sábado, 8 de março de 2014

O que mudou

Na ótica da revista “Veja” o ministro Joaquim Barbosa é “o menino pobre que mudou o Brasil”. A reportagem de Capa, com a foto dele ainda criança, serviu para transformar Barbosa em pop star e colocá-lo diante dos holofotes do mundo inteiro. E com a cobertura sistemática dos demais veículos da chamada Grande Imprensa, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal passou a ser cotado, inclusive, para concorrer à sucessão da presidenta Dilma Roussef. E ele se empolgou com o estrelato, sobretudo com a lembrança do seu nome para ocupar o Palácio do Planalto, abrindo largos sorrisos com o assédio do povo. Paralelamente, porém, sofreu uma metamorfose que o tornou um ditador no Supremo, atropelando a tudo e a todos, inclusive as próprias leis, e com isso incompatibilizou-se com a maioria dos seus colegas e com a classe dos magistrados e advogados. A julgar por suas atitudes, ele provavelmente acha que detém os poderes totais, dos quais abusa sem ser incomodado por ninguém. E abalou o Judiciário. Constatou-se que ele efetivamente mudou, não exatamente o Brasil da “Veja”, mas o conceito de Justiça, desacreditando a mais alta Corte de Justiça do país e constrangendo os seus membros. Mudou para pior, porque a confiança na Justiça ficou abalada. Até antes da “era Barbosa”, ninguém ousava a mais leve crítica a um ministro do Supremo Tribunal Federal, que era respeitado em todos os níveis da sociedade brasileira. Hoje as críticas explodem em toda parte e o ministro Joaquim Barbosa tem sido o mais censurado em toda a história do STF. E se deixar a Corte para concorrer a qualquer cargo político precisará de um coro bem grosso para suportar as estocadas, porque é a toga que ainda lhe oferece algum anteparo.

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