quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Democracia

Será nesta sexta-feira a eleição da nova mesa do Senado, com o senador alagoano Renan Calheiros, do PMDB, despontando como o mais forte candidato à sucessão do senador José Sarney. A julgar pelo noticiário, porém, deverão surgir outros candidatos em oposição a Calheiros, entre eles os senadores Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá; e Pedro Taques, do PDT de Mato Grosso. A votação será secreta, o que, na opinião do senador amapaense, é ótimo,porque o "voto secreto é suscetível à pressão da opinião pública". Agora, eu pergunto: Que pressão? Que opinião pública? Sim, porque o que se vê é opinião e pressão dos jornalões, não da opinião pública. Independente desse aspecto, será ótimo que surjam outros candidatos, pois a disputa se revelará mais democrática. E cada um deles terá liberdade para expor, da tribuna daquela Casa, suas idéias e seus planos administrativos. É assim que se pratica a democracía.

Oposiçãop extra-partidária

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, acusou setores da mídia e do Ministério Público de fazerem oposição extra-partidária ao governo. Depois de dizer que setores da imprensa e do MP tentam "interditar" a política, Falcão afirmou: "Quando desqualificamos a política abrimos espaço para as aventuras golpistas". É verdade. Ele lembrou declarações de Judith Brito, superintendente da "Folha de São Paulo" e vice-presidente da Associação Nacional dos Jornais, que disse que "como a oposição não cumpre o seu papel nós temos que o fazer". Ora, dona Judith, fazer oposição não é o papel da imprensa, cuja missão é informar com isenção, o que não a impede de ter opinião. Sua posição política, no entanto, deve ser exposta nos editoriais e comentários, não no noticiário. Ela disse ainda que "o jornalismo sério num país democrático precisa ser livre e pluralista". Neste ponto estamos de pleno acordo, pois também sou visceralmente contra qualquer tipo de censura, mas lamentavelmente o jornalismo que está sendo praticado por setores da mídia que ela representa não tem nada de sério. Por isso o presidente do PT defende a regulamentação da mídia para evitar os excessos, exortando o seu partido a empenhar-se nessa tarefa.

Abrindo o bocão

Durante encontro realizado nesta quinta-feira no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, o ex-ministro José Dirceu manifestou a disposição de percorrer o Brasil realizando encontros para provar que o Supremo Tribunal Federal cometeu um grande êrro ao condená-lo no processo do chamado mensalão. "Esses encontros não serão uma afronta ao Supremo, mas um serviço pela democracía", disse, acrescentando:"Não vou baixar a cabeça, não vou me intimidar". Dirceu lembrou que começou a ser julgado há 8 anos, quando Roberto Jefferson denunciou sem provas o mensalão. "Sem prova alguma começamos a ser julgados naquele instante", disse. Lembrou que a Câmara também errou ao cassar o seu mandato mesmo estando licenciado. O ex-ministro acusou o STF de fazer um julgamento político e não ter apresentado uma única prova contra ele. E classificou o julgamento de um "crime". Esse, aliás, parece ser o pensamento de muitos juristas de renome do nosso país, além de expressiva parcela da sociedade que não se deixa influenciar pelo noticiário tendencioso.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Gás letal

A combustão do material usado no forro da boate Kiss, de Santa Maria, cujo incêndio matou mais de 230 pessoas, produziu o cianeto, o mesmo gás letal utilizado pelos nazistas para matar os judeus na segunda Guerra Mundial. O gás, que não tem cheiro nem cor, causa a morte de quem o inala em menos de cinco minutos. Coincidentemente, o repórter de televisão que primeiro chegou ao local após o incêndio e viu os banheiros onde muitos corpos estavam empilhados, comparou a cena às câmaras de gás do holocausto. Segundo os legistas, a grande maioria das vítimas pereceu asfixiada pela fumaça, ou seja, envenenada pelo gás. Mais de 50 feridos, em estado grave, ainda respiram com a ajuda de aparelhos. Os médicos tentam desesperadamente salvá-los combatendo a ação do gás nos seus pulmões.

Palhaçada

Cerca de vinte pessoas fizeram nesta quarta-feira, em frente do Congresso Nacional, um protesto contra a provável eleição do senador Renan Calheiros para a presidência do Senado. Usando baldes e vassouras novinhas em folha tentaram sem sucesso lavar a rampa do Senado, sendo impedidos pela direção da Casa. A manifestação foi organizada por Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, que não concorda com a eleição de Renan e deve ter financiado a mobilização dessas pessoas. Esse pessoal certamente não trabalha e não tem coisa melhor para fazer, pois sair de suas casas para "lavar" a rampa do Congresso mais parece uma palhaçada, com a conveniente cobertura da mídia comprometida. Felizmente pouca gente se presta para isso, influenciada pelo noticiário da chamada Grande Imprensa, porque muitos sabem que esse tipo de manifestação não mudará o voto dos senadores. O povo, afinal, tem uma poderosa arma na mão - o voto. Basta usá-lo para impedir que figuras carimbadas conquistem um mandato, sem se deixar manipular por outros interesses.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Estranho

