quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Pisou na bola
Depois do juiz Bruno Ribeiro, de Brasilia, que seguiu o exemplo do ministro Joaquim Barbosa na perseguição aos condenados no processo do chamado mensalão, e do juiz Sergio Moro, do Paraná, que tem sido condescendente com os vazamentos seletivos dos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, na delação premiada, agora foi a vez do juiz Vinicius Peluso, de Praia Grande, São Paulo, que postou no facebook que “as únicas zonas eleitorais em que Dilma ganhou na cidade foram as do Centro de Detenção Provisória e da Fundação Casa”. E indagou: “Presságios?” Quando percebeu que pisou na bola, revelando suas preferências políticas e a insinuação descabida, não apenas apagou o comentário como, também, disse que só fez um “desabafo pessoal íntimo de um cidadão eleitor comum”. Esse tipo de desabafo, no entanto, compromete a necessária imparcialidade de um magistrado. O juiz é filho de Cezar Peluso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, nomeado por Lula. O comportamento desses magistrados, que deveria merecer uma atitude do Conselho Nacional de Justiça, revela que o vírus do antipetismo, disseminado pelos tucanos com a valiosa ajuda da grande imprensa oposicionista, está grassando no Judiciário. Sem dúvida um perigo para o papel da Justiça.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Trôco
A justiça italiana negou o pedido brasileiro de extradição de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, que estava preso em Maranello desde fevereiro deste ano. Pizzolato havia sido condenado, no processo do chamado mensalão, por corrupção passiva, a 12 anos e 7 meses de prisão e fugiu para a Itália em setembro do ano passado. O advogado dele, Alessandro Sivelli, disse que o argumento apresentado sobre a péssima situação das cadeias brasileiras foi decisivo para a decisão da justiça italiana. O ministro Marco Aurélio Melo, do STF, considerou a decisão uma vergonha para o Brasil, enquanto o procurador geral da República, Rodrigo Janot, disse que “a estratégia da defesa de explorar alguns presídios que, na verdade, são enxovias, conseguiu um precedente muito perigoso para o Brasil”. É claro que a situação dos presídios brasileiros foi apenas um pretexto, já que as cadeias em todo o mundo não são muito diferentes. Os italianos, na verdade, apenas aproveitaram a oportunidade para dar o troco ao Brasil, que não atendeu ao pedido de extradição de Cesare Battisti, condenado por atos de terrorismo e que vive hoje em nosso país. Pizzolato, agora em liberdade na Itália, disse: “Eu não fugi do Brasil. Apenas salvei a minha vida”.
Musa da derrota
Uma jovem de 22 anos, estudante da Unicamp e moradora do Morumbi, bairro nobre e endereço da elite de São Paulo, ganhou destaque na “Folha” como “musa do PSDB”: apareceu em foto de primeira página chorando pela derrota de Aécio Neves. E ganhou a nova denominação de “musa da derrota”. Ana Claudia disse que o seu sonho de ver os tucanos no Planalto foi apenas adiado. Interessante nessa história dois detalhes: primeiro, Aécio, como seria de se esperar, obteve 85% dos votos no Morumbi; e, segundo, o sonho da jovem musa pode ter um adiamento mais longo ainda, porque em 2018 Lula estará no páreo.
Divisionismo
A grande imprensa tucana, que usou todos os recursos imagináveis e inimagináveis – inclusive os ilegais, imorais e antiéticos – para arrancar a presidenta Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, não consegue se conformar com a derrota imposta pelo povo. E além de se esforçar para minimizar a vitória petista, tentando negar a sua legitimidade por ter sido apertada, continua estimulando o ódio e a divisão do país – como é fácil perceber por seus editoriais um dia depois do pleito – destacando as diferenças entre as regiões Sul-Sudeste e Norte-Nordeste.
No editorial sob o título de “A mensagem das urnas”, o jornal “O Globo” desta terça-feira, por exemplo, afirma que a eleição presidencial “deixa o país dividido entre os que produzem e pagam impostos e os beneficiários de programas sociais”. Na visão do jornalão carioca, portanto, os brasileiros do Sul-Sudeste teriam mais direitos do que os brasileiros do Norte-Nordeste, como se estes não produzissem nada e não pagassem impostos. Ou seja, os ricos é que deveriam ter o direito de eleger o Presidente da República, até porque, segundo a ótica do ex-presidente FHC, são melhor informados.
O jornal dos Marinho que, a exemplo dos outros jornalões, abraçou escancaradamente a candidatura de Aécio Neves e usou suas páginas como se fora um partido político – um verdadeiro atentado ao jornalismo – diz em seu editorial: “Fica evidente que o país que produz e paga impostos – pesados, ressalte-se – deseja o PT longe do Planalto, enquanto aquele Brasil cuja população se beneficia dos lautos programas sociais não quer mudanças em Brasilia, por óbvias razões”. O editorial, além de tudo, debocha da população pobre ao afirmar que ela se beneficia dos “lautos” programas sociais. Decididamente eles não querem que os pobres sejam atendidos pelo governo.
O “Globo” também enfatiza a “avassaladora antipetização” em São Paulo, destacando a vitória de Aécio no Estado, onde obteve 64,3% dos votos, contra 35,6% dados a Dilma. E acentuou: “Foi dura a derrota do PT no Estado em que nasceu” e onde o movimento sindical gerou Lula. Arremata a observação, como se isso fosse mais importante do que a vitória petista, lembrando o registro neste pleito de “um forte sentimento antipetista no Sul, Sudeste e Centro-Oeste”. O editorialista esqueceu que mais dura ainda foi a derrota de Aécio em seu próprio Estado, Minas Gerais. E que esse sentimento de ódio ao petismo foi plantado e estimulado por essa mesma mídia, só encontrando terreno fértil naquelas regiões porque é lá que os jornalões circulam.
Por sua vez, a “Folha de São Paulo”, seguindo a mesma linha do periódico carioca, em editorial sob o título de “Pouco espaço para errar”, lembra que os Estados comandados pelos tucanos arrecadaram em 2013 nada menos do que R$ 545 bilhões, enquanto os controlados pelo PT arrecadaram apenas R$ 114 bilhões e os dominados pelo PMDB R$ 288 bilhões. É o mesmo raciocínio do “Globo”, segundo o qual, por contribuir com maior volume de impostos, o voto dos eleitores do Sul-Sudeste deveria ter mais valor do que o voto dos nortistas e nordestinos. Ou seja, sob essa ótica, os pobres não poderiam eleger a Presidenta. Constata-se, desse modo, que a grande mídia, frustrada com a vitória de Dilma, resolveu agora pregar abertamente o divisionismo.
O editorial do jornalão paulista começa dizendo que Dilma, “reeleita com a menor margem de votos que o Brasil já registrou”, deverá enfrentar problemas com os partidos da sua base aliada, em especial o PMDB, cujo líder da bancada na Câmara, Eduardo Cunha, disse que o apoio do partido “não será automático” neste segundo mandato e o presidente do Senado, Renan Calheiros, questionou a sua disposição de promover um plebiscito para a reforma política. Disse ainda que a base aliada, “que nunca primou pela fidelidade”, tende a ampliar a sua rebeldia, contribuindo ao mesmo tempo para revigorar a oposição. E conclui: “Dilma sabe que nos próximos quatro anos terá pouco espaço para errar”.
Isso significa que neste segundo mandato a grande mídia será muito mais agressiva do que foi nos quatro anos de governo da Presidenta petista, a não ser que Dilma providencie logo no inicio deste segundo governo o tão esperado – e combatido pelos principais interessados – marco regulatório da mídia. Essa regulação, que não implica em censura, já é adotada há muito por outros países e precisa ser implantada no Brasil para evitar os abusos de uma imprensa que está muito mais empenhada em defender interesses políticos e econômicos de grupos do que em informar. Expressiva parcela da população, no entanto, já se conscientizou disso e por isso não se deixou influenciar pelas matérias destinadas, única e exclusivamente, a influir no processo sucessório presidencial.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Chororô
Sob o título de “O povo brasileiro não existe” o colunista Vladmir Safatle, da “Folha”, escreveu artigo nesta terça-feira, dentro da linha adotada pela grande imprensa oposicionista que, inconformada com a derrota do seu candidato nas eleições de domingo, prega o divisionismo e estimula o ódio no Brasil. A certa altura, diz o colunista: “Apesar de ocupar o mesmo espaço nós não fazemos parte de identidade coletiva alguma. Por isso, nosso encontro político sempre será violento”. Por sua vez, o maluco beleza Arnaldo Jabor, em sua coluna no “Globo”, também revoltado com a vitória de Dilma, disse que “a burrice tem avançado muito” no Brasil, enquanto “a ignorância forma um contingente imenso de eleitores”. E acrescenta: “Nosso futuro será pautado pelos burros espertos, manipulando os pobres ignorantes”. Como ele não resolveu mudar-se do país, como a falsa promessa de Lobão, certamente está entre os pobres ignorantes manipulados. Na ótica dele, o contingente imenso de eleitores ignorantes são os nordestinos que reelegeram Dilma. O mais pitoresco é que, considerando-se muito inteligente, ele estraga o espaço que o jornal carioca lhe dá para dar vazão à sua burrice. Como cineasta ele provavelmente deve ser melhor do que como colunista.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Dilma venceu
Com uma diferença de pouco mais de três milhões de votos sobre o seu adversário, a presidenta Dilma Royusseff foi reeleita neste domingo para mais um mandato de quatro anos. O resultado apertado – Dilma obteve 51% dos votos contra 48% dados a Aécio Neves – confirmou as últimas pesquisas, na mais disputada eleição presidencial do Brasil. Apesar do esforço da grande imprensa oposicionista, que abraçou abertamente a candidatura de Aécio, publicando inclusive matérias forjadas contra a presidenta Dilma, como a revista “Veja” que tentou à última hora influenciar o resultado do pleito, ela venceu com o decisivo apoio dos nordestinos. A virulência da campanha desenvolvida por Aécio, no entanto, com a participação nociva do ex-presidente FHC que chamou os nordestinos de “pobres e ignorantes”, acabou dividindo o país e criando um absurdo e condenável sentimento de ódio entre brasileiros de várias regiões. Usando as redes sociais, muitos paulistas declararam seu ódio inexplicável aos nordestinos, culpando-os, inclusive, como responsáveis pela seca em São Paulo. FHC conseguiu, com sua desastrada declaração, ampliar o preconceito contra o Nordeste, esquecendo deliberadamente que todos somos brasileiros e que os nordestinos foram de importância vital na construção de São Paulo. Preocupada com essa hostilidade, a presidenta Dilma Rousseff , em seu primeiro pronunciamento após anunciado o resultado da eleição, conclamou todos os brasileiros à união. E pregou o diálogo com a oposição.
