sábado, 4 de outubro de 2014

Brasil vai às urnas

Mais de 140 milhões de brasileiros de todos os rincões do país deverão ir às urnas neste domingo para eleger o Presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais. Graças às pesquisas de intenção de votos, que desde o início da campanha eleitoral mostraram Dilma Roussef na liderança da corrida sucessória presidencial, já se sabe que poderá haver segundo turno, mas ainda não existe definição sobre quem disputará com ela a segunda fase do pleito que, caso se confirme, será realizada em novembro próximo. Marina Silva, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB, de acordo com as últimas pesquisas divulgadas na quinta-feira, disputam palmo a palmo o direito de concorrer o segundo turno com a candidata do PT, a única que tem presença garantida nesta segunda fase das eleições. Essas pesquisas, no entanto, além de revelarem um empate técnico no segundo lugar entre a ex-senadora acreana e o senador mineiro, evidenciaram, também, a possibilidade da presidenta Dilma Roussef ser reeleita já neste domingo, dependendo da possível influencia, nos eleitores indecisos, do último debate promovido pela TV Globo entre sete presidenciáveis. Aparentemente o debate não apresentou nenhum vencedor, mas vale a pena registrar alguns aspectos que podem ter influenciado o voto dos indecisos. A candidata à reeleição, embora um pouco tensa – talvez por ser o principal alvo de todos os concorrentes – parece ter se saído melhor nos confrontos, especialmente com Marina e Aécio que, mesmo revelando certa tranqüilidade, em algumas oportunidades perderam o equilíbrio. Marina desequilibrou-se quando Dilma, na discussão sobre o Banco Central, disse que ela confundia autonomia com independência e, também, quando lembrou que um dos seus principais assessores no Ministério do Meio Ambiente foi demitido por corrupção. O candidato tucano Aécio Neves, sempre com a língua muito afiada na crítica ao governo, perdeu a elegância e as estribeiras quando a candidata Luciana Genro, do PSOL, lembrou que o seu partido comprou votos para a aprovação da emenda da reeleição e, também, o acusou de ter construido com recursos públicos um aeroporto na fazenda do seu tio, em Minas Gerais. Quase apoplético, ele a acusou de leviana e de despreparada para concorrer à Presidência da República. Também teve um entrevero com Marina, a quem acusou de não ter firmeza em suas posições. Outro detalhe: Aécio não respondeu à maioria das perguntas, talvez por falta de argumentos convincentes, preferindo o ataque ou fazer outra pergunta, de modo a confundir sobretudo quem acompanhava o debate. E não perdeu a mania de atribuir ao governo de Fernando Henrique Cardoso realizações do governo Itamar Franco. Quando o tema foi a inflação, depois que a presidenta Dilma disse que o presidente Lula recebeu o pais com inflação alta, o candidato tucano afirmou que FHC pegou o país com mais de 900 por cento de inflação e baixou para 7%. Todo mundo sabe que quem efetivamente baixou a inflação foi o presidente Itamar Franco, que é sempre esquecido todas as vezes em que entra em discussão a economia do país. A nota destoante do debate foi o candidato Levy Fidelix, do PRTB, que perdeu completamente a compostura no confronto com Eduardo Jorge, do PV, e Luciana Genro, do PSOL, que o exortaram a pedir desculpas ao povo pela crise homofóbica que teve no debate da Record. Transtornado, ele bufava quando elevou o tom de voz para agredir verbalmente os dois concorrentes. Luciana chegou a dizer que, caso a lei que classifica a homofobia como crime já tivesse sido aprovada, ele, Fidelix, deveria deixar os estúdios da TV Record algemado. O homem ficou uma fera e reafirmou a sua posição em relação à comunidade gay, no que foi apoiado pelo pastor Everaldo, do PSC. Aliás, pelo completo despreparo para disputar a Presidência da República, Fidelix e Everaldo nem deveriam participar de debates, onde não tiveram outra função a não ser coadjuvar os candidatos Aécio e Marina nas críticas ao governo da presidenta Dilma Roussef. Eles não contribuíram em absolutamente nada para esclarecer o eleitor sobre a melhor candidatura. E o mais pitoresco é que o pastor Everaldo, mesmo às vésperas do pleito e com apenas um por cento nas intenções de voto, repetia, a todo momento, que “no meu governo” farei isso e aquilo, já a partir de primeiro de janeiro. Das duas, uma: ou ele é muito otimista ou fazia piada sem graça. Vale lembrar que, embora tenha terminado o prazo legal para o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, a campanha na prática ainda não terminou. A imprensa oposicionista, que tem feito o possível e o impossível para impedir a reeleição da presidenta Dilma Roussef, provavelmente continuará até o domingo publicando matérias que possam, de alguma forma, influenciar o voto dos indecisos. Afinal, todos sabem que eleição se vence é nas urnas e, portanto, vale tudo até o último minuto para alcançar o seu objetivo: apear o PT do Palácio do Planalto. De qualquer modo, independente desses aspectos, vale registrar que, apesar de ter sido uma das campanhas eleitorais mais agressivas dos últimos tempos, o Brasil com este pleito dá mais um passo na consolidação do regime democrático. É fundamental, portanto, que todos compareçam às urnas neste domingo.

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