quem dá importância ao fato é a imprensa”. A observação procede. Se um fato relevante for divulgado discretamente, num cantinho de página, certamente perde a sua importância, mas se um acontecimento sem nenhuma importância for divulgado em manchete, ganha uma enorme dimensão. É justamente o que vem fazendo setores da imprensa brasileira, que minimizam ou omitem fatos graves, como o caso da Siemens/Alstom em São Paulo, envolvendo três governos do PSDB, e abrem manchetes a uma simples citação do nome de Alexandre Padilha numa gravação da Policia Federal, sem nenhum indício ou acusação de algo desonesto, simplesmente porque o ex-ministro da Saúde é candidato do PT ao governo paulista. E o resultado imediato é que só a leitura da manchete já leva muita gente sugestionável a condená-lo. Essa é a estratégia que vem sendo utilizada pela Grande Imprensa, articulada com a oposição, para derrotar a presidenta Dilma nas eleições de outubro.
Na verdade, tem muita coisa estranha acontecendo. Além dos vazamentos seletivos das investigações da Policia Federal, que abastecem determinados setores da imprensa com notícias contra o governo, sem que se tenha conhecimento de alguma medida destinada a punir os responsáveis, tem muita gente se sentindo encorajada a adotar atitudes ofensivas e desrespeitosas, além de palavras, contra a Presidenta. O ex-governador pernambucano, por exemplo, chamou Dilma de “faxineira”, enquanto o deputado Paulinho, da Força Sindical, disse que ela deveria ir para a Papuda e um policial federal postou no facebook uma foto em que aparece treinando tiro ao alvo numa caricatura da Presidenta. Mais do que ousadia, é um desrespeito à chefe da Nação. Ao mesmo tempo, oposicionistas de diversos partidos se revezam em críticas diárias e contundentes ao governo que, atacado principalmente por parte da mídia, se mostra acuado, na defensiva.
Parece estranho que os aliados do governo se mantenham em silêncio contemplativo diante dos ataques, sobretudo dos candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos. A senadora Gleise Hoffman, que vinha rebatendo todas, também já silenciou. E o PT parece acovardado, inclusive diante da atitude do ministro Joaquim Barbosa em relação a José Dirceu e José Genoino. O Planalto tem instrumentos e mecanismos para mudar o jogo ou, pelo menos, equilibrá-lo, mas apenas a presidenta Dilma tem reagido a esse massacre. No seu pronunciamento em rede de rádio e TV, no Dia do Trabalhador, ela deixou claro a disposição de luta em defesa do seu governo, com o mesmo destemor com que lutou contra a ditadura, mas não pode brigar sozinha. Afinal, aliados não servem apenas para receber benesses.
Constata-se, no entanto, que o mais perigoso opositor da Presidenta é mesmo a chamada Grande Midia, que, com seu noticiário negativo diário, consegue dar a falsa impressão, inclusive para a imprensa internacional, de que o governo vai mal. Não fora essa escandalosa oposição da mídia, com o seu poder de influenciar mentes sugestionáveis, e o panorama seria diferente, porque o principal candidato oposicionista à presidência, o senador Aécio Neves, não consegue sozinho motivar o eleitorado. Ele tem dado demonstrações de que herdou a sagacidade política do avô, mas não a seriedade, pois os seus pronunciamentos não conseguem transmitir sinceridade. Apesar de bom orador, seu discurso soa como demagógico, em que as palavras objetivam apenas a conquista de votos. Falta alguma coisa que convença o eleitor das suas intenções. Afinal, ele apenas critica, sem nenhuma proposta.
De qualquer modo, já está passando da hora de uma reação mais efetiva a esse massacre, do contrário a reeleição da presidenta Dilma vai ficando cada dia mais difícil, como é fácil perceber pela gradativa queda nas pesquisas. Se a estratégia oposicionista está dando certo, nada mais lógico do que adotá-la também. Como ensina o velho dito popular: “Em terra de sapos, de cócoras com eles”.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Interferência
A imprensa estrangeira, em especial a britânica e a americana, tem se ocupado do Brasil com muita assiduidade e sempre apresentando uma imagem negativa do país. Entre os veículos estrangeiros que mais criticam o governo brasileiro estão o “Financial Times” e o “The Economist”, publicando inclusive previsões pessimistas sobre o nosso país. Um deles chegou até a sugerir a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, numa desavergonhada interferência nos assuntos internos brasileiros. Existem pelo menos duas explicações para esse comportamento: ou o Brasil de alguma forma os está incomodando ou, então, estão articulados com a chamada Grande Imprensa nacional na campanha para a eleição do candidato tucano Aécio Neves, talvez pela esperança de que o seu eventual governo possa dar continuidade ao governo de FHC, quando o capital estrangeiro é que mandava no Brasil. E se privatize a Petrobrás, cobiçada pelos grandes grupos econômicos internacionais.
