sábado, 1 de novembro de 2014

Novos desafios

É surpreendente o cinismo de pessoas que falam em democracia e, ao mesmo tempo, se recusam a aceitar o veredito das urnas que reelegeu a presidenta Dilma Roussef. Alguns, inconformados com o resultado do pleito de domingo e babando de ódio, rejeitam qualquer proposta de diálogo e chegam a acenar com um impeachment, enquanto outros se revelam saudosos da ditadura, todos desejando ardentemente um golpe para mudar a decisão do povo que, por sua maioria, concedeu um segundo mandato a Dilma. Com o apoio da mídia, há ainda os que insistem em afirmar – certamente com o objetivo de criar um clima de hostilidade e de instabilidade – que o país ficou dividido porque uma parte dos eleitores votou na candidata petista e a outra parte no candidato tucano. É claro que essa história tola só convence quem tem um tijolo no lugar do cérebro, porque em toda eleição, em qualquer país do mundo onde haja democracia, os eleitores se dividem nos candidatos que a disputam. E o país obviamente não fica dividido. Não há registro, na história da Humanidade, de nenhum candidato que tenha recebido em seu país todos os votos do eleitorado. Ainda sem conseguir assimilar a derrota, os tucanos buscam justificativas para o resultado desfavorável das urnas, ora tentando negar a legitimidade da reeleição da Presidenta por conta da relativa pequena diferença de votos, ou acusando o que classificam de “pobres, ignorantes e burros” nordestinos como responsáveis pela sua vitória. Ocorre que Dilma foi votada não apenas no Nordeste, mas em todo o país, o que significa que, na visão dos tucanos, também são desprovidos de rendas, de conhecimentos e de inteligência os gaúchos, catarinenses, paranaenses, cariocas e mineiros que votaram nela. Pura tolice disseminada nas redes sociais, na verdade um insulto descabido aos eleitores, já que intelectuais, economistas e outras categorias profissionais lançaram manifestos em favor da Presidenta. Percebe-se, por outro lado, sem muita dificuldade, que o mecanismo que funcionou durante todo o período que antecedeu a eleição, para moer a Presidenta e derrotar o PT, voltou a movimentar-se logo após o resultado do pleito, agora buscando potencializar o ressentimento dos derrotados, inclusive dentro da própria base aliada do governo, de modo a criar o maior volume possível de obstáculos à governabilidade. A oposição, com sede de vingança por causa do resultado das urnas, fortaleceu-se com a adesão dos ressentidos do PMDB e impôs a primeira derrota ao Planalto após a eleição: derrubou na Câmara dos Deputados o decreto presidencial que ampliava a participação popular nos conselhos de gestão, confirmando o que a “Folha” havia antecipado em editorial. Entre os peemedebistas ressentidos está o deputado Henrique Eduardo Alves, que perdeu a eleição para o governo do Rio Grande do Norte e responsabiliza a Presidenta por sua derrota. Como presidente da Câmara – e movido pelo sentimento de vingança – ele pode criar enormes dificuldades para Dilma na condução dos projetos de interesse do governo. A derrubada do decreto sobre os conselhos está sendo interpretada como um aviso sobre o seu poder – e disposição – de infernizar a vida da Presidenta neste final de legislatura. E se o vice-presidente da República Michel Temer, presidente do PMDB, não impor sua autoridade dentro do partido a situação poderá ficar pior no próximo ano, pois o líder da sua bancada na Câmara, Eduardo Cunha, declarado oposicionista, já articula a sua eleição para a presidência da Casa. A presidenta Dilma, portanto, precisa articular-se urgentemente não apenas para neutralizar a ação da oposição e dos aliados rebeldes neste final de mandato da Câmara velha, já que muitos não conseguiram renová-los, mas sobretudo iniciar imediato processo de aproximação com os novos parlamentares, de modo a assegurar uma base mais confiável neste seu segundo mandato. Essa montagem de uma nova base no Legislativo se faz necessária e urgente para garantir a aprovação das reformas que ela prometeu realizar, especialmente a reforma política, considerando os sinais de dificuldades que já começaram a ser emitidos pelo Congresso, onde a proposta de plebiscito sempre foi rejeitada. E ela precisa do apoio popular para cumprir suas promessas de campanha. Dilma precisa de apoio também para a aprovação do marco regulatório da mídia, que deverá ter forte oposição não apenas da grande imprensa, que não pretende perder o seu poder de demolir governos e reputações e muito menos perder a sua impunidade, mas, também, de parlamentares que fazem parte do movimento antipetista e tem espaço assegurado nas páginas dos jornalões e na tela da TV. Entre estes está o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (ou será embaçai?), que já disse que “é preciso garantir a liberdade de imprensa” , repetindo o bordão dos que têm na grande mídia importante aliado para seus projetos políticos. Os que defendem a regulação, no entanto, como o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, querem o fim no monopólio das comunicações por grupos familiares. Para ele, a democratização dos meios de comunicação deve ser um dos temas mais urgentes para os próximos quatro anos do governo Dilma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bando de moleques ignorantes querendo aparecer. No Facebook é o que mais existe.
Dá nojo abrir minha págia, já que inadvertidamente aceitei a "amizade" de vários daqui da minha cidade. Não adianta tentar mostrar qualquer coisa em que eles estejam errados, pois são fanáticos inveterados. Estou cancelando meu perfil no Facebook pelo baixíssimo nível cultural predominante nesse meio social.