Os erros
Além da força da presidenta Dilma no Nordeste, pelo menos quatro fatores contribuíram para ela derrotar o candidato tucano nas eleições de domingo último: a agressividade, arrogância e ironia de Aécio nos pronunciamentos, especialmente nos debates; as declarações do seu “ministro da Fazenda” Armínio Fraga, que deixaram claras as suas intenções de privatizar os bancos públicos e a Petrobrás; as desastrosas declarações do ex-presidente Fernando Henrique, que classificou os nordestinos de “pobres e ignorantes”, ampliando o preconceito que já existia; e o comportamento tendencioso da grande mídia, que apoiou abertamente o candidato do PSDB e tentou influenciar o eleitorado com notícias sistemáticas sobre corrupção sem, contudo, apresentar nenhuma prova. Ficou provado, com a reeleição de Dilma, que o povo brasileiro não se deixa mais conduzir pela grande imprensa e não pensa mais pela cabeça dos seus proprietários, que fizeram tudo para defenestrar o PT do Planalto. E deverão sofrer muito mais com a perspectiva de Lula voltar em 2018.
Lobão fica
Quando todos imaginavam que o cantor Lobão já estivesse arrumando as malas para deixar o Brasil (antes do pleito ele afirmou que se mudaria para outro país se Dilma vencesse) e muitos, inclusive, já estocavam foguetes para comemorar a mudança, ele anuncia que decidiu ficar, frustrando as expectativas. Algumas pessoas, conforme se verificou nas redes sociais, já estavam se preparando para pegar a carona dele e, também, mudar-se, de preferência para Miami, onde Aécio obteve a maior vitória deste pleito: mais de 91% dos votos válidos. Esse, na verdade, poderá ser o caminho natural de todos os que estão revoltados com a vitória de Dilma. Poderão até ser vizinhos do ex-ministro Joaquim Barbosa, que tem um apartamento naquela cidade americana. Quero, porém, lembrar aos conterrâneos inconformados com a derrota de Aécio, que o Brasil é o melhor país do mundo para se viver e que, mudando-se, perderão a oportunidade de acompanhar as mudanças que Dilma fará em seu segundo mandato.
sábado, 25 de outubro de 2014
Democracia em perigo
Esta coluna já alertava há dois dias, no comentário intitulado “Bateu o desespero nos tucanos”, que, diante dos resultados das últimas pesquisas revelando a liderança da presidenta Dilma Rousseff na corrida sucessória, possivelmente algo estaria sendo tramado nos porões do tucanato para mudar o veredito popular nas eleições de domingo. E o alerta se confirmou nesta quinta-feira com a publicação antecipada da revista “Veja”, com matéria de capa sobre suposto depoimento do doleiro Alberto Youssef acusando Dilma e Lula de coniventes com a corrupção na Petrobrás. “Eles sabiam de tudo”, é o título da matéria.
Ninguém tem dúvidas de que tudo não passa de mais uma armação da “Veja”, useira e vezeira nesse tipo de jornalismo marrom, para tentar influir no resultado das eleições, uma vez que no próprio texto já faz uma ressalva: “O doleiro não apresentou – e nem lhe foram pedidas – provas do que disse”. Ora, todo mundo sabe que acusação sem provas não tem nenhuma validade, mas a revista da Marginal Pinheiros não está interessada na verdade e sim, única e exclusivamente, em provocar um escândalo que possa contribuir para impedir a reeleição da Presidenta. A sua irresponsabilidade não tem limites e certamente por isso perdeu credibilidade e agoniza.
Não é difícil perceber que tudo faz parte de um plano meticulosamente arquitetado, com a nítida participação da grande mídia oposicionista e de colunistas inteiramente comprometidos, para apear o PT do poder. E como atingir esse objetivo ficou quase impossível depois das mais recentes pesquisas que dão a vitória a Dilma, vale tudo nesta reta final da campanha, inclusive publicar matérias forjadas. A estratégia é a mesma de sempre: a “Veja” faz o escândalo, os outros veículos repercutem, em especial a televisão já que o povão não lê a revista, e os parlamentares da oposição fazem muito ruído no Congresso. E o candidato oposicionista Aécio Neves, ciente da armação e seu principal beneficiário, faz a sua parte repetindo a mesma frase de sempre, ou seja, de que “a denúncia é muito grave”.
Uma das provas de que a ação é orquestrada está na “coincidência” de opinião de dois dos principais porta-vozes da direita enraivecida e golpista – Reinaldo Azevedo e Merval
Melo – que pregam, descaradamente, o impeachment da Presidenta. No seu artigo desta sexta-feira Merval diz que “como na delação premiada é preciso provar as denúncias para que os benefícios se concretizem, o decorrer do processo mostrará se existem condições de incluir a atual e o ex-presidente em um processo criminal. Nesse caso – acrescenta – o impeachment da Presidenta será inevitável, caso ela seja reeleita domingo”. Já Reinaldo se mostra mais incisivo, quando diz que “se Youssef estiver falando a verdade – num processo de delação premiada – e se Dilma for reeleita, ela será deposta”. Ou seja, querem ganhar a Presidência de qualquer jeito, até mesmo através de um golpe.
O advogado do doleiro, o criminalista Antonio Figueiredo Basto, desmentiu a matéria da “Veja”, afirmando: “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso. Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso”. O que mais surpreende, no entanto, é a omissão generalizada quanto ao comportamento de todos os envolvidos na tomada dos depoimentos dos delatores “premiados”, a começar do próprio juiz Sérgio Moro, que nunca veio a público para explicar os vazamentos ou negá-los. Ninguém sofre nenhum tipo de punição, como se o vazamento seletivo de depoimentos secretos fosse a coisa mais natural do mundo. Diante do completo silêncio dos participantes do inquérito, que parecem assistir divertidos a sua publicação, tem-se a impressão de que todos são coniventes com essa gigantesca armação para impedir a reeleição de Dilma.
Este artigo foi escrito antes do debate de sexta-feira a noite na TV Globo, mas não há dúvida de que a antecipação da publicação da “Veja” para quinta-feira, com a reportagem criminosa, teve, também, o objetivo de fornecer ao candidato tucano Aécio Neves munição para atacar a candidata petista no último confronto televisivo. Diante do escândalo montado pela revista e da pregação dos colunistas representantes da direita mais reacionária, não há dúvida de que um golpe seria o último recurso para tomar o poder do PT, caso a matéria da “Veja” e o último debate na TV não produzam os efeitos desejados, ou seja, a derrota de Dilma. O colunista Azevedo foi muito claro quando disse que a Presidenta deve ser deposta. A democracia, pelo visto, está correndo riscos.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Desespero
O desespero parece ter tomado conta dos tucanos, às vésperas do pleito, diante dos resultados das mais recentes pesquisas, que mostram a presidenta Dilma Rousseff na dianteira da corrida sucessória. Os colunistas que apóiam a candidatura de Aécio Neves, visivelmente desanimados, já partem para outros argumentos que soam como um apelo a golpe – a exemplo do coordenador da campanha tucana, Alberto Goldman, que sugere dificuldades para a posse de Dilma num segundo mandato – certamente convencidos de que dificilmente o senador mineiro conseguirá mudar o placar em tão curto espaço de tempo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos piores cabos eleitorais de Aécio – pesquisa revela que mais de 50% dos eleitores não votam em candidato apoiado por ele – resolveu de repente engolir o seu preconceito contra os pobres do Nordeste, que classificou de ignorantes, e na tentativa de conquistar os seus votos confessou-se “neto de nordestino, com muito orgulho”. O seu desespero, porém, não termina nessa confissão, com a qual imagina enganar o nordestino, subestimando a sua inteligência: anunciou uma grande manifestação popular para por fim à “podridão no país”. Ao que parece também já admite a derrota.