Na próxima sexta-feira, primeiro de fevereiro, será realizada a eleição da nova mesa diretora do Senado. Integrante da bancada do PMDB, a maior da Câmara Alta, o senador Renan Calheiros, de Alagoas, desponta como o mais forte candidato à sucessão do senador José Sarney e, se eleito, será outro nordestino na presidência da Casa. Talvez por isso, entre outras coisas, virou alvo de uma campanha destinada a impedir a sua eleição: a denúncia contra ele encaminhada agora pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal, foi o chute inicial da operação. Foram buscar acusações feitas contra o senador alagoano em 2007, quando a chamada Grande Imprensa fez um escândalo porque um lobista estaria pagando as despesas pessoais da jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha dele fora do casamento. Sinceramente, ainda não consegui entender onde o crime terrível que o obrigou a renunciar à presidência do Senado, que ocupava na época, já que não havia dinheiro público envolvido. Na pior das hipóteses era uma questão apenas moral. O caso, no entanto, que ganhou manchetes em 2007, volta às páginas dos jornalões coincidentemente às vésperas das eleições da Mesa do Senado. Sem dúvida muito estranho. O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, manifestou publicamente a sua estranheza face o momento do encaminhamento da denúncia, mas o procurador Gurgel garante que não foi intencional como, aliás, também não foi intencional o julgamento do mensalão no período das eleições municipais do ano passado. A campanha, no entanto, parece que será inócua, pois ele conta com a maioria do eleitorado do Senado.

Preocupação

Como já está praticamente definida a candidatura do senador Aécio Neves à presidência da República, nas eleições do próximo ano, apesar de José Serra continuar sonhando com a sucessão presidencial, as preocupações dos tucanos estão se voltando agora para a reeleição do governador Geraldo Alkmin, em São Paulo. Diante da derrota do candidato tucano José Serra para o então considerado "poste" Fernando Haddad, no pleito passado para a prefeitura da capital paulista, os caciques do PSDB temem que o ex-presidente Lula repita, nas eleições para o governo de São Paulo, a performance do seu candidato no pleito municipal. Lula, no momento em viagem a Cuba, transformou-se no terror dos tucanos, que procuram a qualquer preço, com a valiosa ajuda da chamada Grande Imprensa, lançá-lo para escanteio. E certamente farão tudo o que estiver ao seu alcance para tirar o ex-presidente da frente dos holofotes no palco político que se está montando para as eleições de 2014. Acreditam que sem Lula o PT não terá músculos para a queda de braço com os tucanos na disputa pelo governo paulista, o que, obviamente, terá reflexos na sucessão presidencial. O temor, portanto, procede.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tragédia

O incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que matou mais de 230 pessoas na madrugada de domingo, a maioria jovens estudantes universitários, comoveu o mundo inteiro. Chefes de Estado de diversos países e até o Papa Bento XVI mandaram mensagens de solidariedade ao governo brasileiro e às familias das vítimas. A presidenta Dilma Roussef, que esteve pssoalmente confortando os familiares das vítimas, não conseguiu segurar as lágrimas. E em toda parte a consternação é visível. A policia gaucha, que investiga as causas do incêndio e seus responsáveis, já prendeu um dos donos da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira. Sabe-se, até agora, segundo depoimentos de sobeviventes, que o fogo começou quando um dos integrantes da banda acendeu um iluminador marítimo, dando início ao que seria um show pirotécnico. Ao final do inquérito os responsáveis serão acusados de homicidio culposo, quando não há intenção de matar. Os mortos começaram a ser enterrados nesta segunda-feira mas teme-se por novas vítimas fatais, já que o número de feridos em estado grave chega a quase 100. De acordo com os legistas, a grande maioria das vítimas morreu asfixiada pela fumaça. A tragédia deverá motivar as autoridades a endurecerem a legislação, com maior rigor no ítem segurança, para a liberação de casas de espetáculos. Mas nada que se faça agora atenuará a dor dos familiares dos mortos. Por isso, só nos resta rezar, pedindo a Deus pelos que pereceram, rogando ainda que conforte os parentes das vítimas. Daqui deste blog manifesto a minha solidariedade às familias das vítimas e aos gauchos.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Rombo

A nova prefeita de Bom Jardim,Maranhão, Lidiane Rocha, cancelou o carnaval deste ano na cidade por falta de recursos financeiros. Em entrevista à rádio local, a prefeita culpou o seu antecessor, Roque Portela, pelo cancelamento, por ter deixado a prefeitura no vermelho, além de um enorme rombo. Segundo fontes ligadas à nova prefeita, o rombo apurado até agora, pela equipe de auditores que trabalha no levantamento da situação financeira da prefeitura, está em torno de R$ 14 milhões. E só o cachê das bandas que animariam o carnaval de Bom Jardim estava em torno de R$ 250 mil. Ela lamentou ter de tomar a decisão, mas disse que não tinha outra alternativa diante da absoluta falta de recursos e da situação de falência da prefeitura. A mesma decisão já havia sido tomada pelo prefeito da capital, São Luis,Edvaldo Holanda Junior, pelo mesmo motivo.

Começou

Começou a operação para impedir o senador Renan Calheiros, do PMDB alagoano, de eleger-se para a presidência do Senado. O Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, enviou nesta sexta-feira denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra Calheiros, acusando-o de emitir notas frias para provar sua capacidade de pagamento de despesas pessoais com a namorada, a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. O caso remonta a 2007, portanto há cinco anos, quando Calheiros, então presidente do Senado, foi acusado de pagar a pensão da filha através de um lobista. Por causa da pressão da chamada Grande Imprensa ele foi obrigado a renunciar à presidência do Senado para não ser cassado. Embora não estivesse envolvido dinheiro público, o senador alagoano não resistiu às pressões. Agora vai começar tudo de novo para retirá-lo do páreo, já que ele é o nome mais cotado para assumir a presidência do Senado. A partir de agora e até a eleição da mesa da Câmata Alta vamos assistir a chamada Grande Imprensa repetir a operação de sempre para derrubar quem não lhe cai nas graças: depois da denúncia de Gurgel, peça importante na operação, os jornalões "Folha", "Estadão" e "Globo" repercutem a noticia, ouvindo também os de sempre (Álvaro Dias e companhia) e a "Veja" publica reportagem de capa sobre o assunto. A televisão completa a operação, dando sustentação, e se o sujeito não for duro, como o Sarney, acaba mesmo caindo. Essa operação já está muito manjada mas, surpreendentemente, quase sempre produz o efeito desejado

