quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Os desafios de Dilma
O ano de 2015 começa sob enorme expectativa quanto ao segundo mandato da presidenta Dilma Roussef. As perspectivas, porém, são positivas, considerando, entre outras coisas, a sua maturidade e experiência, sobretudo a serenidade e o equilíbrio com que enfrentou a ameaça de impeachment, além de conseguir imunizar-se de respingos da Operação Lava-Jato que, ao contrário do que esperavam a oposição e a mídia comprometida, em nada afetou a sua popularidade e a confiança do brasileiro em sua administração, conforme atestaram recentes pesquisas. Dilma, na verdade, até cresceu na avaliação da população, que pode não aprovar todos os seus atos mas não tem nenhuma dúvida quanto a sua honestidade.
A Presidenta reeleita, no entanto, terá pela frente pelo menos três grandes desafios em seu novo mandato: os projetos de reforma política, de regulação da comunicação e da mudança na Lei da Anistia. Ela precisará enfrentar não apenas a fúria da oposição, em especial do PSDB, que não se conforma com a derrota nas eleições de outubro último como, também, a campanha sistemática da chamada Grande Imprensa, que não tem lhe dado trégua desde o início do seu primeiro mandato e promete fogo mais intenso diante do temor de, com a nova lei, ter de responder pelos seus excessos. Agora um pouco mais distante da influência do ex-presidente Lula, segundo avaliação de observadores estribados no perfil do seu novo ministério, Dilma terá que exercitar toda a sua habilidade política e consolidar sua maioria no Congresso Nacional para garantir a aprovação das suas propostas.
O primeiro desafio a ser enfrentado, logo no inicio do seu segundo governo, será a eleição do novo presidente da Câmara Federal. O candidato do Planalto, deputado Arlindo Chinaglia, do PT, que já foi presidente da Casa, terá pela frente o deputado Eduardo Cunha, do PMDB, que adotou um comportamento oposicionista, mesmo integrando a base aliada, lançou-se candidato à revelia do governo e da direção do seu próprio partido e conseguiu o apoio da oposição. Aparentemente, a julgar por suas últimas declarações condenando qualquer tentativa de impeachment da Presidente, ele está buscando eliminar as restrições do governo à sua candidatura e atrair as suas simpatias, mas é difícil prever as suas atitudes depois de eleito, considerando a sua afinidade e proximidade com os oposicionistas. E se não quiser ter dificuldades na Câmara Dilma precisa de um presidente da sua confiança.
Ao mesmo tempo ela necessita, também, administrar o bombardeio da imprensa que, municiada pelos vazamentos seletivos da Operação Lava-Jato, faz pressão para a demissão de Graça Foster da presidência da Petrobrás. Com mais munição fornecida pela ex-gerente Venina da Fonseca, transformada em heroína em meio a grande exposição na televisão e nas páginas dos jornalões familiares, a mídia oposicionista insiste em desvalorizar e fragilizar a Petrobrás com a clara intenção de criar as condições indispensáveis à sua privatização, um velho sonho acalentado pelos tucanos desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. O jornal “O Globo”, por exemplo, já escancarou a sua posição, defendendo em editorial a entrega do pré-sal, justamente o filé de nossas reservas petrolíferas, para empresas estrangeiras de exploração de petróleo. Acredita-se,no entanto, que enquanto o PT estiver no Planalto isso não acontecerá, mas já há quem tenha dúvidas diante do projeto de abrir a Caixa Econômica para o capital privado.
Os escândalos na Petrobrás, que oposição e mídia imaginavam ser o trunfo que faltava para apear Dilma do Planalto, não provocarão a queda da Presidenta mas serão de fundamental importância para produzir mudanças na legislação, de modo a permitir, mediante novos mecanismos, um combate mais eficaz à corrupção. E Dilma, que assegurou maior autonomia à Policia Federal para investigar e prender corruptos e corruptores, deverá ter um papel relevante na construção do novo Brasil que surgirá após a Operação Lava-Jato. Além disso, deverá ter mais cautela na indicação dos novos ministros do Supremo Tribunal Federal, para que não surjam outros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, que marcaram sua atuação mais como políticos do que como magistrados. Ninguém quer – e muito menos a Presidenta – ministros que, em suas sentenças, revelem gratidão mas apenas que sejam, efetivamente, justos e ajam realmente como magistrados.
