quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Desespero

O desespero parece ter tomado conta dos tucanos, às vésperas do pleito, diante dos resultados das mais recentes pesquisas, que mostram a presidenta Dilma Rousseff na dianteira da corrida sucessória. Os colunistas que apóiam a candidatura de Aécio Neves, visivelmente desanimados, já partem para outros argumentos que soam como um apelo a golpe – a exemplo do coordenador da campanha tucana, Alberto Goldman, que sugere dificuldades para a posse de Dilma num segundo mandato – certamente convencidos de que dificilmente o senador mineiro conseguirá mudar o placar em tão curto espaço de tempo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos piores cabos eleitorais de Aécio – pesquisa revela que mais de 50% dos eleitores não votam em candidato apoiado por ele – resolveu de repente engolir o seu preconceito contra os pobres do Nordeste, que classificou de ignorantes, e na tentativa de conquistar os seus votos confessou-se “neto de nordestino, com muito orgulho”. O seu desespero, porém, não termina nessa confissão, com a qual imagina enganar o nordestino, subestimando a sua inteligência: anunciou uma grande manifestação popular para por fim à “podridão no país”. Ao que parece também já admite a derrota. Aparentemente, a julgar pela atitude de desespero dos partidários de Aécio, alguma coisa está sendo tramada nos porões do tucanato como uma última tentativa para mudar a perspectiva de derrota no próximo domingo. Os petistas, em especial a sua candidata à reeleição, devem redobrar sua atenção para o último debate, previsto para esta sexta-feira, na Globo. Esses debates já estão muito chatos, porque são apenas a repetição de tudo o que já foi dito – até os principais temas em discussão já são bastante conhecidos – mas as redes de televisão teimam em promovê-los para mostrar prestígio e assegurar audiência. O ex-presidente FHC, quando concorreu à reeleição, não compareceu a nenhum debate e venceu. Tudo indica que a questão da corrupção na Petrobrás, até pouco tempo o grande trunfo dos tucanos para bater em Dilma, deverá continuar sendo o centro das discussões, mas agora com menor virulência de Aécio porque o delator Roberto Costa revelou o envolvimento de figuras graúdas do PSDB, entre eles o ex-presidente nacional do partido, Sergio Guerra, já falecido. Esta semana o doleiro-auxiliar Leonardo Meireles revelou, em depoimento, que um senador tucano paranaense também foi beneficiado com “doações” de Alberto Youssef. Só não disse o nome porque foi impedido pelo juiz Sérgio Moro, mas há especulações de que se trata do senador com voz empostada de locutor que, a exemplo do até recentemente “paladino da honestidade” Demóstenes Torres, vive apontando o dedo acusador para membros do governo. Por outro lado, o governador Geraldo Alkmin, de São Paulo, se queixa das críticas que a presidenta Dilma Rousseff tem feito ao seu descaso com o problema da falta de água em seu Estado. Ele provavelmente finge que não sabe que essas mesmas críticas tem sido feitas , em tom de indignação, após a realização do primeiro turno das eleições, pela “Folha de São Paulo”, que classificou o problema de “incúria dos tucanos que governam o Estado desde 1995”. Essa indignação, no entanto, conquanto legítima, agora soa falsa, porque os jornalões paulistas se tornaram coniventes com Alkmin, ao esconder o problema e salvaguardá-lo até o dia do pleito, para não prejudicar a sua reeleição. Enquanto isso, crescem os indícios de possíveis compromissos do candidato tucano com governos e capital estrangeiros. Depois do periódico britânico “The Economist” declarar-se abertamente favorável à eleição de Aécio, agora foi a vez do ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Mel Levitsky, manifestar-se a favor do candidato do PSDB que, caso eleito, segundo ele, seria imediatamente convidado para uma visita à Casa Branca. E se Dilma for reeleita, segundo disse, o governo americano “faria uma diplomacia silenciosa para descobrir se ela não vai recusar outra vez”. Ainda de acordo com Levitsky, Lula era equilibrado e sensível, enquanto Dilma tem uma política econômica mais à esquerda. Ou seja, sabem que com a candidata petista o Brasil não voltará a ser submisso à política norte-americana. Não parece muito difícil perceber que num eventual governo tucano o nosso país voltaria a ser subserviente à grande nação do Norte, a exemplo do governo de Fernando Henrique, certamente um vergonhoso retrocesso nos avanços conquistados desde o governo Lula, que tornou o Brasil respeitado em todo o mundo. O povo brasileiro está perfeitamente consciente dos riscos que a eleição de Aécio representaria para a nossa soberania e, por isso, já decidiu reeleger Dilma no próximo domingo. Pelo menos é isso o que dizem as últimas pesquisas de intenção de voto.

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