Vergonha

O espírito ditatorial parece que baixa em quase todo mundo que consegue se eleger para algum cargo, seja público ou privado. Na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco da Amazônia (CASF) não foi diferente. Eleito com promessas de mudanças para a presidência da CASF, Francisco Erse acabou decepcionando todos os que acreditaram nele e, a exemplo do seu antecessor, passou a administra-la como se a instituição fosse propriedade particular. Afastado do cargo por problemas de saúde - e sem perspectivas de retorno - ele resolveu alterar os Estatutos Sociais da CASF para nomear para o cargo quem bem entendesse, mas a esmagadora maioria dos associados frustrou a manobra e ele, então, passou uma procuração para o diretor financeiro Flavio Albuquerque responder cumulativamente pela presidência, uma ilegalidade sem tamanho que fere frontalmente o artigo 46 dos Estatutos, que prevê que em caso de vacância do cargo um novo presidente, para completar o mandato, deve ser eleito pelo Conselho Deliberativo, escolhendo um dos seus membros. A Associação dos Empregados do BASA (AEBA) em ofício ao Condel da CASF cobrou, há mais de tres meses, o cumprimento dos Estatutos, mas até esta data não obteve resposta. Diante disso a AEBA está coletando assinaturas para a convocação de uma assembléia geral extraordinária com vistas à eleição do novo presidente, pois o Conselho Deliberativo perdeu a confiança dos associados. A AEBA promete recolher mais de 2 mil assinaturas. Os associados precisam impedir mais uma manobra da direção da CASF e eleger um presidente que represente, efetivamente, as suas aspirações. Até parece que as instituições dos funcionários do BASA - CAPAF e CASF - estão marcadas pela síndrome de maus administradores. Pelo visto, estão precisando de muita reza e mijo de vaca preta. Ou de uma ação enérgica dos associados.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Portugal

Na visita a várias cidades do interior de Portugal impressionou-me, entre outras coisas, a qualidade das rodovias, a preservação do patrimônio histórico-cultural, o arrojo da construção das gigantescas pontes da cidade do Porto e a estrutura da saúde pública. Em Braga, onde passei a maior parte do tempo - e onde um dos meus filhos foi submetido a delicada cirurgia - vi de perto o excelente funcionamento do hospital local, com estrutura, organização e instalações superiores a muitos hospitais particulares do Brasil. Observei, também, que a população portuguesa está envelhecida e encolhendo por conta do controle da natalidade. Um bispo chegou a fazer um apelo ao governo, por ocasião da "bênção das grávidas", para que incentive a produção de filhos, pois teme pelo desaparecimento dos portugueses num futuro não muito distante. O número de idosos com mais de 65 anos já ulrapassa os 20% da população, segundo pesquisa recentemente divulgada. Apesar do frio, gostei de Portugal e do seu povo. E pretendo voltar, mas no verão.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Crise na Europa

Durante os dois meses em que estive na Europa só tomei conhecimento da crise pelo noticiário dos telejornais. A população, especialmente a de Portugal, continua superlotando os shoppings e fazendo compras. A boa qualidade de vida não sofreu alteração. Percebe-se, no entanto, uma grande quantidade de imóveis à venda. Um velho barbeiro português, que me ajeitou a barba, chamou-me a atenção para um detalhe: o povo está mais triste e sizudo. "Nem sempre foi assim - disse - Nós éramos um povo muito alegre". Ele culpou a crise pela nova cara dos portugueses. Cheguei a assistir algumas manifestações folclóricas muito bonitas, nas ruas, onde pude perceber o amor dos portugueses por suas tradições culturais. E, nessas manifestações, era visível a sua alegria.

Vida em Marte

Fotografias enviadas pela sonda espacial "Mars Express", da Agência Espacial Européia (ESA), reforçam a possibilidade de existência de vida no planeta Marte. As fotos mostram uma estrutura que lembra o curso de um rio. Cientistas acreditam que o local foi formado quando a água corrente fluiu por ali. A estrutura se estende por 1.500 quilômetros e tem inúmeros afluentes. A ciência continua buscando provas de vida em Marte, pois os cientistas ainda não estão convencidos de que existem outros planetas habitados, além da Terra. Parece dificil acreditar que somos o único mundo a ter vida neste Universo infinito. A lógica nos diz que Deus não poderia criar este Universo incomensurável, com bilhões e bilhões de galáxias - e cada uma com bilhões e bilhões de planetas - e criar vida apenas na Terra, um dos menores mundos do nosso diminuto sistema planetário. Somos, então, seres privilegiados? Não faz sentido.

É pouco?

O governador Geraldo Alkmin surpreendeu a imprensa, durante uma entrevista nesta sexta-feira, ao considerar "normal" a sensação de insegurança da população de São Paulo. Ao ser questionado sobre uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, segundo a qual 91% dos paulistanos acham pouco seguro viver em São Paulo, o governador, candidamente, disse: "É normal que isso ocorra". E foi mais além ao dizer que "se aqui, que são 10 homicidios por dia, nós achamos muito, imaginem no país inteiro, que são 23 e na maioria das capitais brasileiras, que é acima de 40". Segundo ele, São Paulo é o único Estado do país que atende ao requisito da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos de 10 homicidios por dia. Geraldo Alkmin deixou os jornalistas de queixo caído com essa desastrada declaração. Além de achar "normal" a insegurança ainda achou pouco a média de 10 homicidios por dia. Ninguém sabe de onde ele tirou essa estatística sobre o número de homicidios nos outros Estados, o que parece não ser verdadeiro, mas ao invés de procurar melhorar a segurança e reduzir a matança em São Paulo simplesmente achar que tirar a vida de 10 pessoas todos os dias está dentro dos padrões de normalidade é um absurdo. Na verdade, para quem vive cercado por seguranças, tanto faz matarem 10 ou 100 por dia que não haverá problema. É "normal".

