quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Isso era óbvio

A "Folha/UOL" publicou esta semana, discretamente, a seguinte noticia, praticamente ignorada pela chamada Grande Imprensa e, como consequência, pelo grande público. O alemão Clauss Roxin, autor da "Teoria do Dominio do Fato", criticou no Rio o Supremo Tribunal Federal pelo mau uso da sua teoria. A seguir a íntegra da notícia: "Participação no comando do mensalão tem de ser provada, alertou Claus Roxin há duas semanas em seminário no Rio de Janeiro Jurista alemão repreende STF pelo mau uso de sua “Teoria do Domínio de Fato” CRISTINA GRILLO DENISE MENCHEN DO RIO, na Folha/UOL Insatisfeito com a jurisprudência alemã –que até meados dos anos 1960 via como participante, e não como autor de um crime, aquele que ocupando posição de comando dava a ordem para a execução de um delito–, o jurista alemão Claus Roxin, 81, decidiu estudar o tema. Aprimorou a teoria do domínio do fato, segundo a qual autor não é só quem executa o crime, mas quem tem o poder de decidir sua realização e faz o planejamento estratégico para que ele aconteça. Nas últimas semanas, sua teoria foi citada por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão. Foi um dos fundamentos usados por Joaquim Barbosa na condenação do ex-ministro José Dirceu. Roxin diz que essa decisão precisa ser provada, não basta que haja indícios de que ela possa ter ocorrido. “Quem ocupa posição de comando tem que ter, de fato, emitido a ordem. E isso deve ser provado”, diz Roxin. Ele esteve no Rio há duas semanas participando de seminário sobre direito penal. Folha – O que o levou ao estudo da teoria do domínio do fato? Claus Roxin - O que me perturbava eram os crimes do nacional socialismo. Achava que quem ocupa posição dentro de um chamado aparato organizado de poder e dá o comando para que se execute um delito, tem de responder como autor e não só como partícipe, como queria a doutrina da época. Na época, a jurisprudência alemã ignorou minha teoria. Mas conseguimos alguns êxitos. Na Argentina, o processo contra a junta militar de Videla [Jorge Rafael Videla, presidente da Junta Militar que governou o país de 1976 a 1981] aplicou a teoria, considerando culpados os comandantes da junta pelo desaparecimento de pessoas. Está no estatuto do Tribunal Penal Internacional e no equivalente ao STJ alemão, que a adotou para julgar crimes na Alemanha Oriental. A Corte Suprema do Peru também usou a teoria para julgar Fujimori [presidente entre 1990 e 2000]. - É possível usar a teoria para fundamentar a condenação de um acusado supondo sua participação apenas pelo fato de sua posição hierárquica? Não, em absoluto. A pessoa que ocupa a posição no topo de uma organização tem também que ter comandado esse fato, emitido uma ordem. Isso seria um mau uso. O dever de conhecer os atos de um subordinado não implica em co-responsabilidade? A posição hierárquica não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato. O mero ter que saber não basta. Essa construção ["dever de saber"] é do direito anglo-saxão e não a considero correta. No caso do Fujimori, por exemplo, foi importante ter provas de que ele controlou os sequestros e homicídios realizados. - A opinião pública pede punições severas no mensalão. A pressão da opinião pública pode influenciar o juiz? Na Alemanha temos o mesmo problema. É interessante saber que aqui também há o clamor por condenações severas, mesmo sem provas suficientes. O problema é que isso não corresponde ao direito. O juiz não tem que ficar ao lado da opinião pública. PS do Vio mundo: Conversei há pouco com um importante jurista que me lembrou que o ministro Ricardo Lewandowski já tinha alertado o Plenário do STF, durante a condenação de José Dirceu, de que o pensamento de Claus Roxin estava sendo distorcido. “Agora, o próprio Roxin desautorizou o Supremo”, frisou. Conceição Lemes" Pergunto: E agora? O que dirá o ministro Barbosa, que usou e abusou dessa teoria?

2 comentários:

O. Alencar disse...

BOMBA, BOMBA !!!!!

Ao constatar o aumento insano da criminalidade em São Paulo, Joaquim Barbosa, alegando que a humanidade não deu certo, CONDENOU DEUS, com base no Domínio do Fato !

Anônimo disse...

Ora, Ribamar,
Se o Joaquim se acha maior que Deus, porque não se achará maior que o Claus Roxin?
Então, porque não pode distorcer, usar e abusar do pensamento do Roxin, ainda que ele (o Claus) fique "roxinho" de raiva?
Parece até que estou vendo o Barbosa de dedo em riste na "fachada craniana" do alemãozinho de merda (no conceito do o Barbosa, é claro) e sentenciar: "Cala a boca, seu branquelo encardido, ou eu te mando direto pro inferno". Tudo sob as barbas brancas e a adiposidade abdominal do "anjo" Gurgel, o porteiro chefe do Inferno.