A Presidenta, por outro lado, terá que mostrar firmeza em sua disposição de aprovar o projeto de regulação da mídia, de modo a que a liberdade de imprensa seja exercida com responsabilidade. Ninguém aprova qualquer tipo de censura – a própria Dilma, que sofreu na pele os efeitos danosos da suspensão da liberdade de expressão durante a ditadura, sempre defendeu uma imprensa livre – mas não se pode mais aceitar que reputações sejam destruídas impunemente em nome dessa liberdade, que não tem limites na manipulação de informações para atingir determinados objetivos políticos. A grande maioria do povo, aliás, já deu mostras de que não aceita esse tipo de imprensa e a prova mais evidente disso é a situação da revista “Veja” que, habituada a distorcer os fatos, vem perdendo credibilidade e leitores, o que a deixou agonizante. Os jornalões estão trilhando o mesmo caminho, razão porque os blogs cresceram de importância como alternativa de informação e a internet ganhou força.
A reforma política, uma exigência da própria população, vai obrigar a Presidenta a verdadeiras acrobacias para garantir a sua aprovação, já que o seu projeto de realizá-la através de plebiscito encontra resistência no Congresso, inclusive entre aliados como o senador Renan Calheiros, que defendem as mudanças mas com a participação direta do Parlamento. Existem ainda os que defendem uma Constituinte exclusiva para a reforma, o que dificulta o processo. Dilma terá de agir com muita habilidade para conseguir realizar, neste segundo mandato, as mudanças tão reivindicadas mas até hoje arrastando-se por diversos governos. Como essa reforma envolve diretamente os interesses dos parlamentares, ela precisará ter um bom relacionamento com o novo Congresso e superlativa capacidade de convencimento para assegurar o apoio da maioria nas duas casas legislativas.
A questão da mudança na Lei de Anistia, no entanto, deverá ser o maior desafio de Dilma em seu segundo mandato. Isto porque o trabalho da Comissão da Verdade tem desagradado a uma parcela dos militares, em especial a generais que participaram das ações repressivas da ditadura e que, citados nos depoimentos, correm o risco de sentar no banco dos réus, como aconteceu na Argentina. Embora os atuais comandantes militares tenham assegurado fidelidade à Presidenta, ninguém sabe até onde vai a influência na tropa dos generais de pijama. De qualquer modo, a questão deverá ser conduzida com habilidade para evitar novos problemas, até porque a imprensa que hoje não dá tréguas à Presidenta, chegando a estimular o seu impeachment, é a mesma que apoiou o golpe militar de 1964 e não se sabe como ela orientará o noticiário a respeito. Portanto, não custa lembrar: cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a alguém.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Natal
Há pouco mais de dois mil anos nascia em Belém, na Judéia, o homem que mudaria os rumos da Humanidade: Jesus. Filho de um carpinteiro da Galiléia, ele viveu apenas 33 anos, mas foi o suficiente para plantar a sua doutrina de amor, o Evangelho, cujas primeiras sementes foram lançadas entre humildes pescadores às margens do lago Tiberíades. Com o seu Evangelho, Jesus pregou o amor ao próximo como o principal fundamento para a vida na Terra, ao mesmo tempo em que ensinou o perdão, a humildade, a indulgência, a paciência e a caridade como virtudes imprescindíveis para que os homens sejam verdadeiramente irmãos. Por tudo isso, o Natal, neste mês de dezembro, produz uma atmosfera de paz que envolve o planeta, torna as pessoas mais fraternas e inspira tréguas até nos conflitos entre os povos mais belicosos.
Infelizmente, porém, nem todos os homens se deixam invadir por esse sentimento de fraternidade que torna as pessoas mais sensíveis e predispostas a uma convivência mais amistosa. Muita gente, que encara a data do nascimento de Jesus como um dia igual aos outros, lamentavelmente não sente os eflúvios natalinos e permanece entrincheirado em sentimentos egoísticos, indiferente ao sofrimento dos irmãos menos favorecidos e mais preocupados com os seus próprios interesses. Nem mesmo a explosão de cores nas ruas, as reuniões de confraternização e as mensagens de paz conseguem sensibilizar os corações endurecidos, cujas vistas estão voltadas para o próprio umbigo. E alguns, consumidos pelo ódio, não se importam com as consequências danosas para o país de suas atitudes deletérias, convencidos, talvez, de que a vida se limita a este mundo. Recorde-se Jesus: “A cada um segundo as suas obras”.