domingo, 4 de maio de 2014
Na defensiva
O pronunciamento da presidenta Dilma Roussef , através de uma cadeia de rádio e televisão, no Dia do Trabalhador parece que mexeu na ferida da oposição, que ficou assanhada. Além dos líderes do DEM e do PSDB na Câmara Federal, deputados Mendonça Filho e Antonio Imbassahy, também o candidato tucano à presidência, Aécio Neves, se manifestou condenando a fala de Dilma, que foi dura no seu recado aos oposicionistas, mostrando sua disposição de luta em defesa do seu governo. Os oposicionistas, que vinham se mantendo na ofensiva, decidiram recorrer esta semana ao Tribunal Superior Eleitoral, com pedido de direito de resposta. Eles acham que a Presidenta antecipou o debate político. Parece coisa de doido, pois o que ela fez mesmo foi defender-se, fazendo um balanço do seu governo e anunciando novas medidas. E, pelo visto, eles ficaram temerosos de que o pronunciamento possa reerguê-la nas pesquisas.
Revoltados
O ministro Joaquim Barbosa parece que tem mesmo vocação para ditador. Segundo os membros do Conselho Nacional de Justiça, do qual é presidente, ele não dá a mínima para os pedidos de informações sobre as condições do prédio para onde pretende mudá-los e, também, sobre os custos das obras que estão sendo realizadas lá. Segundo a “Folha” deste domingo um dos conselheiros chega a acusá-lo de “ato de improbidade administrativa nos termos da Lei de Acesso à Informação”. Os conselheiros estão tiririca com o ministro Barbosa que, pelo visto, também não deixará saudades em sua passagem pelo CNJ.
sábado, 3 de maio de 2014
Questão de Justiça
Dizia-se, em tempos passados, que “decisão judicial não se discute: cumpre-se”. Isso, porém, foi no passado. Hoje muitas decisões, sobretudo da mais alta Corte de Justiça do país, têm sido questionadas, inclusive por juristas de renome. O que mudou? A Justiça ou os homens? A Justiça, como instituição, não sofreu qualquer alteração, mas houve uma grande mudança nos homens, entre os que integram o Supremo e entre o povo, que alterou sua ótica após o julgamento da Ação Penal 470, o chamado mensalão. Transformado em espetáculo televisivo, no qual o ministro Joaquim Barbosa virou estrela, o julgamento permitiu à população avaliar, ao vivo e em cores, o comportamento dos seus membros e os argumentos da acusação e defesa. .
Até então o Supremo Tribunal Federal era um poder cercado por uma aura de mistério, que pairava acima de tudo e de todos, quase inacessível ao mortal comum, cujos membros eram vistos com enorme respeito, pela sua sabedoria jurídica e pelo seu senso de Justiça. Ninguém ousava questionar ou mesmo fazer a mais leve crítica às suas decisões, sempre recebidas com o mais profundo respeito. O julgamento do mensalão, no entanto, mudou tudo, entre outros motivos pela transparência proporcionada por sua transmissão pela TV, que ofereceu aos brasileiros de todos os recantos a oportunidade de ver e constatar que os ministros são humanos como qualquer outro, imperfeitos e falíveis, sujeitos a erros como todos os homens e com os mesmos vícios e paixões. A toga, afinal, só muda o exterior dos homens – interiormente suas simpatias e antipatias, seus amores e rancores, seus sentimentos, bons ou maus, permanecem inalterados.
