segunda-feira, 9 de abril de 2012

Fantasma da guerra - Três

A imprensa de Israel já discute a possibilidade de um ataque às instalações nucleares do Irã. Embora os Estados Unidos sejam contra, o primeiro ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa Ehur Barak já decidiram bombardear o Irã, para impedir a fabricação de bombas nucleares,  já tendo, inclusive, iniciado os preparativos, segundo a imprensa israelense. Analistas acreditam, no entanto, que tudo não passa de um blefe do governo de Israel para pressionar a comunidade internacional  no sentido de  endurecer as sanções contra o Irã. Segundo o editor do jornal "Haaretz", Aluf Benn, o premier Netanyahu estaria preparando a opinião pública  israelense para a guerra com o Irã, mas o analista militar Reuven Pedhatzun garante que existem pelo menos 115 bilhões de razões para Israel não atacar. Ele fez referência aos 115 bilhões de dólares que Israel recebeu dos Estados Unidos ao longo dos anos.Segundo ele, os americanos são contra qualquer ataque ao Irã por muitas razões, entre elas os prejuizos que causariam à reeleição do presidente Barack Obama e à estabilidade econômica do país. Por sua vez, o jornalista Uri Avnery acredia que não haverá nenhum ataque ao Irã, "porque suas consequências seriam desastrosas para o Ocidente e os Estados Unidos proibirão Israel de fazê-lo". Ele lembra que no caso de um ataque, o Irã fecharia imediatamente o Estreito de Ormuz, por onde passam os navios que transportam petróleo do mundo árabe para o Ocidente. E haveria um colapso na economia dos Estados Unidos. O jornalista israelense não disse, mas além desses problemas um ataque de Israel ao Irã poderá ser o estopim da Terceira Guerra Mundial. E uma guerra nuclear não deixará ninguém vivo para contar a história.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Ribamar,
Corretíssima toda a sua análise, em especial quanto às duas últimas frases de seu post (potencial para degenerar em uma Terceira Mundial). A verdade é que a campanha presidencial dos Estados Unidos é atualmente o grande fator de influência e o maior complicador - para o Bem e para o Mal - nesta questão. Em 27.12.11, o blogueiro Chemi Salev - em seu blog West of Eden, abrigado no Haaretz - já havia aventado a hipótese de um ataque americano ao Irã em outubro deste ano como a Surpresa de Obama, como um recurso para "fechar" a nação em torno de sua candidatura, em cima das eleições. Não creio nisso, até porque sua vitória já se delineia nítida no horizonte, tamanha a fraqueza dos candidatos republicanos, aí incluido o Mitt Romney. Acresça-se a isso a tímida ainda, mas constante recuperação da Economia americana como um todo, o que desaconselharia um ataque a curto prazo por haver tempo suficiente para produzir retrocessos econômicos antes das eleições e o fato de Obama aparentemente ter conseguido levar "no bico" Netanyahu, pelo menos até a realização delas. Então, diante desses fatores que estão ocorrendo, tenho a impressão que a decisão de atacar o Irã foi jogada mais para a frente, digamos para depois das eleições. Há ainda a questão da "janela" adequada para o ataque, que se fecha em novembro, por causa da chegada do inverno, só voltando a reabrir idealmente em abril do ano que vem. Assim, por todas essas questões, chega-se à conclusão de que, neste momento, ninguém, nem Obama ou Netanyahu, tem uma decisão tomada quanto ao ataque, apesar de muitos analistas dizerem que Bibi já atravessou o Rubicão. Lá para mais perto do final deste ano, ou em 2013, a probabilidade de Israel atacar o Irã vai aumentar, até porque este último dificilmente aceitará perder a sua soberania como Nação, que é o que Israel exige, proibindo-o de enriquecer urânio a 20% para a fabricação de isótopos para a medicina, mais o desmantelamento e fechamento das instalações nucleares de Fordow - aquela planta sob a montanha.

Sabendo-se que Israel tem entre 200 e 400 bombas nucleares e todo o imenso poderio americano por trás, parece ser uma paranóia o atual governo israelense achar que os aiatolás poderão partir para a iniciativa de tentar varrer Israel do mapa. Até mesmo muitas figuras importantes em Israel reconhecem que os aiatolás são atores políticos RACIONAIS. Os iranianos querem apenas ter PODER DE DETERRÊNCIA, DE DISSUASÃO, o que é super válido, um direito legítimo e compreensível, pois tem riqueza de petróleo e vizinhos hostis por perto, muito bem armados convencionalmente (como a Arábia Saudita) ou nuclearmente, como a 5a. Frota Americana, permanentemente estacionada no Golfo (no Bahrein). Recorde-se que recentemente a Arábia Saudita (submissa aos Estados Unidos) mandou suas tropas àquele Emirado para reprimir sua então nascente "primavera".

Um ataque israelense ao Irã - que ninguém em sã consciência pode desejar - provocará um cenário de indizível e indescritível dor e destruição em toda a região, em Israel inclusive, ainda que NÃO sejam utilizados artefatos nucleares. Criará, também, um ÓDIO entre os povos israelense e iraniano ATÉ AQUI INEXISTENTE, e que certamente perdurará por mais de uma centena de anos, na proporção direta da destruição que ambos os Países sofrerão, com inevitáveis sentimentos de revanche, assim tem provado a história da Humanidade.

E é perfeitamente real o perigo de a guerra derrapar para um conflito mundial nuclear, significando o extermínio da Humanidade. Mas isso já é assunto para outro post.