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Desarmamento

Um dia após um tiroteio no estacionamento de uma universidade no Kentucky, que causou a morte de duas pessoas, o presidente Barack Obama encaminhou projeto ao Congresso americano impondo restrições ao comércio de armas em todo o território americano. O projeto foi motivado pela chacina registrada numa escola de Newtonw, onde um atirador matou 26 pessoas, entre elas 20 crianças, massacre que provocou um grande clamor da opinião pública internacional. Obama, na oportunidade, fez um apelo aos congressistas para que aprovem a proposta, que tem o objetivo de prevenir o que classificou de "epidemia de violência armada" no país. Os ativistas da Associação Nacional de Rifles, no entanto, já iniciaram agressiva reação em todo o país, inclusive com anúncios na televisão, contra o projeto de Obama. Analistas não acreditam na aprovação da proposta, pois além de não contar com o apoio dos parlamentares republicanos, os ativistas favoráveis ao uso de armas são muito mais atuantes do que os pacifistas. Embora recente pesquisa tenha revelado que a maioria dos americanos é favorável ao projeto do presidente, a verdade é que ele vai enfrentar enorme resistência no Congresso, até mesmo no Senado, onde os democratas são maioria. Isto porque os conservadores são uma força muito grande no país. Se a proposta, porém, não for aprovada e ocorrer um novo massacre no país, o que acontece com muita frequência, os congressistas certamente serão responsabilizados pelas novas mortes. Será, sem dúvida, uma decepção e uma tristeza para as famílias das vítimas e, ao mesmo tempo, uma prova do atraso moral de uma das nações mais desenvolvidas do mundo.

Velha profissão

A profissão mais antiga do mundo - a prostituição - poderá ser legalizada no Brasil caso seja aprovado o projeto que o deputado Jean Wyllis, da Bahia, apresentou à Câmara Federal. Ao jusificar a sua proposta, o parlamentar, que é homossexual assumido, revelou que "60% da população masculina do Congresso Nacional faz uso dos serviços das prostitutas". E acrescentou:"Então acho que esses caras vão querer fazer uso desses serviços em ambientes mais seguros". De acordo com o projeto, "será considerado profissional toda pessoa com mais de 18 anos de idade que, voluntariamente, preste serviços sexuais mediante remuneração", tendo direito, inclusive, a aposentadoria especial após 25 anos de serviço. O deputado Anthony Garotinho, vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, foi o primeiro a reagir contra as declarações do seu colega baiano. Ele desafiou Wyllis a revelar os nomes dos deputados que contratam serviços de prostitutas. Ninguém acredita que a proposta seja aprovada, já que projeto idêntico, apresentado em 2003 pelo deputado Fernando Gabeira, foi arquivado, mas não há dúvida de que a iniciativa do ex-BBB e parlamentar da Bahia, além de uma bofetada na hipocrisia de muitos circunspectos senhores, vai provocar ampla discussão. Afinal, ninguém admite, mas a verdade é que muita gente boa usa esses serviços...