O Brasil, um país jovem reconhecidamente pacífico e religioso, onde o cristianismo floresceu de maneira vertiginosa, abriga um povo forte, solidário e feliz – conforme atestam as pesquisas – que, após um breve período de dificuldades, amadureceu nas últimas décadas dentro de um regime democrático solidificado pela eleição de um torneiro mecânico para governá-lo. E cresceu no concerto das nações não apenas por suas políticas sociais que arrancaram muita gente da miséria mas, também, pelos programas educacionais que permitiram maior acesso do povo pobre às universidades e, ainda, por sua política externa de independência, impondo-se como potência emergente. Constata-se, no entanto, que ainda tem muita gente descontente, sobretudo entre aqueles que detém algum tipo de poder e, usando-o, atua no sentido contrário às aspirações da esmagadora maioria do povo brasileiro.
A corrupção, essa praga que ataca o mundo inteiro, tornou-se estandarte dos que tem seus interesses contrariados e almejam o poder, tentando alcançá-lo a qualquer preço, mesmo com o sacrifício da democracia tão duramente conquistada. Nunca se combateu tanto a corrupção como hoje, graças ao atual governo, que oferece as condições necessárias às investigações e prisão dos culpados. E, também, graças à garantia da liberdade de imprensa, nunca se divulgou tanto as denúncias e as ações destinadas a investigá-las. Infelizmente nem sempre a liberdade de expressão tem sido usada honesta e éticamente, com determinados veículos de comunicação esquecendo a missão de informar para assumir posições políticas, em prejuízo da imparcialidade da informação. E ampliam os escândalos para criar um clima de instabilidade no governo. Vale a pena lembrar a advertência de Jesus: “Os escândalos são necessários, mas ai de quem por onde venham os escândalos”.
Os oposicionistas retroagem no tempo e imaginam que fazer oposição é ser contra tudo o que procede do governo, pouco importando se as iniciativas governamentais atendem aos anseios do povo. Os eternos insatisfeitos, descontentes com tudo o que contraria as suas convicções ideológicas e seus interesses, reclamam até da cor do vestido da Presidenta. E investem contra a maior empresa estatal brasileira, a Petrobrás, por conta dos escândalos de corrupção, mesmo com os responsáveis sendo identificados e punidos. Se esforçam para desvalorizá-la, provocando a queda das suas ações, de modo a criar um ambiente favorável à sua entrega para o capital estrangeiro. São maus brasileiros que fingem indignação para justificar sua posição entreguista. Na verdade, se dependesse deles, o Brasil não seria um pais independente mas uma colônia, por exemplo, dos Estados Unidos.
Praza aos céus que os eflúvios do Natal, data maior da cristandade, possam penetrar nos corações endurecidos e o sentimento de fraternidade promova a paz tão desejada pelos brasileiros de boa vontade. É preciso ensarilhar as armas e, pelo menos neste período, esforçar-se para observar os ensinamentos do mestre Jesus, buscando a conciliação em favor do nosso país e do seu povo. Afinal, todos são responsáveis pelos destinos do Brasil e pelo bem-estar da população. Um pouco de amor no coração certamente fará um bem enorme, sobretudo àqueles que, sempre mau-humorados, imaginam que o Natal é tempo apenas de comer peru na ceia e receber presentes de Papai Noel. Lembrem-se, o Natal assinala o aniversário de nascimento de Jesus, aquele que pregou o amor até aos inimigos.
sábado, 20 de dezembro de 2014
Virou piada
O deputado Carlos Sampaio, do PSDB, perdeu o senso do ridículo e parece que não tem o que fazer na Câmara Federal: ele gasta o tempo bolando maneiras de atingir a presidenta Dilma Roussef, usando e abusando do direito de recorrer à Justiça. Desta vez, porém, ele se superou e se transformou em piada nas redes sociais: no momento da diplomação da Presidenta, no Tribunal Superior Eleitoral, Sampaio ingressou com uma nova ação pedindo que, ao invés de Dilma, o TSE diplomasse o candidato derrotado Aécio Neves como Presidente da República. Será que a derrota nas urnas em outubro passado afetou o miolo do principal escudeiro do candidato tucano?