Aparentemente, a julgar pela atitude de desespero dos partidários de Aécio, alguma coisa está sendo tramada nos porões do tucanato como uma última tentativa para mudar a perspectiva de derrota no próximo domingo. Os petistas, em especial a sua candidata à reeleição, devem redobrar sua atenção para o último debate, previsto para esta sexta-feira, na Globo. Esses debates já estão muito chatos, porque são apenas a repetição de tudo o que já foi dito – até os principais temas em discussão já são bastante conhecidos – mas as redes de televisão teimam em promovê-los para mostrar prestígio e assegurar audiência. O ex-presidente FHC, quando concorreu à reeleição, não compareceu a nenhum debate e venceu.
Tudo indica que a questão da corrupção na Petrobrás, até pouco tempo o grande trunfo dos tucanos para bater em Dilma, deverá continuar sendo o centro das discussões, mas agora com menor virulência de Aécio porque o delator Roberto Costa revelou o envolvimento de figuras graúdas do PSDB, entre eles o ex-presidente nacional do partido, Sergio Guerra, já falecido. Esta semana o doleiro-auxiliar Leonardo Meireles revelou, em depoimento, que um senador tucano paranaense também foi beneficiado com “doações” de Alberto Youssef. Só não disse o nome porque foi impedido pelo juiz Sérgio Moro, mas há especulações de que se trata do senador com voz empostada de locutor que, a exemplo do até recentemente “paladino da honestidade” Demóstenes Torres, vive apontando o dedo acusador para membros do governo.
Por outro lado, o governador Geraldo Alkmin, de São Paulo, se queixa das críticas que a presidenta Dilma Rousseff tem feito ao seu descaso com o problema da falta de água em seu Estado. Ele provavelmente finge que não sabe que essas mesmas críticas tem sido feitas , em tom de indignação, após a realização do primeiro turno das eleições, pela “Folha de São Paulo”, que classificou o problema de “incúria dos tucanos que governam o Estado desde 1995”. Essa indignação, no entanto, conquanto legítima, agora soa falsa, porque os jornalões paulistas se tornaram coniventes com Alkmin, ao esconder o problema e salvaguardá-lo até o dia do pleito, para não prejudicar a sua reeleição.
Enquanto isso, crescem os indícios de possíveis compromissos do candidato tucano com governos e capital estrangeiros. Depois do periódico britânico “The Economist” declarar-se abertamente favorável à eleição de Aécio, agora foi a vez do ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Mel Levitsky, manifestar-se a favor do candidato do PSDB que, caso eleito, segundo ele, seria imediatamente convidado para uma visita à Casa Branca. E se Dilma for reeleita, segundo disse, o governo americano “faria uma diplomacia silenciosa para descobrir se ela não vai recusar outra vez”. Ainda de acordo com Levitsky, Lula era equilibrado e sensível, enquanto Dilma tem uma política econômica mais à esquerda. Ou seja, sabem que com a candidata petista o Brasil não voltará a ser submisso à política norte-americana.
Não parece muito difícil perceber que num eventual governo tucano o nosso país voltaria a ser subserviente à grande nação do Norte, a exemplo do governo de Fernando Henrique, certamente um vergonhoso retrocesso nos avanços conquistados desde o governo Lula, que tornou o Brasil respeitado em todo o mundo. O povo brasileiro está perfeitamente consciente dos riscos que a eleição de Aécio representaria para a nossa soberania e, por isso, já decidiu reeleger Dilma no próximo domingo. Pelo menos é isso o que dizem as últimas pesquisas de intenção de voto.
Eleição já definida
Os debates entre os presidenciáveis na televisão ficaram muito chatos. E “enjoativos”, na opinião do senador eleito José Serra, que não agüenta mais a discussão sobre a corrupção na Petrobrás, principalmente depois que o delator Roberto Costa revelou que o ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra (já falecido), também foi beneficiado com R$ 10 milhões. Se cada rede de televisão decidir promover um debate, o que sem dúvida é garantia de audiência, os candidatos Dilma Roussef e Aécio Neves não farão mais outra coisa a não ser trocar acusações diante das câmeras e dos olhos de milhões de brasileiros ansiosos por boas notícias.
O debate de domingo último na Record, porém, mostrou-se mais civilizado que o anterior, com os candidatos mais tranqüilos e menos agressivos. Alguém, certamente seus marqueteiros, deve ter alertado Aécio sobre a sua virulência no debate do SBT, que repercutiu muito mal entre os eleitores e, talvez por isso, desde quinta-feira última até domingo nenhuma pesquisa foi divulgada pela grande mídia, provavelmente porque refletia o humor negativo do eleitorado diante do mau comportamento do candidato tucano. E no domingo, na Record, ele mostrou-se mais comedido, o que permitiu uma discussão menos passional dos problemas nacionais.
Aécio, no entanto, como sempre, fugiu das respostas, buscando com a sua reconhecida acrobacia verbal confundir o telespectador. Deu-se mal, outra vez, quando voltou a bater na tecla da corrupção na Petrobrás, pois Dilma lembrou o envolvimento do ex-presidente do PSDB e, também, que o caso está sendo investigado e os seus responsáveis presos, ao contrário do que ocorria no governo de FHC, do seu partido. Rebatendo a afirmação do candidato tucano de que a Petrobrás vai muito mal e está desvalorizada, a Presidenta levantou a suspeita de que a maior empresa estatal brasileira está sendo denegrida por Aécio justamente como preparação para a sua privatização num eventual governo do PSDB.
A certa altura da discussão sobre a corrupção na Petrobrás, quando Dilma disse que mandou a Policia Federal investigar o fato, Aécio arrancou aplausos da sua claque ao dizer que as instituições não precisam de ordens da Presidenta para funcionar e cumprir sua obrigação, mas entrou em contradição logo adiante quando o tema abordado foi segurança pública. Disse que comandará pessoalmente, como presidente da República, as ações policiais. Ou seja, as instituições só funcionam naturalmente, sem precisar de ordens do Palácio do Planalto quando ele, Aécio, não é o seu ocupante. Ele se fez de desentendido, porém, quando a candidata petista lembrou que no governo de FHC os delegados da Policia Federal eram trocados todas as vezes em que as investigações chegavam perto do Planalto.
A propósito, em carta ao jornalista Élio Gáspari sobre as acusações de impunidade às denúncias de corrupção no seu governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou todas elas. “Quanto ao caso Sivam – disse na missiva – a contratação da Raytheon se deu no governo Itamar”. Ou seja, ele lembra que o problema ocorreu na gestão de Itamar, mas esquece, numa crise de amnésia que já demora muito tempo, que a estabilização da moeda, com o Plano Real e o controle da inflação, também aconteceu no governo do seu antecessor. A presidenta Dilma, aliás, calou Aécio, lembrando a identidade do verdadeiro pai do Real, quando ele voltou a insistir na velha mentira de que foi no governo FHC que a economia foi estabilizada.
O senador mineiro, durante o debate, acusou a candidata do PT de fazer terrorismo. “Não, candidato – ela respondeu – quem faz terrorismo é o seu ministro da fazenda, escolhido antes da hora, que disse não saber o que vai sobrar dos bancos públicos caso o senhor seja eleito. Os funcionários do Banco do Brasil, Caixa e BNDES estão muito preocupados”. Aécio, pelo visto, errou duas vezes nesse caso: primeiro, ao antecipar a escolha do “ministro” sem a garantia de ser eleito e, segundo, por ter escolhido Arminio Fraga, reconhecidamente ligado ao capital estrangeiro. E que, entusiasmado com a possibilidade de ocupar a pasta, vem falando pelos cotovelos, provocando prejuízos ao seu candidato. Suas declarações não deixam margem de dúvidas quanto à intenção de privatizar esses bancos.
Por outro lado, a propaganda eleitoral do candidato tucano repete, insistentemente, gravação de uma antiga declaração da presidenta Dilma Rousseff dizendo que ”Aécio foi um dos melhores governadores do país”. Na verdade, não apenas Dilma, mas todo mundo também pensava o mesmo até que as ações negativas do seu governo, como as questões dos recursos destinados à saúde, a censura à imprensa e a construção do aeroporto de Claudio, entre outros, começaram a vir à tona, obviamente obrigando todos a reformularem sua opinião porque foram enganados. O mesmo ocorreu na Petrobrás, cujo diretor Paulo Roberto Costa era considerado bom moço até a descoberta das suas falcatruas, envolvendo milhões de reais. Infelizmente, ninguém tem letreiro na testa.
Não se pode deixar de lamentar, na oportunidade, a absurda censura imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral, que proibiu a inserção na propaganda de notícias já divulgadas pela imprensa e de depoimentos de simpatizantes dos dois candidatos. O TSE proibiu o cidadão, justo aquele que elegerá o novo governante, de manifestar publicamente o seu voto, o que foi condenado inclusive pelo renomado jornalista Jânio de Freitas, da “Folha de São Paulo“. O mais surpreendente é que tal censura só surgiu depois que o partido de Aécio ingressou com reclamações contra a veiculação de matérias, já publicadas, que revelam aspectos negativos do governo do candidato tucano em Minas Gerais.
