Duas balanças

A junta médica do Instituto Nacional do Câncer que avaliou a situação do estado de saúde do delator do mensalão, ex-deputado Roberto Jefferson, a pedido do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, concluiu que ele já está curado do câncer no pâncreas. Jefferson, no entanto, que é um dos condenados do chamado mensalão, reivindica prisão domiciliar, alegando saúde precária. Até agora o ministro Barbosa não decidiu para onde vai mandá-lo, mas o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, já se preocupou em mandar fazer uma inspeção no presídio para onde Jefferson poderá ir, para saber se tem condições adequadas para recebê-lo. Essas duas providências - a avaliação médica e a inspeção no presídio - sem dúvida são salutares, mas estranha-se que elas não tenham sido tomadas no caso da prisão de José Genoíno, recém-submetido a uma cirurgia cardíaca e que foi preso em regime fechado até ter agravado o seu estado de saúde. Como disse um jornalista: "Dois presos e duas medidas..." A Justiça, que usa uma venda nos olhos para agir com isenção, deve estar envergonhada.