Já se perdeu a conta de quantas ações ele moveu contra a Presidenta, sobretudo no período da campanha eleitoral, acreditando talvez que os magistrados estejam à sua disposição para apreciar seus arrazoados. Além de pedir à Justiça Eleitoral a diplomação de Aécio, o deputado Sampaio também entrou com outra ação pedindo a cassação do mandato de Dilma, desta vez alegando abuso do poder econômico. Alguém precisa dizer a esse moço que a Presidenta foi reeleita e, portanto, vai governar o país nos próximos quatro anos, porque essa é a vontade de mais de 54 milhões de brasileiros. E mais: se não se convencer disso ele vai acabar adoecendo. De raiva.
O mesmo parlamentar, que está se tornando uma figura folclórica no Congresso, também apresentou um relatório paralelo sobre os trabalhos da CPMI da Petrobrás, inconformado com o relatório oficial do relator Marco Maia. No seu relatório extra-oficial, que tem o principal objetivo de atingir a presidenta Dilma, Sampaio pede o indiciamento, entre outros, do ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra. O parlamentar tucano, ao incluir o nome do ex-presidente do seu partido, tenta sugerir isenção mas, na verdade, acabou fazendo outra piada de muito mau gosto, pois todo mundo sabe que Guerra está morto. E morto não pode ser investigado ou indiciado. Sampaio, pelo visto, quer brincar com coisa séria.
O que o deputado tucano pretende, na verdade, com as ações e o relatório, é manter-se em evidência na mídia, com possível aspiração a vôos mais altos nas próximas eleições, porque ele sabe que suas investidas não terão as conseqüências que deseja. O negócio dele é fazer ruído, com a inestimável ajuda da imprensa oposicionista, que deu mais destaque ao seu relatório paralelo do que ao relatório oficial da CPMI. E enquanto ele tiver essa cobertura vai entulhando a Justiça de ações, sempre contra o governo, o que lhe garante um espaço cativo na mídia. Aécio que se cuide, pois hoje Sampaio tem mais evidência do que ele.
Enquanto isso Dilma amplia a sua aprovação pelo povo. Pesquisa Ibope/CNI, realizada neste inicio de dezembro – em pleno massacre midiático por conta da Operação Lava-Jato – revelou que ela subiu mais alguns pontos na aprovação popular, apesar de todo o bombardeio de que vem sendo alvo. A nova pesquisa demonstra que apesar do esforço, sobretudo na televisão, para enlamear a Presidenta e fragilizar o governo, a grande imprensa não consegue mais fazer a cabeça da maioria da população. As pessoas que pensam e não perderam a capacidade de raciocinar não se deixam mais influenciar pela grande mídia que, a cada dia que passa, vai perdendo credibilidade à medida em que os fatos a desmentem.
O exemplo mais recente foi o reconhecimento de que a construção do porto de Mariel, em Cuba, pelo governo brasileiro, com financiamento do BNDES, foi um golaço da presidenta Dilma. Com o reatamento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba, anunciado pelos presidentes Barack Obama e Raul Castro, respectivamente, o porto de Mariel ganhou grande importância estratégica para o Brasil. Recorde-se que a construção desse porto foi um dos motes preferidos do então candidato Aécio Neves, com a ressonância da mídia, para criticar a candidata do PT durante a campanha, acusando-a de gastar lá fora um dinheiro que poderia ser investido aqui. Ocorre que o porto foi construído por uma empresa brasileira com a maior parte do material empregado fabricado em território nacional. E ele será de fundamental importância para as exportações brasileiras.
Considerando que o reatamento das relações entre Cuba e os Estados Unidos acabou confirmando o acerto da decisão da presidenta Dilma em construir o porto de Mariel, o que deixou mal os tucanos que a criticaram por isso, não será surpresa se o deputado Carlos Sampaio ingressar com uma ação na ONU para anular a decisão dos dois presidentes. Afinal, ele não consegue suportar nada que possa produzir efeito positivo para a Presidenta. E corre o risco de pirar.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Petrobras ameaçada
Com suas ações pautadas pela grande imprensa, que lhe dá cobertura, a oposição, depois de frustradas as expectativas quanto à rejeição das contas da campanha eleitoral da presidenta Dilma Roussef, voltou a assanhar-se com as denúncias da ex-gerente da Petrobrás, Venina da Fonseca, de que em 2009 alertara a presidente da empresa, Graça Foster, sobre irregularidades nas obras da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. E, contando com o indispensável eco na mídia, estriba-se agora nessas denúncias para clamar em coro pelo afastamento de Graça da Petrobrás, mesmo sem qualquer acusação contra ela.