Graças à exagerada cobertura da mídia, todos os que fizeram da TV Justiça o seu canal favorito – e não apenas os juristas que acompanharam o julgamento à distância – puderam observar as divergências e falhas, as discussões acaloradas com acusações desrespeitosas e, sobretudo, a inexistência de provas que levou o relator, ministro Joaquim Barbosa, a sentenciar os réus com base na “teoria do domínio do fato” e a ministra Rosa Weber a condenar o ex-ministro José Dirceu estribada na “literatura jurídica”. Diversos juristas renomados, entre eles Bandeira de Melo e Dalmo Dallari, além de inúmeros jornalistas e intelectuais, criticaram asperamente o julgamento. E nenhum dos ministros respondeu a essas críticas. Foi só o ex-presidente Lula abrir a boca para, pela primeira vez, criticar o rumoroso julgamento e o mundo veio abaixo.
Falando à imprensa em Portugal, o ex-presidente disse que o julgamento da Ação Penal 470 foi “80% política e 20% jurídica”, no que muita gente concorda, inclusive juristas. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, em resposta, divulgou nota dizendo que "a desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio”. E acrescentou: “Os cidadãos brasileiros clamam por justiça. O juízo de valor emitido pelo ex-Chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome". Os brasileiros realmente clamam por justiça, mas não essa justiça de dois pesos e duas medidas que salta aos olhos de qualquer leigo.
Não apenas Lula, mas a grande maioria do povo brasileiro não consegue compreender, como bem acentuou o ministro Barbosa, esse papel que vem sendo desempenhado pelo judiciário sob o seu comando. O ministro Marco Aurélio Mello, deixando escapar velado sentimento anti-petista, lembrou que os presidentes petistas Lula e Dilma nomearam a maioria dos atuais ministros do Supremo e que, portanto, se o julgamento fosse político o resultado seria favorável ao PT. Uma decisão política, vale a pena esclarecer ao ministro,não está necessariamente relacionada com a maioria, mas com a intenção de quem a tomou. Ele, porém, foi mais além: “Não se agradece com a toga, com a capa de juiz”. Sem dúvida. O presidente da República, ao nomear um ministro do Supremo o faz em cumprimento a um dispositivo constitucional, sem vislumbrar gratidão – até porque esse é um sentimento muito raro nos dias atuais – mas, certamente, esperando que ele seja justo em suas decisões. E justiça é precisamente o que ninguém – nem os técnicos em direito – viram no julgamento da AP 470.
O ministro Marco Aurélio Mello e também o ministro aposentado Ayres Brito contestam a acusação de julgamento político, afirmando que o procedimento foi “estritamente técnico”, o que, no entanto, não é garantia de que a sentença seja justa. Exemplo disso é que embora a maioria dos réus do mensalão petista não tivesse direito a foro privilegiado, foram todos julgados pelo Supremo. Por que o mesmo “procedimento técnico” não foi adotado para o mensalão tucano, cujo principal acusado, o ex-deputado Eduardo Azeredo, renunciou ao mandato justamente para escapar do julgamento do STF? E ainda assim foi mandado para a instância inferior em Minas, o que tem permitido a prescrição dos crimes dos acusados. Por acaso isso não configura dois pesos e duas medidas? Por acaso isso não é um fato grave que merece o mais veemente repúdio? Por acaso não é um fato grave manter em regime fechado um condenado ao semiaberto, negando-lhe todos os direitos que a lei lhe faculta?
Felizmente nada é eterno, a não ser o espírito. Mesmo que demore a ser reparada, uma injustiça não se perpetua porque, em última instância, a natureza faz valer as suas leis. Vale recordar, a propósito, o que aconteceu com Sócrates, que foi condenado no ano de 399 a.C., pelo tribunal de heliastas, a beber cicuta, acusado de corromper a juventude e de ameaçar as tradições, não reconhecendo os deuses gregos e pregando a existência de um único Deus. Sua mulher, Xantipa, chegou esbaforida à prisão, onde ele aguardava a sentença, e gritou:
- Sócrates! Sócrates! Os juízes te condenaram à morte!
E o grande filósofo, sem perder a serenidade, respondeu:
- E daí? Eles também estão condenados pela natureza...
