domingo, 19 de outubro de 2014

A ameaça tucana

Quando um veículo de comunicação estrangeiro toma partido de um candidato e prega a derrota do outro, nas eleições presidenciais do Brasil, é sinal de que tem alguma coisa errada. Se o britânico “The Economist” defende abertamente a eleição de Aécio Neves, ao mesmo tempo em que exorta os eleitores brasileiros a não votarem na presidenta Dilma Roussef, é mais do que evidente de que a eleição do candidato tucano interessa aos estrangeiros, certamente porque vêem nele a repetição do governo de FHC, que vendeu para grupos econômicos internacionais grande parte do patrimônio nacional. Eles agora estão de olho na Petrobrás, uma das maiores empresas de petróleo do mundo. O periódico britânico, contrariando a postura profissional de um veículo sério, não se preocupou em fazer uma análise isenta das eleições brasileiras mas, seguindo o mesmo comportamento tendencioso da grande imprensa nacional, adotou uma atitude ilegítima de oposição ao governo do PT, uma interferência indébita nos assuntos internos do nosso país, que poderá influir nos votos dos brasileiros que vivem na Inglaterra. O fato deve servir de alerta sobre as ligações do candidato tucano que, ao anunciar antecipadamente a escolha de Armínio Fraga para seu ministro da Fazenda, caso vença o pleito, sinalizou para o capital estrangeiro a sua disposição de dar prosseguimento ao projeto de privatizações do seu partido. Como se sabe, Fraga, que viveu praticamente toda a sua vida nos Estados Unidos, é ligado ao mega empresário americano George Soros. Isso, porém, é apenas um detalhe da ameaça sombria que paira sobre o Brasil se Aécio vencer as eleições no próximo dia 26. Entre outras coisas deverá desaparecer a transparência que existe hoje no país, com a imprensa desfrutando de plena liberdade para divulgar tudo, verdades ou não, sem preocupar-se com os males que possa produzir em pessoas ou grupos. Assim como ele fez em Minas, onde provocou a demissão de jornalistas e impediu a divulgação dos aspectos negativos do seu governo, fará no país, onde já conta com a cumplicidade da grande mídia. Será uma doce censura, porque exercida através da ação financeira, exatamente como fez Fernando Henrique Cardoso quando governou o Brasil. Está aí, aliás, uma das diferenças entre os governos do PSDB e do PT: os tucanos são generosos na publicidade com o dinheiro público, enquanto os petistas cobram os impostos sonegados. Os eleitores mais atentos e preocupados, efetivamente, com o futuro do país já estão se convencendo dos riscos que a eleição de Aécio representa para o país. A facilidade com que ele mente, sem corar as bochechas, ficou evidente nos debates, onde praticamente não respondeu a nenhuma pergunta, optando pela agressão grosseira – algumas vezes até desrespeitosa e deselegante com a presidenta-mulher – por falta de explicações convincentes. Seu argumento preferido para atacar a candidata petista, no entanto, a corrupção na Petrobrás, perde força na medida em que Roberto Costa, na delação premiada, revela que também o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o ex-governador Eduardo Campos, do PSB, ambos já falecidos, foram beneficiados com as propinas milionárias. Ele passou, assim, a ser o roto falando do esfarrapado. A sua virulência no debate promovido pelo SBT, classificado por alguns jornalistas como uma vitória sobre sua concorrente, ao contrário do que ele poderá pensar não o premiará com mais votos, pois o povo não aceita agressões, principalmente contra uma mulher. Como se recorda, ele também foi agressivo com a candidata do PSOL, Luciana Genro, no debate promovido pela Globo, quando ela o questionou sobre a construção do aeroporto de Claudio em terras da sua família, com dinheiro público. A cada debate fica mais clara a sua dificuldade em explicar certos fatos desabonadores e, por isso, decidiu colocar em prática a estratégia segundo a qual a melhor defesa é o ataque. Mas será que ele seria assim tão valente se debatesse com um homem? Segundo revelou a “Folha” ele chegou a comemorar a sua performance com a ex-candidata Marina Silva, comentando o ligeiro mal-estar da presidenta Dilma Rousseff no final do debate. “Voce viu – ele teria dito a Marina – o desespero dela? Até passou mal”. O fato é que somente agora o Brasil começa a conhecer Aécio Neves, mas o mineiro, que o conhece bem há muito tempo, derrotou o seu candidato ao governo do Estado, sinalizando para o país insatisfação com a sua administração. Os brasileiros, portanto, não podem permitir que o país inteiro viva os problemas que os mineiros viveram durante o seu governo e, muito menos, a venda do resto do patrimônio nacional deixado por Getulio Vargas. Chega de vendilhões!

Nenhum comentário: