Para inglês ver

Não são apenas brasileiros desavisados que se deixam influenciar pelas notícias tendenciosas da chamada Grande Imprensa. Até o tradicional jornal inglês "The Economist" se deixou conduzir pelo noticiário passional. Em artigo publicado nesta sexta-feira o jornal inglês ataca, de modo muito agressivo, a política brasileira e a eleição do senador Renan Calheiros para a presidência do Senado. Não cita, porém - a exemplo dos seus congêneres brasileiros - nenhum caso de corrupção do novo presidente do Senado, limitando-se a dizer que ele enfrenta muitas acusações. É a mesma linguagem dos nativos. Na verdade, indiretamente acusa o povo brasileiro de não saber votar. E cita a campanha feita pela internet, onde são recolhidas assinaturas para o impeachment de Renan. Fico impressionado com a ingenuidade de pessoas, algumas aparentemente inteligentes, que se prestam a fazer o jogo do grupo interessado em derrubar Calheiros - o que não significa nenhuma preocupação com o dinheiro público - e que organizou essa campanha que, obviamente, não foi espontânea. Eu não integro nenhum partido político, não sou funcionário do Senado e nem conheço Renan Calheiros, mas gostaria que, ao invés de noticias no condicional, fossem declarados os casos efetivos de corrupção do senador alagoano, para que eu possa engrossar o coro dos que desejam a sua queda. Sem isso, não me deixo influenciar por interesses que não os do povo brasileiro. Agora, eu pergunto: qual o interesse do jornal britânico em imiscuir-se na política brasileira? Por que eles não se preocupam com o problema interno do seu país, onde, volta e meia, estoura um escândalo de corrupção? Ou será que eles são modelos de honestidade?