Belém quer afagos

O confrade e amigo Francisco Sidou mandou-me o texto, que transcrevo a seguir, sobre o aniversário de Belém: "Belém completa 397 anos em meio a muitos problemas, demandas e carências, mas, também, com o renovo da expectativa de sua gente por dias melhores, com a eleição de prefeito novo, energizado pelos quase 500 mil votos de confiança nele depositados. O novo prefeito assume surfando numa enxurrada de esperanças e também nas águas de janeiro, que expõem as mazelas de uma cidade que cresceu desordenadamente, sem planejamento urbano, sem saneamento básico e com muito pouca ação governamental na busca de soluções inadiáveis, sempre adiadas. Ruas alagadas, casas inundadas, bueiros entupidos de lixo jogado na via pública, engarrafamentos colossais, buzinaços estressantes. São faces do caos urbano que se estabelece quando chove. A insegurança e o medo de assaltos nas paradas de ônibus e nos congestionamentos completam o cenário de abandono, escancarando a omissão dos agentes públicos. A nossa bela cidade esteve sem comando e à deriva durante os últimos oito anos. As soluções dos graves problemas urbanos de Belém são historicamente remetidas para um passado de omissões, falta de planejamento e de visão, “heranças malditas”, fantasmas que precisam ser exorcizados não com queixumes, mas com ações governamentais efetivas de parte de gestores públicos que se elegeram justamente prometendo mudanças. A cidade e sua população, sobretudo a mais carente, continua sofrendo os efeitos da época invernosa, sem perspectivas de soluções a curto prazo. Não vale culpar a natureza, pois esses problemas são antigos e recorrentes. Planos existem muitos. O que falta é ação. O ex-prefeito Duciomar gostava muito de citar as tais "obras estruturantes", cujos efeitos a população jamais sentiu. O trânsito continua neurótico, estressante e não só quando chove. A cidade está ficando "engessada". Vocês lembram da famosa profecia dos jovens técnicos japoneses da Jica? Pois bem: eles previram, com base em premissas técnicas, que Belém poderia parar até 2010, caso não fossem realizadas algumas obras viárias indispensáveis para desafogar os corredores de tráfego da cidade.Isso em 1986.Alguém duvida que isso esteja acontecendo hoje ? O Projeto do BRT, iniciado de maneira açodada pelo desprefeito Dudu, só fez aumentar o caos no trânsito na BR-316, Augusto Monnegro e Almirante Barroso. E também sua rejeição e de seu candidato, aquele que "sabia como fazer"... Como toda obra feita sem planejamento técnico adequado, agora vai precisar ser reformulada para sua adaptação ao projeto macro do Ação Metrópole, por se tratar de um Projeto Integrado, que atinge todos os municípios da Área Metropolitana de Belém, fato que Duciomar atropelou na ânsia de mostrar serviço e enganar os eleitores. A saúde pública em Belém também está agônica. São muitas as mortes de pessoas por omissão de socorro nos pronto-socorros municipais. A desesperança toma conta de seus familiares, que se sentem nessas horas totalmente impotentes e abandonados. São dramas de uma realidade cruel, que parecem tão rotineiros que não mais sensibilizam gestores públicos justamente encarregados de promover as ações necessárias para promover saúde pública de qualidade para a população. A insegurança do belenense também é pública e notória. Diariamente os noticiários de rádio, jornal e TV trazem registros de crimes brutais, cometidos por motivos torpes ou banais. Ninguém mais se sente seguro nas ruas, nos cinemas, nos shoppings, nos bares ou nos lares. Algo precisa ser feito. Do contrário, todos estamos ameaçados de viver em estado de transe, desconfiando de tudo e de todos. Muros altos e cercas elétricas não são soluções, pois os condomínios mais "seguros" são justamente os mais visados pelas quadrilhas de assaltantes à mão armada. Ações sociais e maior preparo dos policiais são mais indicadas do que o aumento das frotas de veículos ou construção de novos presídios. A "saga" da contrução de torres tórridas em concreto, vidro e aço, para satisfazer ambições desmedidas e ilusórios sonhos consumistas, está transformando Belém numa cidade sitiada pelo calor , pois essas "torres de marfim" estão impedindo a circulação dos ventos e destruindo as áreas verdes e os quintais,"pontes" naturais da cidade com a natureza e a vida. A arborização da cidade é tarefa urgente e inadiável. Pelo menos um milhão de novas árvores precisam ser plantadas já. Não se concebe Belém como a capital menos arborizada do Brasil, com sua localização privilegiada, na porta de entrada da maior floresta tropical do planeta. Como toda morena bonita/brejeira/ faceira, Belém, ainda que malcuidada, tem lá seus muitos encantos e cheiros, sabores e cores. Prefeito Zenaldo, o senhor já tomou banho de chuva nas tardes belenenses saboreando uma deliciosa manga caída madura do pé ? É disso que Belém precisa. De amor, de afagos e de carinho para voltar a sorrir e também recuperar a autoestima de sua gente. ---------------------------------------------------- FRANCISCO SIDOU é jornalista"

De volta

Acabo de retornar de uma viagem de dois meses à Europa, com maior tempo em Portugal. Graças ao milagre da Internet pude atualizar diariamente este blog e ninguém percebeu a minha ausência do Brasil. No entanto, no meu retorno ao Brasil passei alguns dias fora do ar porque o meu computador deu pane e tive de comprar outro hoje. Estou, portanto, de volta ao batente e pretendo fazer alguns comentários sobre a situação na Europa, especialmente em Portugal, onde passei a maior parte do tempo. Um abraço a todos os meus leitores.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sem provas

O Procurador Geral da República Roberto Gurgel, que busca a qualquer preço evidência na mídia, deu entrevista à "Folha de São Paulo" dizendo, entre outras coisas, que o tamanho do mensalão PROVAVELMENTE é muito maior do que aquilo que foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Acrescentou que entrou na denúncia "apenas o que foi possivel provar". Sobre o ex-ministro José Dirceu ele disse que apesar de não existir provas contra ele, há uma série de "elementos de prova" que evidenciam que ele comandou o esquema. Sobre Lula disse que na origem não foram encontrados indícios da participação do ex-presidente e que no depoimento de Marco Valério "há muito pouco de novo". As declarações do procurador foram consideradas graves e desastradas. O secretário de Comunicação do PT, André Vargas, lembrou que "no Brasil acabou a presunção de inocência. Agora é a presunção de culpa". O ex-ministro José Dirceu, um dos condenados no processo, disse em seu blog que com essas declarações o procurador Gurgel não apenas confirmou a falta de provas para a sua condenação como, também, sugere a existência de outros crimes que ele não denunciou. O mais pitoresco é que os oposicionistas fizeram uma leitura diferente das declarações de Gurgel, obviamente de acordo com suas conveniências políticas. O senador Álvaro Dias, por exemplo, porta-voz no Congresso dos interesses da chamada Grande Imprensa, disse que as declarações do procurador demonstram FORTES INDÍCIOS do envolvimento de Lula, embora o próprio Gurgel tenha dito que não existem indícios da participação do ex-presidente. E com essas maluquices, que encontram espaço na mídia comprometida, vamos escrevendo a história contemporânea do Brasil.

