terça-feira, 15 de maio de 2012
Esvaziamento
Se todos os envolvidos nas investigações sobre as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira recorrerem ao Supremo Tribunal Federal, para não comparecerem à CPI para depor, a Comissão Parlamentar de Inquérito Mista do Congresso estará morta. Esse é o temor dos membros da CPI, que viram a comissão ser esvaziada por decisão de um único ministro do STF, Celso de Melo, que concedeu liminar impedindo Cachoeira de comparecer nesta terça-feira ao Congresso, onde deveria prestar depoimento sobre suas ligações com empresários, governadores, parlamentares e policiais. Um forte esquema de segurança havia sido montado para o depoimento do bicheiro, mas a decisão do ministro frustrou todas as expectativas. Para evitar o pior, a CPI decidiu nesta terça-feira franquear à defesa de Cachoeira as provas contra ele e, ao mesmo tempo, votou uma nova convocação do bicheiro sem, contudo, definir a data do seu depoimento. Aparentemente, o bicheiro não deverá, também, comparecer ao Conselho de Ética do Senado, onde deveria depor como testemunha de defesa do senador Demóstenes Torres, que responde a processo por quebra de decoro. A sua ausência, segundo o relator, senador Humberto Costa, pode prejudicar a defesa do senador goiano. "Se ele tem mesmo o que dizer em defesa do senador deve comparecer à reunião do Conselho e falar", disse o relator. Mais uma vez a decisão de um ministro do STF frustra as expectativas de todo o país - a exemplo do que ocorreu no caso da ministra Eliana Calmon, corregedora do CNJ - e, de certo modo, abala a credibilidade do próprio Judiciário.
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