segunda-feira, 2 de maio de 2016
Um golpe barato
Custou R$ 45 mil, para os cofres do PSDB, o golpe em andamento no Senado. Foi esse o preço que os tucanos pagaram pelo pedido de impeachment encomendado aos advogados Miguel Reale e Janaina Paschoal. Sem dúvida foi muito barato, diante dos prejuízos incalculáveis, de ordem moral, política e econômica, causados à Nação. Evidente que para os tucanos e seus cúmplices, em especial o vice-presidente Michel Temer e o deputado Eduardo Cunha, os graves danos causados à democracia e à imagem do Brasil no exterior, nessa aventura de consequências imprevisíveis, não tem a menor importância, desde que alcancem o poder que não conseguiram conquistar nas urnas. Para eles pouco importa os efeitos desastrosos do golpe nos países latino-americanos e, muito menos, a máscara de republiqueta de bananas que voltaram a afivelar na cara do Brasil, hoje alvo de chacota sobretudo pelo espetáculo deprimente oferecido pelos deputados vira-latas.
O processo ainda não terminou, mas a ansiedade pela tomada da Presidência da República é tamanha que eles já começaram a montar o novo governo, com a escolha de ministros entre os que participaram da conspiração. Ao mesmo tempo, também divulgam os seus planos de governo, os quais se revelam escandalosamente contrários aos interesses do país porque, obviamente, eles não foram eleitos pelo povo e, portanto, não precisam do seu aval para fazer o que desejam. Entre outras coisas já anunciaram que vão privatizar “tudo o que for possível”, o que certamente inclui a Petrobrás (o pré-sal), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, dando sequência à dilapidação do patrimônio nacional iniciada no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e interrompida pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva. Com José Serra no Ministério das Relações Exteriores isso não será muito difícil, pois é certo o reatrelamento do Brasil aos Estados Unidos, com todas as mazelas daí decorrentes.
Apesar da sede ao pote dos golpistas, no entanto, o sonho deles de acabar com as conquistas sociais e entregar as nossas riquezas naturais ao capital estrangeiro pode não se realizar, a não ser que o Supremo Tribunal Federal se mantenha de braços cruzados, assistindo a banda passar sob a batuta do maestro Temer, executando a música da Direita e deliciando-se com as piruetas do baliza Cunha. Segundo alerta feito pelo jurista Jorge Rubem Folena de Oliveira, mesmo que o Senado aceite o pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef e o vice-presidente Michel Temer assuma o governo ele não poderá nomear ou exonerar ministros porque Dilma não deixará de ser Presidente, apenas ficará suspensa enquanto aguarda o julgamento do seu afastamento do cargo pelo Senado. “Portanto – destaca o jurista – o vice-presidente somente sucederia a presidenta Dilma, e só então poderia constituir um novo governo, nos casos de condenação definitiva por impeachment (impedimento), ou havendo vacância por morte ou renúncia. Fora disto – acrescenta – não existe possibilidade constitucional de o vice-presidente constituir um novo governo, com a nomeação de novos ministros, na medida em que o Brasil ainda tem uma Presidenta eleita pela maioria do povo brasileiro, que apenas estará afastada das suas funções para se defender das acusações no Senado Federal”.
O cinismo, no entanto, enquanto isso, corre solto entre os conspiradores, traidores e defensores do golpe. O vice Michel Temer e seu escudeiro Romero Jucá, por exemplo, já afirmaram que “eleição é golpe” e o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, que pulou do barco às vésperas da votação na Câmara como os ratos fogem do navio, disse em artigo no 247 que “entre os extremos de nossa crise política, os que denunciam um golpe contra o governo e os que exaltam o regime militar, estão a vida e o destino de mais de 200 milhões de brasileiros ameaçados seriamente pelas crises política e econômica”. Ele esqueceu de citar, obviamente porque estaria se referindo a si próprio, “os que fazem o golpe” e não apenas os que o denunciam. E foi mais além, quando disse: “Agora, mais do que nunca, é preciso responsabilidade e equilíbrio para não ampliarmos a descrença e o ceticismo com a democracia no Brasil”. É muita cara-de-pau. Aliás, a mesma da ex-senadora Marina Silva que, ao invés de preocupar-se com o golpe, está preocupada mesmo é com a banalização da palavra. São esses, lamentavelmente, os líderes que se apresentam como alternativas de poder.
E enquanto a situação do país se agrava e o povo protesta nas ruas contra a ação dos golpistas, tem prosseguimento na Comissão Especial do Senado a farsa do processo de impeachment, que se desenvolve com aparência de legalidade porque tudo é um jogo de cartas marcadas, conforme denunciou a senadora Gleisi Hoffman. Quem deixou escapar a farsa foi o senador Ronaldo Caiado, do DEM, ao afirmar que as votações da comissão se darão pelo mesmo placar: 16 votos a favor do impeachment e cinco contra. O cinismo desse pessoal é tamanho que eles não se preocupam mais em disfarçar a viciação do processo, o que levou a senadora Hoffman a indagar: “O que estamos fazendo aqui?” Ela lembrou que “deveríamos poupar o tempo do Senado e da Nação, porque este é um processo viciado”. Para completar, o relator, senador Antonio Anastasia, do PSDB, é acusado de cometer no governo de Minas as mesmas “pedaladas fiscais” de que acusam Dilma, além de responder também à acusação da Controladoria Geral do Estado de ter superfaturado as obras de um centro internacional de meio ambiente, que envolveu recursos da ordem de R$ 230 milhões. Será que esse homem tem autoridade moral para pedir o afastamento da Presidenta? Com a palavra o Supremo!
Quem???
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