Serra rejeitado

A pretensão do ex-governador José Serra de deixar o PSDB e transferir-se para o PPS, a fim de viabilizar a sua candidatura à Presidência da República em 2014, está encontrando resistência dentro do partido presidido pelo deputado Roberto Freire. Já se manifestaram publicamente contra o ingresso do ex-governador paulista no PPS, entre outros, o vereador Ricardo Young, de São Paulo; o deputado federal Arnaldo Jordy, do Pará; e o ex-ministro Raul Jungmann. "O Serra é um retrocesso do ponto de vista de uma política inovadora que o PPS está buscando", disse o vereador Young. Pelo visto o ingresso de Serra no PPS só conta com a simpatia do ex-comunista Roberto Freire, o que pode se constituir em mais uma dificuldade para o seu sonho de chegar ao Palácio do Planalto.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Imbecilidade

Policiais militares estão proibidos de socorrer vítimas de acidentes ou crimes em São Paulo. A proibição, absurda e imbecil, foi decidida pela Secretaria de Segurança Pública do governo Geraldo Alkmin. Resultado: Além de uma crise com o comando da PM paulista, a proibição já causou o agravamento do estado de saúde de algumas vítimas que não puderam ser socorridas pela policia, entre elas uma jovem baleada pelo namorado, que perdeu muito sangue, diante das vistas dos policiais, até a chegada dos bombeiros. De acordo com a portaria da Secretaria de Segurança somente os bombeiros e o Samu podem prestar socorro. Essa proibição absurda, na verdade, é um verdadeiro crime, mas a chamada Grande Imprensa faz vista grossa (se fosse um governo do PT era cacete todo dia), mostrando-se mais interessada na disposição do Procurador Geral da República em investigar o ex-presidente Lula. Uma vergonha!

Mundo virtual

O mundo evoluiu nas últimas décadas, de maneira extraordinária, em diversos setores como, por exemplo na Medicina, nos transportes, nas comunicações - alavancadas pela Internet - etc, mas involuiu em outros aspectos, como no conteúdo dos veículos de comunicação de massa, especialmente no Brasil. A imprensa brasileira, antes do advento da televisão, primava pelo "furo" e pelas grandes reportagens, com os veículos competindo para ver quem melhor informava. E todos "brigavam" pela conquista do Prêmio Esso de Reportagem, o maior galardão na época. Quando surgiu a televisão a imprensa escrita encontrou uma fórmula inteligente para não perder leitores: no dia seguinte aos grandes acontecimentos nacionais e internacionais, já divulgados exaustivamente pela TV, publicavam um histórico completo sobre os antecedentes do fato e uma análise sobre as consequências futuras, oferecendo ao leitor um quadro completo do acontecimento. Hoje mudou para pior: em primeiro lugar deram prioridade para o setor industrial (o jornal de domingo circula no sábado e os fatos desse dia passaram a ser divulgados na segunda-feira); não houve mais preocupação com a apuração do fato, a precisão da informação e, muito menos, com a sua isenção. E os jornais passaram a ser políticos, deixando de fixar posição nos editoriais para revelar-se tendenciosos no noticiário. Por isso estão perdendo credibilidade. E só não ficamos mal informados porque a Internet se transformou no grande veiculo de comunicação. Como resultado natural dessa postura já se observa uma tendência para o desaparecimento dos jornais escritos e o crescimento dos jornais virtuais. Esse é o futuro das comunicações.

Bolsas

A presidenta Dilma Roussef determinou à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do Ministério da Educação, o imediato pagamento dos atrasados aos estudantes bolsistas do programa Ciência sem Fronteira. A "Folha" denunciou nesta quarta-feira que 35 bolsistas brasileiros em Londres não recebem a bolsa desde setembro do ano passado. O chefe da CAPES, João Guimarães, alegou falta de estrutura para atender a demanda, pois no ano passado o número de bolsistas cresceu de 4 mil para 12 mil sem que fosse acrescentado um único funcionário ao órgão. Acrescentou, porém, que estão agora trabalhando em regime de mutirão para atualizar os pagamentos, o que deve ocorrer nos próximos dias. A notícia havia deixado preocupados os estudantes brasileiros no exterior, mas após a interferência da Presidenta ficaram mais tranquilos. O programa "Ciência sem Fronteiras" é considerado a menina dos olhos da presidenta Dilma, o que significa que os atrasos não se repetirão.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Serra

Parece que o ex-governador José Serra não terá mesmo outro caminho a não ser deixar o ninho tucano e correr para os braços do PPS ou outra legenda qualquer, caso queira concorrer novamente ao Palácio do Planalto. A declaração desta quarta-feira do presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, não deixa margem de dúvidas sobre a situação de Serra hoje dentro do partido. Guerra reafirmou a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República,em 2014, "independente das pretensões eleitorais de Serra", revelando inclusive a disposição de elegê-o presidente nacional do partido para fortalecer a sua posição como candidato. Na avaliação da cúpula tucana, a ameaça do ex-governador de deixar o partido não passa de uma manobra para "aumentar o seu valor de mercado", o que, no entanto, a julgar pelas palavras de Guerra, não surtiu o efeito desejado. Os tucanos acreditam, inclusive, que Serra terá dificuldades para arregimentar aliados para o seu projeto político. E, pelo visto, ele não conta nem mesmo com seu velho amigo Fernando Henrique Cardoso, que já declarou sua preferência por Aécio.