Até o fim de semana ninguém sabia como e por que surgiram semelhantes denúncias, já que Venina não havia sido sequer citada nas investigações da Operação Lava-Jato. Soube-se que ela decidiu abrir o bico agora para vingar-se da diretoria da empresa, por ter sido demitida do cargo que ocupava em Cingapura, acusada como uma das responsáveis pelos problemas na refinaria de Pernambuco quando no cargo de gerente. Está explicado porque ela passou cinco anos de bico fechado, conivente com as ações de Paulo Roberto. Ao contrário do que ela afirma, no entanto, a diretoria da empresa abriu inquérito interno para investigar suas denuncias e acabou descobrindo suas falhas, que resultaram no aumento dos gastos com a obra.
O fato é que a imprensa e a oposição, que vivem procurando algurás ameaçadama coisa para atacar a presidenta e provocar a instabilidade do governo – o principal objetivo na verdade é a conquista do poder – encontraram nas denúncias de Venina mais um mote para manter aceso o fogo contra o Palácio do Planalto, de modo a não dar trégua a Dilma em seu segundo mandato, conforme, aliás, prometeu o tucano-chefe Aécio Neves. Ao mesmo tempo, busca-se de qualquer jeito atingir o ex-presidente Lula, tarefa que será intensificada à medida em que se aproximar o pleito presidencial de 2018, porque a meta deles é impedir que o torneiro mecânico volte a concorrer, desgastando-o de tal modo que a sua possível candidatura seja inviabilizada.
Não parece difícil perceber o plano habilmente arquitetado pelas chamadas forças ocultas para a tomada do poder. Na verdade, tudo indica a existência de dois planos: o Plano A e o Plano B. O Plano A consiste em explorar à exaustão, contando com a cumplicidade de alguns setores, todos os fatos negativos ao governo, sobretudo o filão da corrupção, de maneira a criar as condições ideais para o pedido de impeachment da Presidenta, contando com o indispensável apoio do Congresso para apeá-la do Planalto. Por isso os tucanos já estão negociando o apoio à candidatura do deputado Eduardo Cunha à presidência da Câmara, condicionando-o justamente à aceitação do encaminhamento do impeachment. O Plano B, executado simultaneamente, visa tirar Lula do páreo das eleições de 2018, de modo a facilitar a vitória do tucano, seja ele quem for, caso fracasse o Plano A. A reportagem do “Globo” sobre a suposta compra, pelo ex-presidente, de um triplex no Guarujá é apenas uma pequena amostra do que pretendem fazer até 2018. Paralelamente, imprensa e oposição trabalham de mãos dadas para desacreditar e desvalorizar a Petrobrás – ela já perdeu mais de R$ 100 bilhões em apenas três meses – tornando-a presa fácil para o capital estrangeiro, que há tempos está de olho nela e, consequentemente, em nossas riquezas do fundo do mar. Quando quebrou o monopólio do petróleo o ex-presidente FHC já preparava o caminho para a privatização da empresa, o que, felizmente, não conseguiu. Mas ainda não desistiram. O jornal “O Globo”, em editorial no domingo, deixou cair a máscara, confirmando as suspeitas de que o ataque diário à empresa tem por objetivo enfraquecê-la para permitir o avanço dos grupos estrangeiros em nossas reservas de petróleo, em especial no pré-sal, o que fazia parte do programa de governo de Aécio Neves, do PSDB. Diz o editorial:”Com ações e títulos desvalorizados a Petrobrás não conseguirá recursos facilmente nos mercados a fim de cumprir compromissos impostos pelo governo”.
Defendendo a abertura do pré-sal para as empresas estrangeiras, diz o “Globo” mais adiante: “O governo Lula instituiu o modelo de partilha de produção no pré-sal, tornando a Petrobrás operadora única desses blocos, e com uma participação de no mínimo 30% no consórcio investidor. Na Prática, ressuscitou o monopólio para essas áreas. Ambas as condições são inexequíveis para a realidade financeira e gerencial da Petrobrás”. E acrescenta: “Ainda que mantenha o modelo de partilha para o pré-sal, o governo terá então de rever a obrigação de a Petrobrás ser a operadora única dos futuros blocos e ter um limite mínimno de participação nos consórcios”. E conclui o editorial com uma acusação: “A conjuntura potencializa o estrago em curso provocado pelo esquema de corrupção montado pelo lulopetismo na estatal”. Incrível, mas os Marinho fingem não saber que são eles mesmos que estão potencializando os estragos na empresa.
