Passionalidade

Há muito deixei de ler a revista "Veja" por causa da sua passionalidade e do seu texto escandalosamente tendencioso. Ela não informa: faz campanha, de preferência contra Lula. A "Veja" deste final de semana circulou com uma suposta entrevista com o publicitário Marco Valério, um dos réus do chamado mensalão, que insinua estar o ex-presidente Lula envolvido com o esquema. O próprio título da matéria revela certa cautela por não existir no texto nenhuma acusação a Lula. O título é: "Os segredos de Valério". Caso contrário, no mínimo seria, em letras garrafais: "Valério acusa: Lula é o chefe do mensalão". A "Folha de São Paulo", porém, não teve a mesma cautela e divulgou a notícia, com base na matéria da revista, com o título: "Valério aponta Lula como chefe do mensalão". A cautela da "Folha" está em não dizer que "Valério acusa" mas "aponta" e em não dar a notícia como manchete de primeira página. Se houvesse acusação a notícia certamente seria manchete de primeira página, não apenas na "Folha" mas nos jornais de todo o país. De qualquer modo, a maneira maquiavélica como a notícia foi dada acaba influenciando leitores incautos, que não gostam de pensar, embora o próprio advogado de Valério tenha afirmado que ele não deu entrevista a nenhum veiculo de comunicação. Uma prova de que a reportagem carece de substância é que, afora a "Folha", os demais jornais não deram nenhum crédito à matéria da "Veja".