quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Pressão
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, fez um desabafo à jornalista Mônicas Bergamo, da "Folha de São Paulo", sobre a furiosa pressão da mídia para que votasse contra os embargos infringentes. "Nunca a mídia foi tão ostensiva para subjugar um juiz", ele disse, acrescentando que "essa pressão, além de inadequada e insólita, resultou absolutamente inútil".
Em seu desabafo, do decano do STF disse:
"Eu imaginava que isso [pressão da mídia para que votasse contra o pedido dos réus] pudesse ocorrer e não me senti pressionado. Mas foi insólito esse comportamento. Nada impede que você critique ou expresse o seu pensamento. O que não tem sentido é pressionar o juiz."
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"Foi algo incomum. Eu honestamente, em 45 anos de atuação na área jurídica, como membro do Ministério Público e juiz do STF, nunca presenciei um comportamento tão ostensivo dos meios de comunicação sociais buscando, na verdade, pressionar e virtualmente subjugar a consciência de um juiz."
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"Essa tentativa de subjugação midiática da consciência crítica do juiz mostra-se extremamente grave e por isso mesmo insólita".
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"E traz riscos. É muito perigoso qualquer ensaio que busque subjugar o magistrado, sob pena de frustração das liberdades fundamentais reconhecidas pela Constituição. É inaceitável, parta de onde partir. Sem magistrados independentes jamais haverá cidadãos livres."
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"A liberdade de crítica da imprensa é sempre legítima. Mas às vezes é veiculada com base em fundamentos irracionais e inconsistentes." Por isso, o juiz não pode se sujeitar a elas. "Abordagens passionais de temas sensíveis descaracterizam a racionalidade inerente ao discurso jurídico. É fundamental que o juiz julgue de modo isento e independente. O que é o direito senão a razão desprovida da paixão?"
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Mais adiante o ministro disse que não estava questionando "o direito à livre manifestação de pensamento". "Os meios de comunicação cumprem o seu dever de buscar, veicular informação e opinar sobre os fatos. Exercem legitimamente função que o STF lhes reconhece. E o tribunal tem estado atento a isso. A plena liberdade de expressão é inquestionável." Ele lembra que já julgou, "sem hesitação nem tergiversação", centenas de casos que envolviam o direito de jornalistas manifestarem suas críticas. "Minhas decisões falam por si."
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Celso de Mello lembra que a influência da mídia em julgamentos de processos penais, "com possível ofensa ao direito do réu a um julgamento justo", não é um tema inédito. "É uma discussão que tem merecido atenção e reflexão no âmbito acadêmico e no plano do direito brasileiro." Citando quase uma dezena de autores, ele afirma que é preciso conciliar "essas grandes liberdades fundamentais", ou seja, o direito à informação e o direito a um julgamento isento.
Tomara que outros ministros se espelhem no decano e não se deixem influenciar ou pressionar pela chamada Grande Imprensa, que deixou de ser informativa para se tornar um partido político.
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Um comentário:
Corretísimo!
Mas se eu porto o texto no Facebook, levo porrada virtual. Mesmo se considerando que os "eleitores" do Facebook não ganham eleição nem para Supervisor do Setor de Verduras de um Supermercado, vale notar o baixíssimo nível de educação e cultura que atingiu o tão procurado refúgio de idiotas, que passam o dia a postar falsas situações sobre a "boa vida" e a "felicidade" que ostentam à toda hora. Deus nos defenda!
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