Não se pode penalizar a Petrobrás, como instituição, pelo esquema de corrupção montado dentro dela desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Como ninguém tem letreiro na testa, o governo não poderia adivinhar que nomeava corruptos para sua diretoria. Os culpados, no entanto, graças ao governo Dilma, que deu autonomia à Policia Federal para investigar todas as denúncias de corrupção, estão sendo identificados e punidos. Para os grupos interessados no poder, porém, pouco importa a identificação ou o destino dos culpados, desde que atinjam os seus objetivos. Para eles vale tudo para a conquista do poder, até mesmo a entrega do nosso petróleo para grupos estrangeiros e a destruição, desvalorização ou venda da nossa mais importante empresa estatal.
Percebe-se, também, o esforço da mídia e da oposição em colar no PT e, por via de conseqüência, no governo de Dilma o selo da corrupção, como se antes dos governos petistas o país fosse um modelo de honestidade. Prova disso é que tentam, inclusive, manchar o nome da Força Aérea Brasileira com a nódoa de corrupta, conforme se constata do título das notícias sobre a denúncia de uma empresa americana, onde se diz que “a FAB foi subornada”. Na verdade, os subornados teriam sido alguns militares e funcionários civis da Aeronáutica e não a instituição. A FAB, como instituição, jamais será subornada. Para o pessoal interessado em arrancar Dilma do Planalto, no entanto, vale tudo para fragilizar o seu governo, até mesmo tentar atingir uma de nossas forças armadas.
O fato é que a presidenta Dilma e o PT não podem, após as recentes vitórias, baixar a guarda, pois os golpistas não dormem e todos os dias estão criando algum factóide novo para alimentar o fogo contra o Planalto. E contam com os pobres anencéfalos, inteiramente dominados pelo noticiário tendencioso, para fazer coro em manifestações de rua. Ainda bem que a maioria dos brasileiros não se deixa conduzir pela grande mídia, do contrário, considerando a campanha desmoralizadora realizada no período que antecedeu ao pleito, a presidenta Dilma não teria sido reeleita. O que significa que a imprensa oposicionista está se desacreditando por suas matérias tendenciosas, perdendo o poder de influência que desfrutava até antes de abandonar a sua missão de informar para transformar-se em partido político.
domingo, 14 de dezembro de 2014
Dois pesos e...
A Justiça Federal determinou o bloqueio de cerca de R$ 600 milhões de empresas acusadas de formação de cartel para fraudar licitações de trens em São Paulo, nos governos tucanos de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alkmin. A Policia Federal, que investiga o cartel, tem o nome de todos os envolvidos, incluindo figuras de destaque do PSDB, mas a grande imprensa oposicionista, além de noticiar o fato com discrição, não cita o nome de ninguém. A televisão se limita a dizer que o esquema de propinas se desenvolveu de 1998 a 2008, nos governos controlados pelo PSDB, mas também não cita o nome de nenhum dos governadores. Quanta diferença com o noticiário sobre a Petrobrás!
Enquanto divulga discretamente a corrupção no metrô paulista, porque envolve tucanos de alta plumagem, a mesma imprensa escandaliza o noticiário sobre a Operação Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás. E com a denúncia da ex-gerente Venina Fonsêca, de que havia alertado a presidente da empresa, Graça Foster, sobre as irregularidades, a Petrobrás voltou a ocupar grandes espaços na mídia comprometida. A oposição, que havia se aquietado depois da aprovação das contas da campanha da presidenta Dilma Roussef, voltou a se assanhar, com as suas lideranças pedindo a demissão de Graça Foster. E até o senador tucano Álvaro Dias, que estava meio escondido após o surgimento do seu nome na Lava-Jato, deitou falação.
Mesmo se sentindo protegidos pela facciosidade da grande mídia, que divulga com parcimônia o escândalo da corrupção no metrô paulista sem citar o nome dos envolvidos, não deixa de ser surpreendente o comportamento dos tucanos quando se mostram indignados com os escândalos na Petrobrás a abrem fogo contra o governo. Fazendo-se de cegos, surdos e mudos quanto à corrupção nos trens de São Paulo, eles fingem que o seu partido não tem nada com isso e, cinicamente, se revezam em críticas ao governo e à empresa de petróleo. Resta saber se manterão essa postura quando forem divulgados os nomes dos políticos envolvidos com a corrupção na Petrobrás e, também, com o esquema de propinas no metrô paulista, porque o que se diz extra-oficialmente é que tem gente de todos os partidos mergulhado no problema até o pescoço.