Apesar de uma série de estranhos acontecimentos e “coincidências” destinados, claramente, a prejudicar a candidata do PT, o fato é que está se aproximando o dia do pleito e, ao que tudo indica, o número de eleitores dos dois candidatos já está praticamente definido, considerando que não há mais tempo para alterar o quadro. Afinal, os debates já realizados, a propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão e o trabalho de corpo-a-corpo nas ruas em todo o país já devem ter produzido os efeitos desejados. E a não ser que uma verdadeira bomba de efeito devastador estoure até domingo, o eleitorado já decidiu o vencedor, numa das mais disputadas eleições deste país.
domingo, 19 de outubro de 2014
A ameaça tucana
Quando um veículo de comunicação estrangeiro toma partido de um candidato e prega a derrota do outro, nas eleições presidenciais do Brasil, é sinal de que tem alguma coisa errada. Se o britânico “The Economist” defende abertamente a eleição de Aécio Neves, ao mesmo tempo em que exorta os eleitores brasileiros a não votarem na presidenta Dilma Roussef, é mais do que evidente de que a eleição do candidato tucano interessa aos estrangeiros, certamente porque vêem nele a repetição do governo de FHC, que vendeu para grupos econômicos internacionais grande parte do patrimônio nacional. Eles agora estão de olho na Petrobrás, uma das maiores empresas de petróleo do mundo.
O periódico britânico, contrariando a postura profissional de um veículo sério, não se preocupou em fazer uma análise isenta das eleições brasileiras mas, seguindo o mesmo comportamento tendencioso da grande imprensa nacional, adotou uma atitude ilegítima de oposição ao governo do PT, uma interferência indébita nos assuntos internos do nosso país, que poderá influir nos votos dos brasileiros que vivem na Inglaterra. O fato deve servir de alerta sobre as ligações do candidato tucano que, ao anunciar antecipadamente a escolha de Armínio Fraga para seu ministro da Fazenda, caso vença o pleito, sinalizou para o capital estrangeiro a sua disposição de dar prosseguimento ao projeto de privatizações do seu partido. Como se sabe, Fraga, que viveu praticamente toda a sua vida nos Estados Unidos, é ligado ao mega empresário americano George Soros.
Isso, porém, é apenas um detalhe da ameaça sombria que paira sobre o Brasil se Aécio vencer as eleições no próximo dia 26. Entre outras coisas deverá desaparecer a transparência que existe hoje no país, com a imprensa desfrutando de plena liberdade para divulgar tudo, verdades ou não, sem preocupar-se com os males que possa produzir em pessoas ou grupos. Assim como ele fez em Minas, onde provocou a demissão de jornalistas e impediu a divulgação dos aspectos negativos do seu governo, fará no país, onde já conta com a cumplicidade da grande mídia. Será uma doce censura, porque exercida através da ação financeira, exatamente como fez Fernando Henrique Cardoso quando governou o Brasil. Está aí, aliás, uma das diferenças entre os governos do PSDB e do PT: os tucanos são generosos na publicidade com o dinheiro público, enquanto os petistas cobram os impostos sonegados.
Os eleitores mais atentos e preocupados, efetivamente, com o futuro do país já estão se convencendo dos riscos que a eleição de Aécio representa para o país. A facilidade com que ele mente, sem corar as bochechas, ficou evidente nos debates, onde praticamente não respondeu a nenhuma pergunta, optando pela agressão grosseira – algumas vezes até desrespeitosa e deselegante com a presidenta-mulher – por falta de explicações convincentes. Seu argumento preferido para atacar a candidata petista, no entanto, a corrupção na Petrobrás, perde força na medida em que Roberto Costa, na delação premiada, revela que também o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o ex-governador Eduardo Campos, do PSB, ambos já falecidos, foram beneficiados com as propinas milionárias. Ele passou, assim, a ser o roto falando do esfarrapado.
A sua virulência no debate promovido pelo SBT, classificado por alguns jornalistas como uma vitória sobre sua concorrente, ao contrário do que ele poderá pensar não o premiará com mais votos, pois o povo não aceita agressões, principalmente contra uma mulher. Como se recorda, ele também foi agressivo com a candidata do PSOL, Luciana Genro, no debate promovido pela Globo, quando ela o questionou sobre a construção do aeroporto de Claudio em terras da sua família, com dinheiro público. A cada debate fica mais clara a sua dificuldade em explicar certos fatos desabonadores e, por isso, decidiu colocar em prática a estratégia segundo a qual a melhor defesa é o ataque. Mas será que ele seria assim tão valente se debatesse com um homem?
Segundo revelou a “Folha” ele chegou a comemorar a sua performance com a ex-candidata Marina Silva, comentando o ligeiro mal-estar da presidenta Dilma Rousseff no final do debate. “Voce viu – ele teria dito a Marina – o desespero dela? Até passou mal”. O fato é que somente agora o Brasil começa a conhecer Aécio Neves, mas o mineiro, que o conhece bem há muito tempo, derrotou o seu candidato ao governo do Estado, sinalizando para o país insatisfação com a sua administração. Os brasileiros, portanto, não podem permitir que o país inteiro viva os problemas que os mineiros viveram durante o seu governo e, muito menos, a venda do resto do patrimônio nacional deixado por Getulio Vargas. Chega de vendilhões!
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Cabo eleitoral
Está explicado porque o juiz Sério Moro, da Operação Lava-Jato, programou, com direito a divulgação em tom de escândalo, os depoimentos de Paulo Roberto e Alberto Youssef para o segundo turno das eleições presidenciais: ele estaria esperançoso de ser recompensado pelo seu trabalho como cabo eleitoral, caso Aécio Neves seja eleito, com a sua nomeação para ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga aberta com a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa.
Segundo o jornalista Paulo Moreira Leite o nome do magistrado consta de uma lista de candidatos ao STF, elaborada em agosto último pelo Ministério Público, que não teria recebido a esperada atenção da presidenta Dilma Roussef. Aliás, antes mesmo de se tomar conhecimento dessa lista o conhecido advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, já havia afirmado: “O doutor Sérgio Moro é candidato potencial a uma vaga de ministro do STF. E, do jeito que a coisa vai, pode ser indicado se o Aécio Neves virar presidente da República”.
Com esse comportamento suspeito, visivelmente favorável à eleição do candidato tucano – cujos efeitos estão sendo sentidos nas mais recentes pesquisas de intenção de votos – o juiz Sergio Moro já está sendo considerado o eleitor numero um de Aécio. O eleitor número dois é a grande imprensa oposicionista que, com acesso livre aos depoimentos, no que o jornalista Jânio de Freitas chamou de “sigilo com alto-falante”, vem fazendo um estardalhaço, mesmo sabendo que as acusações falecem de provas, para atingir o objetivo que vem perseguindo há tempos: tirar o PT do Palácio do Planalto.
Ao mesmo tempo, o PSB de Marina Silva, pela maioria dos seus membros, decide apoiar a candidatura tucana, “jogando no lixo – como disse o seu presidente Roberto Amaral – o legado dos seus fundadores e renegando compromissos programáticos e estatutários”. Em nota distribuída no final de semana, depois de dizer que “ao aliar-se à candidatura Aécio Neves o PSB traiu a luta de Eduardo Campos”, Amaral indagou: “Como honrar o legado do PSB optando pelo polo mais atrasado?” Na mesma nota ele manifestou seu apoio à reeleição da presidenta Dilma Roussef, afirmando que neste momento, ela é a “única alternativa para a esquerda socialista e democrática”.
Por sua vez, Marina decidiu descer do muro e manifestar seu apoio à candidatura de Aécio. Em extensa nota distribuída também no final de semana, a ex-senadora disse que votará no candidato tucano e o apoiará, votando nos compromissos assumidos por ele e “dando um crédito de confiança à sua sinceridade de propósitos”, mas deixando à sociedade brasileira “a tarefa de exigir que sejam cumpridos”. É ótimo: ela aprova e os outros que cobrem. Entre esses compromissos está o fim da reeleição para cargos executivos, mas só a partir de 2022, conforme o próprio Aécio. Ou seja, promessa de político em véspera de eleição.
Com essa atitude a fundadora da Rede deixou cair a máscara que manteve afivelada no rosto durante toda a sua carreira política no PT, renegando suas origens e até mesmo os postulados de Chico Mendes. Tendo mudado quatro vezes de partido, por interesses contrariados – e não por discordar dos rumos das legendas – ela deixou evidente que a tão alardeada “nova política” continua muito velha, inclusive com o ranço do neoliberalismo do governo FHC, que aprova agora. Na verdade, conforme já deu mostras, ela se movimenta de acordo com as circunstâncias, sem nenhuma ideologia, o que desmente o seu discurso.
