sexta-feira, 10 de maio de 2013

Torturador

O coronel Carlos Alberto Ustra, ex-chefe do DOI-CODI de São Paulo, o mais importante centro de repressão do regime militar, afirmou nesta sexta-feira, ao depor na Comissão Nacional da Verdade, que nunca torturou nem matou ninguém, apenas agiu cumprindo ordens e dentro da lei. Ele garantiu que lutou pela democracia, pois "toda a ação militar teve o objetivo de proteger o país de uma ditadura de esquerda". O coronel, no entanto, foi desmentido pelo ex-agente do DOI e ex-sargento Marival Chagas, que o acusou de ter,   ainda como capitão,  comandado sessões de tortura e exposto cadáveres à exposição para o público  interno do organismo de repressão. Segundo o ex-sargento, o então capitão Ustra era conhecido como "senhor da vida e da morte".  Por sua vez, o vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, acusou o coronel Ustra de torturá-lo. E afirmou: "Eu sou um brasileiro de bem. O senhor é que é terrorista". A declaração do vereador foi motivada pela acusação do coronel, de que a presidente Dilma Roussef pertenceu a organizações terroristas. O depoimento do ex-chefe do DOI-CODI não deixa de ser pitoresco, para não dizer hilário. Ele disse que lutou pela democracia mas trabalhava para a ditadura. Para ele, terroristas eram os que lutavam contra a ditadura. Parece piada, já que o verdadeiro terrorismo, com torturas e assassinatos, foi praticado justamente pelos órgãos de repressão do regime. Uma questão de ótica?

Um comentário:

Anônimo disse...

Detalhe: ninguém, da Comissão, perguntou quem deu as ordens para ele!