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Vale tudo
Os jornalões paulistas, que desenvolvem uma campanha sistemática contra a presidenta Dilma Roussef, aproveitaram apenas a citação do nome do ex-ministro Alexandre Padilha, numa conversa telefônica do doleiro Alberto Youssef com o deputado André Vargas, gravada pela Policia Federal, para detonar a sua candidatura ao governo de São Paulo. A simples citação do nome do ex-ministro da Saúde foi o suficiente para levantar suspeitas sobre a sua honestidade e ganhar as manchetes. Enquanto isso, os mesmos jornalões silenciam sobre as denuncias de propinas e cartel no metrô de São Paulo, sobre o mensalão tucano e sobre o indiciamento do candidato tucano ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, acusado do recebimento irregular de R$ 300 mil. A campanha eleitoral ainda nem começou e já está valendo tudo na briga pelo poder. A oposição leva a vantagem de ter do seu lado a chamada Grande Imprensa, que se tornou um verdadeiro partido político, usando de todo tipo de artifício para derrotar a presidenta Dilma e eleger o tucano Aécio Neves.
Sem idéias
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece que resolveu comprar uma briga com o ex-governador Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República. FHC não gostou de ouvi-lo dizer que é o “novo” na política. E depois de afirmar que “não acho simpática essa idéia de eu sou o novo”, acrescentou: “A gente tem é que ter boas idéias”. Ou seja, o ex-presidente acha que Campos não tem boas idéias. Resta saber o que o ex-governador pernambucano e a sua vice Marina Silva pensam disso.
Presteza
O ex-deputado José Genoino deveria comemorar neste sábado, com a família, em Brasilia, o transcurso do seu aniversário natalício. Por determinação do ministro Joaquim Barbosa, porém, deverá passar a data no presídio da Papuda. Genoino foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão, em regime semiaberto, no julgamento do chamado mensalão, mas cumpria a pena em regime domiciliar devido a um grave problema cardíaco, que o levou a passar mal duas vezes na penitenciária. O presidente do STF, porém, 48 horas depois de receber um laudo do Hospital Universitário de Brasilia, atestando que o estado de saúde do ex-parlamentar não é grave e, portanto, ele pode cumprir pena no presídio, determinou o seu imediato retorno à prisão na Papuda. Ele não teve a mesma presteza quando recebeu o laudo sobre a saúde do ex-deputado Roberto Jefferson, atestando que ele estava curado do câncer, e demorou mais de um mês para mandá-lo para a prisão no Rio. A filha de Genoino, Miruna, indignada, distribuiu nota dizendo: “Graças a médicos muito bem escolhidos por sua ideologia, e a uma mídia que chega ao ponto de se regozijar com uma pessoa doente ter de ir a um presídio, meu pai passará o seu aniversário na Papuda. E estará com a vida em risco, graças à criminalização da política criada para calar aqueles que somente lutaram por projetos e ideias, nunca por dinheiro”.E acrescentou: “ Já não tenho coração. Já não tenho lágrimas. Já não tenho grito. Já não tenho alma. Eu só posso pedir a vocês que rezem, acho que nem pelo meu pai não, porque ele está forte e sua luz é eterna, mas rezem por essa pessoa que decide a desgraça alheia”. Cabe uma pergunta: se o estado de Genoino se agravar na prisão e ele morrer? Creio que não será muito difícil identificar os responsáveis...
Regalia??
Deputados que integram a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal visitaram o ex-ministro José Dirceu, preso no complexo penitenciário da Papuda, para verificar a sua situação, considerando as denúncias de que goza de regalias. A visita foi realizada a pedido dos próprios filhos de Dirceu, para que os parlamentares constatassem que as denúncias eram mentirosas. Um dos integrantes da comissão, no entanto, o deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, concluiu que Dirceu efetivamente goza de regalias porque sua cela tem 23 metros quadrados e seu chuveiro tem água quente. Ele disse que abriu o chuveiro para sentir a temperatura da água e pediu as medidas da cela. Jordy, pelo visto, queria que num clima frio como o de Brasilia a água fosse fria. Ou seja, ele não quer uma prisão, mas um campo de concentração, revelando-se mais para nazista do que socialista. Com tanto rigor em sua fiscalização Jordy deveria também recolher o cocô de Dirceu para ver se ele estava comendo caviar. O parlamentar do PPS está na comissão errada: com esse comportamento ele deveria integrar uma comissão de execução, não de direitos humanos.
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