Mas enquanto Marina, Eduardo Jorge e o pastor Everaldo declaram seu apoio a Aécio Neves, a candidata do PSOL, Luciana Genro, liberou seus correligionários mas não desceu do muro. Poderia, como fizeram parlamentares do seu partido, firmar posição política mais clara no cenário nacional, inclusive com vistas ao futuro, declarando apoio a um dos dois candidatos ao Planalto mas, ao contrário dos demais concorrentes, preferiu fazer como Pilatos e lavou as mãos. Está contribuindo, dessa forma, para a eleição do candidato do PSDB, que a classificou de “despreparada” para concorrer à Presidência da República.
Bem, o fato é que faltando apenas quinze dias para o pleito a disputa se mostra cada vez mais difícil para os dois candidatos, embora algumas pesquisas apontem maior vantagem para o tucano, que conta com as valiosas “coincidências” do calendário da Justiça e da escandalosa cobertura da grande mídia oposicionista. É evidente que a sistemática campanha da imprensa comprometida, que vem demonizando o PT e criminalizando o governo Dilma, tem causado grandes estragos ao projeto de reeleição da Presidenta, mas hoje o povo, graças a outros canais de informação como a Internet, já não se deixa influenciar tanto pelo noticiário tendencioso. E ao contrário do que disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os pobres não são ignorantes e sabem perfeitamente discernir o que é melhor para eles.
domingo, 12 de outubro de 2014
O perigo tucano
O perigo tucano
Ninguém precisa ser muito inteligente para perceber o gigantesco mecanismo, montado por poderosas forças internas e externas, para retirar o PT do poder. Essas forças políticas e econômicas, sem nenhum compromisso com o futuro do país, se unem num processo articulado para atingir objetivos que não são os mesmos do povo brasileiro. Constata-se, desse modo, que o que está em jogo nestas eleições não é apenas o poder temporal no Brasil, mas a sua soberania, o seu posicionamento no concerto das nações como país ideologicamente independente, capaz de se fazer ouvir no cenário mundial e de impor-se como potencia emergente.
A Grande Imprensa é, talvez, a mais importante engrenagem desse mecanismo, que tem peças como tentáculos atuando nos mais diferentes setores de atividades do país, inclusive no judiciário, onde as questões que possam contribuir para apear os petistas do poder são programadas, “coincidentemente”, para serem investigadas ou julgadas nos períodos eleitorais. Maus brasileiros mais preocupados com os seus próprios interesses, coadjuvados por inocentes úteis, completam o mecanismo, que vem funcionando desde o início do mandato da presidenta Dilma Roussef e que, conforme previsto, intensificou sua ação nesta reta final das eleições presidenciais.
Primeiro tentaram influenciar o resultado das eleições municipais de 2012, objetivando sobretudo impedir a vitória petista na capital paulista, como importante passo para afetar o pleito presidencial deste ano. O julgamento do chamado mensalão no período eleitoral, uma “coincidência” que contou com a valiosa colaboração do ex-ministro Joaquim Barbosa – que não obedeceu a legislação e manteve no mesmo pacote réus com e sem direito a foro privilegiado – não surtiu o efeito desejado porque o petista Fernando Haddad foi eleito prefeito da maior cidade do país, mas causou danos ao governo do partido no âmbito federal.
Agora, também “coincidentemente”, programaram para os dias que antecedem o segundo turno do pleito presidencial os depoimentos referentes à delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, com direito a ampla divulgação, na grande mídia oposicionista, de frases habilmente selecionadas para produzir o efeito desejado, ou seja, influir no voto dos eleitores. O jurista Luiz Moreira, membro do Conselho Nacional do Ministério Público, criticou o processo, afirmando que “há uma engenharia responsável pelo vazamento que seleciona criteriosamente que partes devem ser divulgadas e o momento adequado para que o vazamento chame mais atenção e cause mais impacto nos eleitores”. É exatamente o que estão fazendo os veículos que integram a grande mídia, até com manchetes semelhantes.
Na verdade esse ataque da imprensa oposicionista já era esperado, mas o que surpreende é a cumplicidade de setores da justiça, visível com a recomendação aos depoentes para não citar nomes de pessoas com mandatos, o que, conforme lembra a colunista Tereza Cruvinel, levaria o problema para a órbita do Supremo Tribunal Federal, onde Barbosa não mais se encontra para fazer a sua parte. Os dois corruptos, então, fazem acusações sem citar nomes e sem apresentar provas, o suficiente, porém, para que o fato seja escandalizado em grandes manchetes dos jornalões e nas emissoras de televisão, com efeitos desastrosos para os projetos do PT. E os parlamentares oposicionistas completam o processo repercutindo as noticias no Congresso Nacional.
Já há temores de que essa estratégia, exaustivamente utilizada nos últimos quatro anos, tem também como objetivo preparar o terreno para privatizações, especialmente da Petrobrás, que há tempos desperta a cobiça de poderosos grupos econômicos estrangeiros. A revista “Época”, em sua última edição, torna evidente o projeto de privatização da maior empresa estatal brasileira num eventual governo de Aécio Neves, ao atribuir seus problemas de corrupção justo ao seu controle pelo governo. Mas não é apenas a Petrobrás que está na mira dos tucanos. Também o Banco do Brasil e o BNDES poderão ser privatizados, como deixou escapar o “minisftro da Fazenda” de Aécio, Arminio Fraga, em recentes declarações.
Para completar, diplomatas ligados ao tucanato sinalizam para uma mudança da política externa brasileira, com o abandono do Mercosul e a retomada do atrelamento aos Estados Unidos, que não escondem sua insatisfação com os últimos posicionamentos do governo da presidenta Dilma Roussef que, além de enfrentá-los no caso da espionagem e de não aprovar suas decisões belicistas, participou da criação do Banco dos BRICS, uma iniciativa que deu maior força ao bloco formado com a Russia, India, China e África do Sul. Por isso, há quem acredite que os norte-americanos também estariam participando do mecanismo que, atuando em diferentes frentes, vem trabalhando para derrotar o PT nas eleições presidenciais. Isso não é dificil, considerando a participação deles no golpe de 64.
Vale lembrar ainda o vergonhoso divisionismo levantado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que chamou os pobres nordestinos que votaram em Dilma de ignorantes, o que serviu de estimulo para internautas preconceituosos que chegaram, inclusive, a sugerir nas redes sociais o lançamento de uma bomba no Nordeste para acabar com a sua população. Com semelhante declaração, imprópria para um ex-presidente que pretende voltar a ter poder com a eventual eleição de Aécio Neves, não é difícil concluir que os pobres voltarão a ser tratados a pão e água, como no governo dele, caso o tucano seja eleito. Só um cego não vê o tamanho da arapuca que foi armada, com a decisiva participação da imprensa oposicionista, para levar o Brasil de volta aos tempos em que o Brasil vivia de pires na mão diante do FMI e com uma coleira puxada pelo Tio Sam.
Crise de seriedade
Ora viva! A “Folha de São Paulo” teve esta semana uma crise positiva de jornalismo sério e publicou, na quinta-feira última, editorial sobre o problema da falta de água no seu Estado. O jornalão, incorporando seu antigo espírito de seriedade profissional, criticou as declarações irônicas da presidente da Sabesp, Dilma Pena, na CPI da Câmara de Vereadores e, também, o descaso dos governos tucanos nas últimas décadas com relação às providências, reclamadas pelos técnicos, para evitar justamente um colapso no abastecimento de água da região metropolitana paulista.
Sob o título de “Falta de água é coisa séria”, o editorial classifica de piada a declaração de Dilma Pena de que “não existe racionamento, mas administração da disponibilidade de água”, e acusou o governo de Geraldo Alkmin de não agir com transparência sobre o problema. “Alkmin demonstrou, ao deixar a situação chegar a esse ponto – diz o jornal – que se pauta pelo calendário eleitoral”. É verdade, e o próprio jornal também seguiu a mesma pauta ao preservá-lo, deixando de abordar o grave problema com a amplitude que merecia, no período que antecedeu ao pleito, para não prejudicar a sua reeleição no primeiro turno.
Mais adiante diz o editorial que “embora esta seja uma estiagem recorde, não faltaram avisos às gestões tucanas, que comandam o Estado desde 1995”. E acrescentou: “Os governadores foram omissos”. Com esse editorial, embora deliberadamente atrasado, a “Folha” parece ter revivido os velhos tempos da imprensa séria, que usava o espaço adequado para manifestar a sua opinião, ao contrário do que ocorre hoje, quando todo o noticiário é utilizando para marcar posição política, o que compromete a sua credibilidade na medida em que as notícias passam a ser lidas com desconfiança.
Ainda segunda-feira passada o “Estado de São Paulo” publicou editorial manifestando o seu sentimento de alívio por ter o candidato tucano Aécio Neves ultrapassado Marina Silva e conquistado o direito de concorrer ao segundo turno das eleições presidenciais. É legítimo o direito de todos os brasileiros, inclusive dos proprietários dos maiores veículos de comunicação de massa do país, de ter candidatos da sua preferência para qualquer cargo eletivo, mas não é legítimo, nem profissional ou ético, que os jornalões utilizem o noticiário para fazer a campanha eleitoral deles. O editorial deve ser o espaço adequado para que fixem suas posições, como fez o “Estadão”, ao declarar seu amor por Aécio.