No pé

Não tem jeito: a turma que, por alguma razão, não gosta do ex-presidente lula, não larga o pé dele. Na terça-feira o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, informou que provavelmente enviará à Primeira Instância o depoimento do publicitário Marco Valério em que acusa Lula de beneficiar-se pessoalmente dos recursos do mensalão. Segundo a "Folha", Gurgel disse ainda que caberá aos procuradores da Primeira Instância avaliar se abrem investigação contra Lula ou se arquivam o caso. Na quarta-feira, no entanto, a mesma "Folha" informa que o Ministério Público divulgou nota negando o pedido de investigação contra o ex-presidente. A nota diz ainda que o depoimento de Valério nem chegou ainda a ser analisado. O ministro Joaquim Barbosa, por sua vez, ainda segundo o jornal paulista, disse que o Ministério Público tem de investigar Lula. "Tem o dever de fazê-lo", teria afirmado o homem nomeado por Lula para ministro do STF. O presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia, também se manifestou sobre a questão, dizendo que "é um absurdo qualquer nova investigação envolvendo o ex-presidente". Não é difícil perceber que esse pessoal não vai largar o pé de Lula enquanto ele tiver força política para eleger-se novamente Presidente da República.E, a julgar pelas pesquisas, ele vai continuar ainda com musculatura política durante muito tempo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Sonho

O ex-governador José Serra, pelo visto, ainda não perdeu as esperanças de ocupar o Palácio do Planalto. Segundo a "Folha de São Paulo", sentindo-se isolado dentro do seu partido, o PSDB, após a derrota para Fernando Haddad nas eleições para a prefeitura da capital paulista,o ex-governador já estaria pensando em deixar o ninho tucano para filiar-se a uma nova legenda. Enfraquecido dentro do PSDB, onde o senador mineiro Aécio Neves é hoje o potencial candidato à presidência da República no pleito de 2014, Serra sabe que não tem a menor chance de ser escolhido pelo partido para concorrer com a presidenta Dilma Rousseff. Ao que parece, estaria convencido de que só teria espaço numa outra legenda, que poderia ser o PPS ou, em última análise, um novo partido, que ajudaria a fundar. Ele já teria tido, inclusive, algumas conversas com o presidente do PPS, deputado Roberto Freire. O governador Geraldo Alkmin, no entanto, não acredita que o ex-governador deixe o PSDB, partido que ajudou a fundar, para filiar-se a outra agremiação, mas o próprio Serra sabe que, se efetivamente quiser disputar o Palácio do Planalto, só terá chance de sair candidato se transferir-se para outra legenda. E terá de fazê-lo até outubro deste ano para não perder o prazo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Nova polêmica

Antes de se tornar um fato concreto o impasse entre o Supremo Tribunal Federal e a Câmara dos Deputados, sobre a cassação do mandato dos parlamentares condenados no processo do mensalão, a Suprema Corte terá de enfrentar uma nova polêmica também relacionada com aquele julgamento. É que os advogados de defesa dos réus deverão entrar no STF com o "embargo infringente", medida que pode reduzir as penas de 12 dos 25 condenados que tiveram pelo menos quatro votos favoráveis. Entre os beneficiados com esse remédio jurídico estão o ex-ministro José Dirceu e os deputados José Genoíno e João Paulo Cunha. Os prazos para apresentação desses embargos só serão abertos após a publicação do acórdão da decisão do STF, o que deve acontecer ainda neste semestre. A polêmica reside no seguinte: a Lei 8.038, de 28 de maio de 1990, que regula as ações penais do Supremo Tribunal Federal, é omissa quanto ao "embargo infringente" que, no entanto, está previsto no Regimento Interno daquela Corte, onde foi inserido antes da Constituição de 1988. O fato deu ensejo a interpretações divergentes dos próprios ministros. O ministro Luiz Fux, por exemplo, entende que devido a essa omissão o "embargo infringente" acabou e, por isso, não pode mais ser usado. Já no entendimento do ministro Marco Aurélio Mello não existe inconstitucionalidadre no uso dessa medida porque o "embargo infringente" no Regimento Interno do STF é anterior à Constituição. Informa-se nos meios jurídicos que essa medida já foi analisada várias vezes nos últimos anos pelo Supremo e, portanto, não há como negá-la. O advogado de José Genoíno, Luiz Pacheco, já disse que vai usar todos os ambargos que a Lei lhe faculta. Isso tudo, porém, ainda vai demorar um pouco a acontecer. Somente depois da decisão do STF sobre os embargos é que a sentença terá transitado em julgado, não havendo mais qualquer possibilidade de recursos. Só então é que os condenados poderão ser presos e os deputados perderem seus mandatos. Até lá, no entanto, muita água ainda vai correr por baixo da ponte.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Desconto

Como seria de esperar, os ministros do Supremo Tribunal Federal reagiram às declarações do deputado Henrique Alves, o mais provável sucessor do deputado Marco Maia na presidência da Câmara Federal, que anunciou a sua disposição de não cumprir a decisão do STF sobre a cassação do mandato de quatro deputados condenados no processo do mensalão. O parlamentar disse que a prerrogativa de cassar mandatos, de acordo com a Constituição, é do próprio Legislativo, mesmo entendimento de quatro ministros daquela Corte. O ministro Marco Aurélio Mello chegou a classificar as declarações do deputado peemedebista de "arroubo de retórica", mas aliviou a mão ao dizer que é preciso dar um "desconto porque ele está em campanha". Essa queda de braço ainda vai render muita noticia.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sem valor

A vida, pelo visto, está a cada dia valendo menos. Todos os dias motoristas bêbados matam pedestres, inclusive sobre as calçadas, e depois de pagarem a fiança são liberados. O assassinato, usando o carro como arma, está praticamente legalizado. E até o assassinato com arma mesmo já não recebe a merecida punição. Prova disso foi o que aconteceu em São Paulo. Um comerciante, dono de uma churrascaria no Guarujá, matou a facadas o estudante Mario Sampaio, de 22 anos, por causa de R$ 7,00. Isso mesmo: sete reais. E depois de apresentar-se à polícia e prestar depoimento, junto com o filho Diego que também participou do crime, simplesmente foi liberado. "Eu não pretendia matar o rapaz. Só queria fazer um buraquinho para assustá-lo", ele disse. Mesmo confessando o crime, o assassino está livre, leve e solto. Enquanto isso o Supremo Tribunal Federal condena à prisão, inclusive a mais de 40 anos, quem não matou ninguém, mas foi acusado de operar um suposto esquema de propinas. "Suposto" porque nada ficou provado. Ou seja, o sujeito pode matar a vontade e continuará em liberdade, desde que não se envolva com política, não seja filiado ao PT e não tenha qualquer ligação com Lula.