Pisou na bola
Quem procura, acha. O deputado Jair Bolsonaro tanto aprontou, com sua arrogância e discursos virulentos e chulos, que acabou extrapolando e agora deverá ter seu mandato cassado. A covarde agressão verbal à deputada Maria do Rosário foi a gota dágua que faltava para transbordar a paciência dos seus colegas parlamentares, dos partidos políticos (com algumas exceções), das organizações de defesa dos direitos humanos e da sociedade brasileira. Representante dos mais radicais extremistas de direita, Bolsonaro que, no exercício do mandato de deputado federal, não contribuiu em nada na tarefa do Legislativo, deverá voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído: as sombras.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Coisas estranhas
Muita coisa estranha está acontecendo no Brasil. Basta uma rápida vista d’olhos no panorama brasileiro para perceber-se, entre outras coisas, uma imprensa que virou partido político de oposição e faz campanha diária e sistemática contra o governo; um ex-presidente que fez o pior governo da história deste país e hoje se propala o melhor e faz críticas ferozes ao atual; um candidato derrotado que se diz vitorioso e prega o golpe num governo legalmente constituído; um juiz que conduz um inquérito em “segredo de Justiça” mas permite os vazamentos seletivos dos depoimentos; um ministro do Supremo de visível coloração política sempre “sorteado” para julgar processos de interesse do partido da sua preferência; inocentes úteis pedindo a volta do regime militar; e um deputado da base aliada que desafia o governo e a direção do seu próprio partido para eleger-se presidente da Câmara.
Até um “manchetômetro” foi criado no Rio para caracterizar melhor a passionalidade dos jornalões que, por suas matérias tendenciosas, estão gradativamente perdendo credibilidade e, consequentemente, leitores, a exemplo da revista “Veja”, que hoje agoniza. Por sua vez, o ex-presidente Fernando Henrique, em seu mais recente artigo sob o título de “Vitória amarga”, depois de dizer que a presidenta Dilma Roussef não comemorou a sua reeleição devido ao seu sabor amargo, considerou o seu governo legal mas ilegítimo. Após afirmar mais uma vez que ela foi eleita não apenas pelos mais pobres mas, também, pelos dependentes, FHC disse que resta a ela “continuar fazendo mal feito o que nós faríamos de corpo e alma, portanto, melhor”. Realmente, ele fez melhor a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição, o abafa das CPIs e engessamento da Policia Federal para que não investigassem a corrupção no seu governo e a dilapidação do patrimônio nacional, através das privatizações, entre outras coisas. E agora, sem condições de continuar mentindo, deixou de ser pai para proclamar-se “arauto” do Plano Real.
O juiz Sergio Moro, que preside as investigações da Operação Lava-Jato, é o novo Joaquim Barbosa, todo poderoso que faz o que bem entende na condução do processo dito “sigiloso” mas cujos depoimentos estão, seletivamente, todos os dias nas páginas dos jornais. E não permite que os delatores citem nomes de políticos para não ser obrigado a transferir o processo para o Supremo Tribunal Federal. No entanto, permite a citação do PT e mantém presas pessoas apontadas pelos delatores mesmo sem sentença. O jurista Miguel Reale Junior, em artigo sob o título de “A prisão como pressão”, condenou o comportamento do juiz Moro, dizendo que “transformar a prisão, sem culpa reconhecida na sentença, em instrumento de constrangimento para forçar a delação é uma proposta que repugna ao Estado de Direito”. E o CNJ e o STF, surpreendentemente, assistem impassíveis a tudo isso.
O senador Aécio Neves, ainda inconformado com a derrota nas urnas, convoca o povo para ir às ruas pedir o impeachment da presidenta Dilma Roussef. E apenas 2 mil pessoas, segundo estimativa da Policia Militar, participaram de uma manifestação sábado em São Paulo pedindo não apenas o impeachment mas, também, um golpe militar. Como não é bobo, o candidato derrotado não compareceu à manifestação que ele mesmo convocou, preferindo o Sol das praias de Santa Catarina. Além de otários, como o cantor Lobão, compareceram à manifestação inocentes úteis, que servem como massa da manobra pois não têm consciência do impeachment e suas conseqüências; aqueles que não viveram no período da ditadura e não tem a menor idéia do que ela representa; quem não tinha melhor programa para uma tarde de sábado e uns poucos aproveitadores, como o senador eleito José Serra. O povão mesmo preferiu a rua 25 de Março.