Os antigos fundadores e proprietários desses jornalões, que formam a Grande Imprensa nacional, provavelmente reviram nos túmulos quando seus descendentes lançam na lata de lixo a credibilidade e a tradição de jornalismo sério que construíram ao longo de décadas. Na era da informática no mundo moderno de hoje, em que a internet se transformou no mais importante veículo de comunicação do planeta, os jornais impressos deveriam primar pela isenção e pela ética na veiculação das notícias, deixando para opinar nos editoriais, porque já existe uma tendência para o seu desaparecimento, em futuro próximo, diante da gradual predominância dos jornais virtuais, que interagem com seus leitores. O “Brasil 247” é o melhor exemplo dessa nova era.
A morte anunciada da revista “Veja”, que foi perdendo leitores justamente pela perda de credibilidade por conta de suas matérias tendenciosas, deve servir de alerta para os que se julgam suficientemente fortes para resistir ao sopro renovador que varre o planeta, tornando seus habitantes mais antenados com tudo o que acontece em toda parte. As pessoas não dependem mais dos jornais, revistas ou mesmo televisões para saber o que está acontecendo no mundo e, sobretudo, não enxergam mais os fatos pela ótica dos veículos de comunicação. As redes sociais lhe dão informações instantâneas, cabendo a cada uma apenas usar a massa cinzenta para separar o joio do trigo.
Os jornalões, portanto, que vem perdendo espaço entre os leitores justamente pelo atual descomprometimento com a informação, deveriam repensar o comportamento que os transformaram praticamente em partidos políticos. E restaurarem a tradição de confiabilidade conquistada pelos seus fundadores, como fez a “Folha” com seu editorial atrasado de quinta-feira. Talvez assim possam reconquistar a confiança e o respeito do público leitor.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Disputa dificil
O segundo turno das eleições presidenciais será uma disputa muito difícil, especialmente para a presidenta Dilma Roussef, que terá de enfrentar não apenas os tucanos e seus aliados mas, principalmente, a grande imprensa oposicionista que, tendo comemorado abertamente a presença de Aécio Neves na segunda fase do pleito, já começa a intensificar o bombardeio na candidata petista com matérias nitidamente tendenciosas. Basta uma espiada nos títulos da edição desta quarta-feira para se prever o que virá por aí até o próximo dia 26, data do pleito.
Exemplo disso foi a notícia sobre a apreensão em Brasilia, pela Policia Federal, de R$ 116 mil conduzidos pelos ocupantes de um jatinho. A “Folha de São Paulo” publicou nesta quarta-feira a seguinte manchete: “Empresário e colaborador do PT em MG são detidos com dinheiro suspeito”. O que o jornalão paulista chama de “colaborador” do PT é um ex-assessor do Ministério das Cidades, demitido há mais de três meses. Pergunta-se: o que tem o PT a ver com o ex-assessor? O título, obviamente, tem o objetivo de ligar o “dinheiro suspeito” ao partido da Presidenta, mesmo sem nenhuma acusação de ilegalidade, criando desse modo um factóide que possa de algum modo prejudicar a sua candidatura.
O “Globo”, por sua vez, foi mais jornalístico ao noticiar o fato com o título: “PF apreende R$ 116 mil com trio em jatinho”. No texto o jornalão carioca destaca que o consultor de segurança da TV Globo, Daniel Lorenz, ex-delegado da Policia Federal, disse que não é crime transportar dinheiro dentro do país, mas é preciso explicar a sua origem. Esse detalhe, porém, provavelmente uma distração do redator do texto, talvez possa acender, para o leitor mais atento, uma luzinha para desvendar o mistério do acesso do jornal a depoimentos em inquéritos sigilosos da PF.
O fato é que em prosseguimento à execução do projeto destinado a defenestrar o PT do poder, com notícias que influenciem o leitor contra a candidata petista, a “Folha”, na edição desta quarta-feira, publicou outros títulos visivelmente negativos para a Presidenta, como estes: “Dilma esteve apenas cinco vezes no Planalto nos últimos dois meses”; “Inflação oficial supera teto da meta em 12 meses e é o maior em três anos”; e “Após derrota Suplicy espera por telefonema de Lula e da Presidenta”. O manchetômetro do Rio, pelo visto, vai ter muito mais registro nestas duas semanas que nos separam das eleições no segundo turno.
Aliás esse comportamento da grande mídia não surpreende mais ninguém, sobretudo após o editorial de “O Estado de São Paulo”, edição de terça-feira, sob o título de “Alivio e esperança”, sobre o resultado das eleições no primeiro turno, que colocou o candidato tucano na disputa. O editorial começa dizendo que a exclamação de um dos seus leitores – “Ufa!” – “resume o sentimento de alívio com que a maioria dos brasileiros conheceu o resultado da votação de domingo”. Além de revelar o seu próprio sentimento, o jornal paulista mente ao afirmar ter “a maioria dos brasileiros” recebido o resultado com alivio, pois se fosse efetivamente a maioria que tivesse tal sentimento Aécio teria chegado ao segundo turno em primeiro lugar.
Mas isso é apenas uma parte da luta que Dilma vai ter de travar para conseguir a reeleição. Ela tem, também, a oposição feroz da maioria da classe dos médicos, por conta do programa “Mais Médicos”, que teria sido um dos grandes adversários de Alexandre Padilha em São Paulo. Através das redes sociais, não apenas médicos, mas pacientes e amigos, têm sido bombardeados diariamente com mensagens com críticas acerbas a Dilma e pedido de votos para Aécio. A página “Dignidade Médica”, no Facebook, por exemplo, contém postagens inclusive com proposta para “castração química” de nordestinos. Houve até quem sugerisse que os médicos promovessem um “holocausto” no Nordeste, onde Dilma teve cerca de 70% dos votos. Essa página conta com cerca de 100 mil usuários que se dizem médicos.
Para completar essas manifestações de ódio inexplicável ao Partido dos Trabalhadores e à sua candidata, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece estimular tal sentimento ao chamar os nordestinos de ignorantes. Com a língua mais solta, após a performance do seu candidato, ao analisar a expressiva votação de Dilma no Norte e Nordeste, o ex-presidente disse que “o PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres”. Ele acrescentou que o partido “está apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados”. É como se o voto do nordestino e do pobre não tivesse o mesmo valor do voto do rico e do sulista. Na verdade, para quem chamou os aposentados de “vagabundos” semelhante declaração não surpreende.
Resta saber como é que os tucanos conseguirão conciliar esse sentimento anti-nordestino com a busca dos seus votos, sem os quais nenhum candidato a Presidente se elegerá. E como é que a acreana Marina Silva, de origem humilde, conseguirá justificar, diante desse panorama extremamente preconceituoso para com os brasileiros das regiões mais pobres, a sua posição de apoio a Aécio no segundo turno?
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Começa a corrida
A grande imprensa oposicionista – e não a proposta de mudança – foi a principal responsável pela presença de Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais. A sua influência no sul e sudeste, onde tem maior penetração porque é lá que estão sediados os jornalões, ficou evidente com a votação do candidato tucano, que venceu com uma diferença expressiva a presidenta Dilma Roussef nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, cujos governadores foram eleitos no primeiro turno.
A sua influência mais importante naturalmente foi em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, cujo governador Geraldo Alkmin, que liderou todas as pesquisas de intenção de votos, foi reeleito com larga margem de votos sobre seus opositores, apesar dos grandes problemas do Estado, como a falta de água e a insegurança pública. Qual a explicação? Como o paulista certamente não é masoquista para manter o governador que o faz sofrer com esses problemas, a explicação está justamente no papel desempenhado pela mídia oposicionista, que salvaguardou Alkmin das críticas e minimizou os problemas, inclusive fazendo vista grossa para as denúncias de corrupção no metrô.
Em contrapartida fez estardalhaço na divulgação do julgamento do mensalão, com a valiosa ajuda do então ministro Joaquim Barbosa, e das denúncias de corrupção na Petrobrás. Com uma campanha sistemática de oposição ao governo federal, a mídia oposicionista conseguiu pregar no PT o rótulo de partido de corruptos, fazendo verdadeira acrobacia nos textos para de alguma forma envolver a presidenta Dilma, o que lhe tirou muitos votos no sul. O pleito deixou claro, por outro lado, que quem faz oposição ao governo são os ricos, a elite, da qual fazem parte os proprietários dos grandes veículos de comunicação de massa.
Essa imprensa também influenciou os eleitores que residem no exterior, onde Aécio teve a maioria dos votos. Isto porque os brasileiros que moram lá fora não vivem a realidade do seu país – o que lhes permitiria fazer melhor juízo da situação nacional e da atuação do governo – e recebem as informações através da imprensa dos países onde residem, a qual, por sua vez, forma sua opinião sobre o Brasil estribada justamente no noticiário da mídia oposicionista, que reúne os mais importantes veículos de comunicação do país. Prova disso é que veículos como o “Financial Times” e “The Economist”, por exemplo, praticamente transcrevem os textos dos jornalões nacionais.