Indícios de crise

A crise entre o Judiciário e o Legislativo, que começou a se esboçar no momento em que o Supremo Tribunal Federal decidiu cassar o mandato dos três deputados federais condenados no processo do mensalão, deverá se agravar este ano, com a disposição da Câmara dos Deputados em não cumprir a decisão do STF. Os primeiros sinais do agravamento da crise surgiram com a declaração do atual presidente da Câmara, deputado Marco Maia, de que não cumpriria a decisão do Supremo porque a cassação de mandato é uma prerrogativa do próprio Legislativo, conforme determina a Constituição. Maia deixa a presidência da Câmara no próximo mes de fevereiro, mas o seu provável substituto, o deputado Henrique Alves, do PMDB potiguar, já manifestou a mesma disposição: em entrevista à imprensa nesta quinta-feira ele afirmou que também não cumprirá a decisão do STF. "Se eleito não abrirei mão da prerrogativa do Congresso de dar a palavra final, em votação secreta do plenário", ele disse. E acrescentou: "A Constituição é clara e cada poder deve ficar no seu pedaço". Ele lembrou ainda que a votação apertada do Supremo que decidiu a cassação (5 x 4), só reforça o seu argumento. O provável novo presidente da Câmara afirmou que não deseja uma guerra entre poderes. "Queremos um Judiciário forte e respeitado, mas cada um em seu pedaço", finalizou. Colocando mais pimenta nessa relação a Câmara deu posse nesta quinta-feira a 14 novos deputados, suplentes que assumiram o mandato porque os titulares foram eleitos para diversas prefeituras. E entre os novos deputados recém empossados está José Genoino, condenado pelo STF a seis anos e 11 meses de reclusão no julgamento do chamado mensalão. "Sinto-me confortável porque estou cumprindo a Constituição. E tenho a consciência serena dos inocentes", ele disse. Por sua vez, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, lançou esta semana mais lenha na fogueira ao afirmar que o Congresso atua no "faz-de-conta". O ministro criticou o Legislativo por descumprir o prazo estabelecido pelo STF para adotar novos critérios para o rateio do Fundo de Participação dos Estados. E depois de chamar o Congresso de "inapetente", o ministro disse: "O faz-de-conta em que ele atua tem de terminar. O Brasil não pode continuar a ser o país do faz-de-conta". Como é fácil perceber, a previsão do tempo político promete chuvas e trovoadcas para breve.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Mensalão mineiro

O chamado mensalão mineiro, que tem como principal acusado o senador tucano Eduardo Azeredo, não será julgado pelo Supremo Tribunal Federal neste ano de 2013, como se esperava, embora seja cinco anos mais antigo do que o chamado mensalão petista, cujo julgamento terminou recentemente. A denúncia foi feita ao STF pelo Procurador Geral da República em 2007, mas o processo até hoje não foi concluído para ser levado a julgamento. E nem o ministro Joaquim Barbosa será o seu relator. A notícia foi divulgada nesta terça-feira, primeiro de janeiro, pela "Folha de São Paulo". E parece que não há interesse - e muito menos pressa - para julgá-lo. Cadê o apressadinho do Roberto Gurgel que não diz nada??

Sarney dois

O consagrado escritor brasileiro Humberto de Campos, o mais jovem intelectual a ingressar na Academia Brasileira de Letras, tem uma frase que adotei como leme de vida:"Posso não ser generoso, mas sei que sou justo". E precisamente por ser um feroz defensor da justiça é que volto a falar do senador José Sarney, a quem critiquei no ultimo dia de 2012 por sua declaração favorável à criação de uma lei que proíba ex-presidentes de concorrerem a cargos eletivos, já que ele é um dos beneficiários da inexistência dessa lei. Na seção da "Folha" destinada às cartas do leitor, publicada no primeiro dia deste ano de 2013, a leitora Inês Pires, de Campinas, São Paulo, disse que a melhor notícia do ano novo foi o anúncio da aposentadoria de Sarney. E disse, também, que o presidente do Senado, em 55 anos de vida política, só beneficiou o seu Estado de origem, fazendo pouco ou nada pelo povo brasileiro. Sem dúvida uma grande injustiça. Tanto como legislador quanto presidente da República Sarney tem relevantes serviços prestados ao país, não apenas à sua terra-natal, o Maranhão. O fato é que Sarney, assim como outros nordestinos de relêvo na vida do país, foi vítima da mesma chamada Grande Imprensa que já destruiu a reputação de muita gente, movida por interesses políticos ou econômicos. Acusaram-no de produzir atos secretos no Senado, numa verdadeira campanha para apeá-lo da presidência daquela Casa quando, na verdade, o grande produtor daqueles atos foi o presidente anterior, o senador Garibaldi Alves, que, no entanto, sequer foi citado. Por que? Porque o objetivo era atingir, de tabela, o então presidente Lula,tirando Sarney do comando do Senado para criar dificuldades para o governo na votação das matérias do seu interesse. E, lamentavelmente, muita gente que não gosta de usar o cérebro para pensar, se deixou influenciar pelas notícias da época. Como a leitora Inês Pires, por exemplo.