terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Petrobras ameaçada
Com suas ações pautadas pela grande imprensa, que lhe dá cobertura, a oposição, depois de frustradas as expectativas quanto à rejeição das contas da campanha eleitoral da presidenta Dilma Roussef, voltou a assanhar-se com as denúncias da ex-gerente da Petrobrás, Venina da Fonseca, de que em 2009 alertara a presidente da empresa, Graça Foster, sobre irregularidades nas obras da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. E, contando com o indispensável eco na mídia, estriba-se agora nessas denúncias para clamar em coro pelo afastamento de Graça da Petrobrás, mesmo sem qualquer acusação contra ela.
Até o fim de semana ninguém sabia como e por que surgiram semelhantes denúncias, já que Venina não havia sido sequer citada nas investigações da Operação Lava-Jato. Soube-se que ela decidiu abrir o bico agora para vingar-se da diretoria da empresa, por ter sido demitida do cargo que ocupava em Cingapura, acusada como uma das responsáveis pelos problemas na refinaria de Pernambuco quando no cargo de gerente. Está explicado porque ela passou cinco anos de bico fechado, conivente com as ações de Paulo Roberto. Ao contrário do que ela afirma, no entanto, a diretoria da empresa abriu inquérito interno para investigar suas denuncias e acabou descobrindo suas falhas, que resultaram no aumento dos gastos com a obra.
O fato é que a imprensa e a oposição, que vivem procurando algurás ameaçadama coisa para atacar a presidenta e provocar a instabilidade do governo – o principal objetivo na verdade é a conquista do poder – encontraram nas denúncias de Venina mais um mote para manter aceso o fogo contra o Palácio do Planalto, de modo a não dar trégua a Dilma em seu segundo mandato, conforme, aliás, prometeu o tucano-chefe Aécio Neves. Ao mesmo tempo, busca-se de qualquer jeito atingir o ex-presidente Lula, tarefa que será intensificada à medida em que se aproximar o pleito presidencial de 2018, porque a meta deles é impedir que o torneiro mecânico volte a concorrer, desgastando-o de tal modo que a sua possível candidatura seja inviabilizada.
Não parece difícil perceber o plano habilmente arquitetado pelas chamadas forças ocultas para a tomada do poder. Na verdade, tudo indica a existência de dois planos: o Plano A e o Plano B. O Plano A consiste em explorar à exaustão, contando com a cumplicidade de alguns setores, todos os fatos negativos ao governo, sobretudo o filão da corrupção, de maneira a criar as condições ideais para o pedido de impeachment da Presidenta, contando com o indispensável apoio do Congresso para apeá-la do Planalto. Por isso os tucanos já estão negociando o apoio à candidatura do deputado Eduardo Cunha à presidência da Câmara, condicionando-o justamente à aceitação do encaminhamento do impeachment. O Plano B, executado simultaneamente, visa tirar Lula do páreo das eleições de 2018, de modo a facilitar a vitória do tucano, seja ele quem for, caso fracasse o Plano A. A reportagem do “Globo” sobre a suposta compra, pelo ex-presidente, de um triplex no Guarujá é apenas uma pequena amostra do que pretendem fazer até 2018. Paralelamente, imprensa e oposição trabalham de mãos dadas para desacreditar e desvalorizar a Petrobrás – ela já perdeu mais de R$ 100 bilhões em apenas três meses – tornando-a presa fácil para o capital estrangeiro, que há tempos está de olho nela e, consequentemente, em nossas riquezas do fundo do mar. Quando quebrou o monopólio do petróleo o ex-presidente FHC já preparava o caminho para a privatização da empresa, o que, felizmente, não conseguiu. Mas ainda não desistiram. O jornal “O Globo”, em editorial no domingo, deixou cair a máscara, confirmando as suspeitas de que o ataque diário à empresa tem por objetivo enfraquecê-la para permitir o avanço dos grupos estrangeiros em nossas reservas de petróleo, em especial no pré-sal, o que fazia parte do programa de governo de Aécio Neves, do PSDB. Diz o editorial:”Com ações e títulos desvalorizados a Petrobrás não conseguirá recursos facilmente nos mercados a fim de cumprir compromissos impostos pelo governo”.
Defendendo a abertura do pré-sal para as empresas estrangeiras, diz o “Globo” mais adiante: “O governo Lula instituiu o modelo de partilha de produção no pré-sal, tornando a Petrobrás operadora única desses blocos, e com uma participação de no mínimo 30% no consórcio investidor. Na Prática, ressuscitou o monopólio para essas áreas. Ambas as condições são inexequíveis para a realidade financeira e gerencial da Petrobrás”. E acrescenta: “Ainda que mantenha o modelo de partilha para o pré-sal, o governo terá então de rever a obrigação de a Petrobrás ser a operadora única dos futuros blocos e ter um limite mínimno de participação nos consórcios”. E conclui o editorial com uma acusação: “A conjuntura potencializa o estrago em curso provocado pelo esquema de corrupção montado pelo lulopetismo na estatal”. Incrível, mas os Marinho fingem não saber que são eles mesmos que estão potencializando os estragos na empresa.
Não se pode penalizar a Petrobrás, como instituição, pelo esquema de corrupção montado dentro dela desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Como ninguém tem letreiro na testa, o governo não poderia adivinhar que nomeava corruptos para sua diretoria. Os culpados, no entanto, graças ao governo Dilma, que deu autonomia à Policia Federal para investigar todas as denúncias de corrupção, estão sendo identificados e punidos. Para os grupos interessados no poder, porém, pouco importa a identificação ou o destino dos culpados, desde que atinjam os seus objetivos. Para eles vale tudo para a conquista do poder, até mesmo a entrega do nosso petróleo para grupos estrangeiros e a destruição, desvalorização ou venda da nossa mais importante empresa estatal.
Percebe-se, também, o esforço da mídia e da oposição em colar no PT e, por via de conseqüência, no governo de Dilma o selo da corrupção, como se antes dos governos petistas o país fosse um modelo de honestidade. Prova disso é que tentam, inclusive, manchar o nome da Força Aérea Brasileira com a nódoa de corrupta, conforme se constata do título das notícias sobre a denúncia de uma empresa americana, onde se diz que “a FAB foi subornada”. Na verdade, os subornados teriam sido alguns militares e funcionários civis da Aeronáutica e não a instituição. A FAB, como instituição, jamais será subornada. Para o pessoal interessado em arrancar Dilma do Planalto, no entanto, vale tudo para fragilizar o seu governo, até mesmo tentar atingir uma de nossas forças armadas.
O fato é que a presidenta Dilma e o PT não podem, após as recentes vitórias, baixar a guarda, pois os golpistas não dormem e todos os dias estão criando algum factóide novo para alimentar o fogo contra o Planalto. E contam com os pobres anencéfalos, inteiramente dominados pelo noticiário tendencioso, para fazer coro em manifestações de rua. Ainda bem que a maioria dos brasileiros não se deixa conduzir pela grande mídia, do contrário, considerando a campanha desmoralizadora realizada no período que antecedeu ao pleito, a presidenta Dilma não teria sido reeleita. O que significa que a imprensa oposicionista está se desacreditando por suas matérias tendenciosas, perdendo o poder de influência que desfrutava até antes de abandonar a sua missão de informar para transformar-se em partido político.
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