A virada de Aécio, portanto, que conseguiu ultrapassar Marina Silva na reta final da campanha, não se deve nem aos seus projetos de mudança ou à sua facilidade de comunicação mas, fundamentalmente, à imprensa comprometida com o objetivo da elite de apear o PT do poder. Até porque Marina também tinha propostas de mudança, mas não teve o valioso apoio dessa mesma imprensa que, na verdade, tem no tucano o representante dos interesses políticos e econômicos dessa elite. E agora, dando sequência ao seu projeto de eleger o senador mineiro, já faz afagos na candidata do PSB, acusando o PT de responsável pela sua queda para o terceiro lugar e insinuando o seu apoio ao tucano no segundo turno.
Antes mesmo que o PSDB inicie as conversações com Marina, em busca do seu apoio para a segunda fase do pleito presidencial, a mídia oposicionista já trabalha nesse sentido, procurando induzir a ex-senadora acreana a aliar-se a Aécio. E a principal estratégia é bater na tecla de que o PT foi o responsável, com sua campanha agressiva, pelo emagrecimento da candidatura dela, embora o candidato tucano tenha adotado o mesmo tom. Já no “Bom Dia Brasil” da TV Globo, nesta segunda-feira, a economista Miriam Leitão entrou no ar para fazer apenas um rápido comentário, dizendo que o PT deixou seqüelas entre os partidários de Marina, o que, na opinião dela, deve orientar os seus votos para Aécio.
O colunista Ricardo Noblat, por sua vez, revelando-se também alinhado com a orientação do seu jornal, disse que “nenhum instituto de pesquisa foi capaz de antecipar o tamanho da ojeriza nacional ao PT. O partido, praticamente, acabou varrido do Sul do país onde perdeu as eleições para governador e senador”. Ora, o sul não é o país inteiro e, portanto, a “ojeriza ao PT” não pode ser nacional, até porque o partido de Dilma venceu no nordeste e, inclusive, no próprio Estado de Aécio, Minas Gerais. Noblat deixa claro, em sua coluna, sua torcida para que a candidata do PSB decida apoiar o tucano.
Por sua vez, um grupo de intelectuais que apoiou a candidatura de Marina já distribuiu nota manifestando seu apoio a Aécio Neves, o que, no entanto, não é surpresa nenhuma, bastando ver os nomes que assinaram a nota – Gustavo Franco, Edmar Bacha e Luiz Felipe Lampreia, entre outros – todos oriundos do governo de FHC. No final da nota eles dizem que apóiam Aécio “porque queremos que as pessoas realmente se emancipem da ineficiência e das distorções dos serviços públicos, da pobreza que amesquinha seus horizontes e da falta de acesso a direitos fundamentais em áreas prioritárias como educação, saúde e segurança pública”. Ora, todo mundo sabe que foi o governo do PT que tirou mais de 30 milhões de brasileiros da linha de pobreza, alargando os seus horizontes, e desenvolveu os maiores programas sociais já realizados no país.
De qualquer modo, a manifestação desse grupo não representa o pensamento de todo o eleitorado de Marina que, mesmo que decida apoiar um dos dois candidatos no segundo turno, obviamente não levará todos os seus votos para o lado que pender. Até o dia das eleições muitas negociações deverão se desenvolver em busca dos votos da candidata do PSB que, sem dúvida, serão praticamente decisivos para a vitória do beneficiário. E nessas conversações não entrarão apenas os aspectos emocionais mas, sobretudo, as questões de interesse nacional, ou seja, do povo brasileiro. A nova corrida, portanto, agora com apenas dois concorrentes, está apenas começando.
sábado, 4 de outubro de 2014
Brasil vai às urnas
Mais de 140 milhões de brasileiros de todos os rincões do país deverão ir às urnas neste domingo para eleger o Presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais. Graças às pesquisas de intenção de votos, que desde o início da campanha eleitoral mostraram Dilma Roussef na liderança da corrida sucessória presidencial, já se sabe que poderá haver segundo turno, mas ainda não existe definição sobre quem disputará com ela a segunda fase do pleito que, caso se confirme, será realizada em novembro próximo.
Marina Silva, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB, de acordo com as últimas pesquisas divulgadas na quinta-feira, disputam palmo a palmo o direito de concorrer o segundo turno com a candidata do PT, a única que tem presença garantida nesta segunda fase das eleições. Essas pesquisas, no entanto, além de revelarem um empate técnico no segundo lugar entre a ex-senadora acreana e o senador mineiro, evidenciaram, também, a possibilidade da presidenta Dilma Roussef ser reeleita já neste domingo, dependendo da possível influencia, nos eleitores indecisos, do último debate promovido pela TV Globo entre sete presidenciáveis.
Aparentemente o debate não apresentou nenhum vencedor, mas vale a pena registrar alguns aspectos que podem ter influenciado o voto dos indecisos. A candidata à reeleição, embora um pouco tensa – talvez por ser o principal alvo de todos os concorrentes – parece ter se saído melhor nos confrontos, especialmente com Marina e Aécio que, mesmo revelando certa tranqüilidade, em algumas oportunidades perderam o equilíbrio. Marina desequilibrou-se quando Dilma, na discussão sobre o Banco Central, disse que ela confundia autonomia com independência e, também, quando lembrou que um dos seus principais assessores no Ministério do Meio Ambiente foi demitido por corrupção.
O candidato tucano Aécio Neves, sempre com a língua muito afiada na crítica ao governo, perdeu a elegância e as estribeiras quando a candidata Luciana Genro, do PSOL, lembrou que o seu partido comprou votos para a aprovação da emenda da reeleição e, também, o acusou de ter construido com recursos públicos um aeroporto na fazenda do seu tio, em Minas Gerais. Quase apoplético, ele a acusou de leviana e de despreparada para concorrer à Presidência da República. Também teve um entrevero com Marina, a quem acusou de não ter firmeza em suas posições.
Outro detalhe: Aécio não respondeu à maioria das perguntas, talvez por falta de argumentos convincentes, preferindo o ataque ou fazer outra pergunta, de modo a confundir sobretudo quem acompanhava o debate. E não perdeu a mania de atribuir ao governo de Fernando Henrique Cardoso realizações do governo Itamar Franco. Quando o tema foi a inflação, depois que a presidenta Dilma disse que o presidente Lula recebeu o pais com inflação alta, o candidato tucano afirmou que FHC pegou o país com mais de 900 por cento de inflação e baixou para 7%. Todo mundo sabe que quem efetivamente baixou a inflação foi o presidente Itamar Franco, que é sempre esquecido todas as vezes em que entra em discussão a economia do país.
A nota destoante do debate foi o candidato Levy Fidelix, do PRTB, que perdeu completamente a compostura no confronto com Eduardo Jorge, do PV, e Luciana Genro, do PSOL, que o exortaram a pedir desculpas ao povo pela crise homofóbica que teve no debate da Record. Transtornado, ele bufava quando elevou o tom de voz para agredir verbalmente os dois concorrentes. Luciana chegou a dizer que, caso a lei que classifica a homofobia como crime já tivesse sido aprovada, ele, Fidelix, deveria deixar os estúdios da TV Record algemado. O homem ficou uma fera e reafirmou a sua posição em relação à comunidade gay, no que foi apoiado pelo pastor Everaldo, do PSC.
Aliás, pelo completo despreparo para disputar a Presidência da República, Fidelix e Everaldo nem deveriam participar de debates, onde não tiveram outra função a não ser coadjuvar os candidatos Aécio e Marina nas críticas ao governo da presidenta Dilma Roussef. Eles não contribuíram em absolutamente nada para esclarecer o eleitor sobre a melhor candidatura. E o mais pitoresco é que o pastor Everaldo, mesmo às vésperas do pleito e com apenas um por cento nas intenções de voto, repetia, a todo momento, que “no meu governo” farei isso e aquilo, já a partir de primeiro de janeiro. Das duas, uma: ou ele é muito otimista ou fazia piada sem graça.
Vale lembrar que, embora tenha terminado o prazo legal para o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, a campanha na prática ainda não terminou. A imprensa oposicionista, que tem feito o possível e o impossível para impedir a reeleição da presidenta Dilma Roussef, provavelmente continuará até o domingo publicando matérias que possam, de alguma forma, influenciar o voto dos indecisos. Afinal, todos sabem que eleição se vence é nas urnas e, portanto, vale tudo até o último minuto para alcançar o seu objetivo: apear o PT do Palácio do Planalto. De qualquer modo, independente desses aspectos, vale registrar que, apesar de ter sido uma das campanhas eleitorais mais agressivas dos últimos tempos, o Brasil com este pleito dá mais um passo na consolidação do regime democrático. É fundamental, portanto, que todos compareçam às urnas neste domingo.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Profetas do caos
O temor de que a presidenta Dilma Roussef possa vencer as eleições do próximo domingo logo no primeiro turno, conforme análises de dirigentes de institutos de pesquisas, está levando a mídia oposicionista ao desespero, como se percebe no tom raivoso de alguns colunistas. O maluco beleza Arnaldo Jabor, por exemplo, em artigo sob o título de “A lista de perigos”, como verdadeiro profeta do caos relaciona os desastres que, segundo ele, deverão ocorrer num eventual segundo mandato da candidata petista à reeleição.
