terça-feira, 31 de maio de 2011

Morte no campo - Um

A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nota nesta terça-feira criticando severamente o governo pela falta de ações mais enérgicas para conter a violência no campo. "O Estado não pode lavar as mãos diante de mortes anunciadas", começa a nota, ao mesmo tempo em que estranha as declarações do Secretário de Segurança do Pará, do Ibama e do Incra de que desconheciam as ameaças ao casal de extrativistas assassinados no dia 24 de maio último.A CPT afirma que desde 2001 registrou a ameaça ao casal e disso deu divulgação. E no dia 29 de abril de 2010 entregou ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, um relatório com dados compilados desde 1985 contendo a relação de assassinatos e julgamentos. A nota revela que até 2010 foram assassinadas 1.580 pessoas em 1.186 ocorrências. Destes, apenas 91  foram a julgamento e condenados somente 21 mandantes e 73 executores. E dos mandantes condenados apenas Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da irmã Dorothy Stang, continua preso. Classificando os assassinatos no campo de "crônicas de mortes anunciadas", a CPT informa que de 2000 a 2011 registrou ameaças de morte contra 1.855 pessoas e destas 42 foram assassinadas.
Mais adiante, diz a nota da CPT: "O poder do latifundio, travestido hoje de agronegócio, impõe suas regras afrontando o direito dos posseiros, pequenos atricultores, comunidades quilombolas e indígenas e avança sobre reservas ambientais e extrativistas. O apoio, incentivo e financiamento do Estado ao agronegócio o fortalece para seguir adiante, acobertado  pelo discurso do desenvolvimento econômico  que nada mais é do que a negação  dos direitos fundamentais da pessoa, do meio ambiente e da naureza. Isso ficou explícito com a votação do novo Código Florestal, que melhor poderia ser denominado de Código do Desmatamento". Depois de considerar repugnante a atitude dos deputados ruralistas, a nota também critica a morosidade do Poder Judiciáfrio, quando as vítimas são trabalhadores do campo, e conclui afirmando que "a violência no campo é alimentada, sobretudo, pela impunidade".  O trabalhador brasileiro de qualquer atividade, especialmente o amazônida, certamente também assina embaixo dessa nota que, sem dúvida, retrata uma realidade antiga que os sucessivos governos fingem que nâo vêem.

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