quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ducha fria

A manifestação dos comandantes militares, afirmando que o Brasil é uma democracia e, portanto, sem possibilidade de golpe, caiu como uma ducha de água fria no entusiasmo de colunistas como Arnaldo Jabor, Merval Melo e Rodrigo Constantino, além de alguns políticos da oposição, que vinham pregando a derrubada da presidenta Dilma Roussef. “Os militares estão totalmente inseridos na democracia e não vão voltar. Isso eu garanto”, disse o almirante Julio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha, à jornalista Mônica Bérgamo, da “Folha de São Paulo”. Sua posição foi endossada pelo comandante do Exército, general Enzo Peri, e pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Junito Saito. Com essa manifestação os golpistas ficaram frustrados e os ânimos, ampliados antes pela grande mídia – o “Estadão” chegou, em editorial, a pedir o impeachment da Presidenta – arrefeceram, inclusive no Congresso Nacional, onde alguns oposicionistas, liderados pelo candidato derrotado Aécio Neves, já consideravam como favas contadas a saída de Dilma do Palácio do Planalto. De repente, como num passe de mágica, vozes antes inflamadas silenciaram. Também contribuiu para essa calmaria os novos depoimentos da deleção premiada do Lava-Jato, que começaram a incluir entre os beneficiários das propinas políticos com mandato também do PSDB. E alguns parlamentares que apontavam o dedo sujo para os outros os recolheram de imediato. Os vazamentos do inquérito, dito sigiloso, viraram mesmo rotina e os veículos de comunicação divulgam documentos, gravações e imagens, como se esse procedimento fosse normal, selecionando os trechos que atendem a seus interesses políticos e econômicos. E ninguém faz nada, encarando esses vazamentos como naturais. Até quando?

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