Por sua vez, outro profeta do caos, Rodrigo Constantino, tão raivoso quanto o misto de cineasta e colunista, grita o seu espanto por não ter a reportagem da “Veja” com as denúncias de Roberto Costa provocado um único arranhão na candidatura da petista e, indignado, conclui que o povo é “extremamente alienado”. Para ele, o gigante, que diziam ter acordado em junho, “é um bobalhão”, por manifestar o desejo de manter Dilma por mais quatro anos no Palácio do Planalto. Só faltou ambos aparecerem na propaganda dos candidatos oposicionistas dizendo “tenho medo”, como Regina Duarte na eleição de Lula.
Constantino, no seu artigo intitulado “Um país à beira do precipício”, reconhece a falta de credibilidade da revista “Veja” por não ter conseguido mudar a cabeça do eleitor. E confessa a sua decepção, perguntando: ”Como ainda ter esperanças no eterno “país do futuro” quando vemos que a presidente Dilma, depois dos novos escândalos da Petrobras, continua como favorita na corrida eleitoral?” Ele esperava, obviamente, que a matéria escandalosa da revista pudesse influenciar o eleitorado, como aconteceu outras vezes, sem atentar para o fato de que o Brasil de hoje não é o mesmo de anos atrás.
O rapaz, que vê o país pela mesma lente de Jabor – na verdade a lente usada pelos jornalões que os empregam – foi mais além no seu indignado desabafo, quando diz:
“Roberto Campos foi certeiro ao constatar que, no Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. E acrescentou:”Quer maior prova disso do que todos esses anos de PT no poder?” Quer dizer, todos os que não pensam pela sua cabeça são burros, como se ele fosse o sábio que sabe o que é melhor para o país. E o melhor para o Brasil, na sua visão nublada pelo ódio aos petistas, certamente é o tucano Aécio Neves.
Seguindo o mesmo roteiro, Jabor começa seu artigo perguntando: ”O que acontecerá com o Brasil se a Dilma for eleita?” E relaciona o que ele chama de “catástrofes anunciadas”, verdadeiro caos que, se confirmadas varreriam o país do mapa. A partir daí desfia um rosário de tolices, inclusive de que os petistas “odeiam a democracia”. Se tal afirmação fosse verdadeira a midia oposicionista não teria a liberdade que hoje desfruta, de fazer matérias tendenciosas e atacar impunemente reputações alheias, desvirtuando o papel informativo da imprensa.
E não tem escrúpulos em mentir, dizendo que se Dilma for reeleita “continuaremos a "defender" o Estado Islâmico e outros terroristas do "terceiro mundo", distorcendo pronunciamento da Presidenta na assembléia geral da ONU. O que Dilma fez foi condenar o uso da força, as guerras, que “são incapazes de eliminar as causas dos conflitos”, acentuando que a “cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos”, verificando-se “uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários”. E deixando à mostra seu espírito de vira-lata, ele exaltou o insulto do funcionário israelense que classificou o Brasil de “anão diplomático”, porque condenou o massacre de civis na faixa de Gaza.
Mais adiante, Jabor disse que “Joaquim Barbosa foi uma nuvem passageira”. Ainda bem, senão o estrago no poder judiciário seria irreparável, como, aliás, pensam os advogados. A Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Distrito Federal, inclusive, negou o seu pedido de registro precisamente por causa das atitudes tomadas por ele quando presidente do STF, ocasião em que chegou a expulsar do plenário da Corte, com a ajuda dos seguranças, o advogado de José Genoino. E finaliza com uma frase que se encaixa como uma luva no comportamento da mídia que representa:"Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada". Que o diga Fernando Henrique Cardoso com a história de que é o pai do Plano Real
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Um tiro no pé
Embora anunciem que o inquérito que investiga as atividades de Roberto Costa corre em segredo de justiça, inclusive com os depoimentos sendo criptografados e guardados em cofre, a mídia oposicionista continua tendo acesso às declarações do ex-diretor da Petrobrás. Pelo menos é o que afirmam quando publicam revelações seletivas atribuídas a ele, o que deve ser verdade porque não há nenhum desmentido da Policia Federal. Então, pergunta-se: que tipo de mágica a “Veja” utiliza para obter tais depoimentos, tão bem protegidos, já que nem a CPI da Petrobrás consegue ter acesso a eles?
Na verdade, não existe mágica nenhuma. É óbvio que alguém que participa do inquérito – e que por alguma razão compartilha do ódio devotado ao PT – vem repassando informações à revista e a outros veículos da Grande Imprensa oposicionista com objetivos eleitorais. O que surpreende é a aparente inércia do Ministério da Justiça que, até agora, não moveu um dedo para identificar e, naturalmente, punir o informante que usa da sua posição no processo investigativo para fazer o jogo dos adversários do governo, empenhados em derrotar a presidenta Dilma Roussef e eleger o tucano Aécio Neves.
Todos os brasileiros, incluindo a própria Presidenta da Republica, querem que tudo seja rigorosamente investigado e os corruptos punidos de maneira exemplar, mas ninguém que pretenda efetivamente ver tudo em pratos limpos, sem partidarismos, pode concordar com o uso passional das investigações, por parte da midia comprometida, para atingir o governo e, desse modo, influir no resultado das eleições presidenciais. Até porque todas as acusações até agora tornadas públicas não estão acompanhadas de nenhuma prova, o que as torna inconsistentes. Portanto, o tom de escândalo que a imprensa oposicionista empresta a elas tem única e exclusivamente um objetivo eleitoreiro.
Prova desse comportamento antiprofissional vergonhoso foi a reportagem deste final de semana da revista “Veja”, segundo a qual Roberto Costa teria dito em depoimento que foi procurado pelo ex-ministro Antonio Palocci, nas eleições de 2010, para conseguir R$ 2 milhões para a campanha de Dilma. Disse ainda, segundo a publicação, que acionou o doleiro Alberto Youssef para conseguir a ajuda mas não sabe se o dinheiro foi repassado. E a revista conclui que “a revelação é de alta gravidade, independente de o dinheiro ter sido repassado ou não”. Ou seja, a “Veja” já se habituou de tal modo a lançar, impunemente, lama na reputação alheia que pouco importa se a acusação seja verdadeira ou não. Tanto isso é fato que, consciente da fragilidade da informação, não deu capa à reportagem.
Com a publicação da matéria, no entanto, deflagrou o processo já manjado para transformar o factóide, como disse a presidenta Dilma Roussef, num escândalo de proporções gigantescas: os outros veículos que integram a Grande Imprensa oposicionista repercutem a “bomba”, os parlamentares oposicionistas botam a boca no trombone no Congresso Nacional e os candidatos que concorrem à Presidência se declaram estarrecidos. Embora tenha dito que as denúncias “precisam ser comprovadas”, o candidato tucano Aécio Neves as classificou de “graves” e ”assustadoras”. E a candidata Marina Silva, do PSB, disse que o ex-diretor da Petrobrás, com suas acusações, faz a República “estremecer”.
Até o jogador Ronaldo que, embora integrando a comissão organizadora, se disse “envergonhado” com a Copa no Brasil – e ficou com cara de tacho depois que o mundo inteiro, inclusive a Fifa, elogiou a realização do evento – se disse indignado com a corrupção no país. Ronaldo, que se tornou garoto-propaganda da candidatura de Aécio Neves, na verdade não se deu conta de que não apenas ele, mas todo brasileiro fica indignado com a corrupção. A diferença entre ele e os outros é que estes sabem que a Policia Federal é um órgão do Executivo e, portanto, vem investigando os corruptos justamente por determinação do governo. Nunca, em toda a história do país, se combateu tanto a corrupção como agora.
Os brasileiros sérios também sabem que se há tanta noticia de corrupção é porque o governo garante a liberdade de imprensa, o que não existia, por exemplo, no governo de FHC, quando o noticiário era controlado pelo generoso fluxo de caixa. As denúncias, quando conseguiam driblar a vigilância dos editores e eram publicadas, só sobreviviam um dia. Eram esquecidas no dia seguinte, ao contrário do que ocorre hoje, quando o assunto fica rendendo durante semanas. Hoje tem mais corrupção? Não, hoje tem mais divulgação. E precisamente por ter consciência disso é que expressiva parcela do povo já não se deixa mais influenciar pelo noticiário escandaloso passional da Grande Midia, o que é facilmente comprovado pela posição de liderança da presidenta Dilma nas pesquisas de intenção de votos.
O eleitor, no entanto, deve ficar atento, pois nesta reta final da campanha eleitoral, faltando apenas uma semana para o pleito, a Grande Midia oposicionista deverá utilizar todos os seus recursos para impedir que Dilma seja reeleita no primeiro turno. Até porque ela revelou, na entrevista aos blogueiros, que se o povo lhe outorgar mais quatro anos de mandato vai dar atenção especial à regulação da mídia, como acontece nos países de primeiro mundo. Na verdade, já é tempo de se garantir a liberdade de expressão, mas com responsabilidade, pondo fim à impunidade dos que já se habituaram a destruir reputações sem arcar com as suas conseqüências.
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