Estranhamente o ministro Gilmar Mendes, que não mais esconde o bico tucano, foi “sorteado” para julgar as contas da campanha eleitoral de Dilma Roussef, prometendo uma devassa, e a ação movida pelo PT contra o senador Aécio Neves, que classificou o partido de “organização criminosa”. E ninguém se surpreenda se ele rejeitar as contas da Presidenta e arquivar a ação contra Aécio. Também não será surpresa se forem “sorteadas” para ele as ações de eleitores que se julgaram ofendidos pela declaração do candidato derrotado. Gilmar, que parece ter herdado o papel de Joaquim Barbosa no Supremo, mantém ainda engavetado, há mais de seis meses, o processo que acaba com as doações de empresas privadas para campanhas eleitorais. Já aprovado pela maioria dos ministros, ele pediu vistas e sentou em cima, ignorando os apelos para que o devolva. E parece não existir força capaz de obrigá-lo a devolver o processo, de fundamental importância para o esforço no combate à corrupção.
Para completar o estranho panorama que se desenhou no país, o deputado Eduardo Cunha, do PMDB, se rebelou contra o seu partido e contra o governo e ameaça eleger-se presidente da Câmara Federal, contrariando a direção da agremiação partidária e o Palácio do Planalto. E a julgar pelas mais recentes notícias parece que o governo já estaria admitindo a derrota, buscando um acordo com o parlamentar que tem se revelado mais oposicionista que o pessoal da oposição. Se isso se confirmar será uma vergonha tanto para o governo como para a direção do PMDB, que se mostrarão sem forças e sem autoridade diante de um único deputado. E se ele efetivamente se eleger, obviamente com o apoio da oposição, a presidenta Dilma Roussef pode se preparar para enfrentar sérias dificuldades no Congresso Nacional. Cunha, que tem a mesma cara de corvo de Carlos Lacerda, embora não o mesmo talento, promete repetir a atuação oposicionista do histórico udenista.
Diante desse estranho e perigoso panorama, que revela ainda um PT apático e sem a mesma disposição de luta de outros tempos, aos brasileiros sérios, que amam este país, só resta a indignação de ver a imprensa pautando a oposição e lideranças inconseqüentes tentando incendiar o país, acreditando criar as condições necessárias para a tomada do poder. Na verdade, nem os jornalões e muito menos os oposicionistas, a começar pelo candidato derrotado Aécio Neves, estão preocupados com os interesses do país e do seu povo. A falsa indignação com os problemas na Petrobrás tem apenas o objetivo de enganar os trouxas, já que a corrupção na empresa vem desde o governo de Fernando Henrique. E só agora começa efetivamente a ser investigado com a consequente punição dos responsáveis. O que Aécio e companhia querem mesmo é o poder, não importa o preço que o país tenha de pagar.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Roseana renuncía
O Maranhão tem novo governador desde quarta-feira última, dia 10: o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Arnaldo Melo, assumiu o governo para um mandato-tampão de 22 dias porque a governadora Roseana Sarney renunciou ao restinho do seu mandato. Não houve uma justificativa para a atitude de Roseana que, desse modo, não passará a faixa, no dia 1º de janeiro, ao governador eleito Flavio Dino. Há rumores, no entanto, de que ela pretenderia fixar residência em Miami, nos Estados Unidos, após praticamente 16 anos à frente do governo do Maranhão. O novo governador já nomeou os novos secretários.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Todo cuidado é pouco
O movimento golpista, que havia se recolhido momentâneamente às sombras depois que os comandantes militares confirmaram a democracia no país, voltou a assanhar-se com a nova perspectiva de impeachment aberta pela atuação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que, na apreciação das contas da campanha eleitoral do PT, busca encontrar algo que possa ligar a presidenta Dilma Roussef à corrupção na Petrobrás, investigada pela Policia Federal na Operação Lava-Jato. Seu esforço é compartilhado pela imprensa tendenciosa, que vê na delação premiada e no julgamento das contas eleitorais petistas o trunfo que procurava para executar o seu projeto destinado a defenestrar a Presidenta do Planalto.
Ainda nesta quarta-feira os jornalões do Rio e São Paulo circularam com a mesma manchete: “Propina virou doação oficial ao PT, diz delator”. A noticia referia-se ao depoimento do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, segundo o qual parte da propina paga ao ex-diretor Renato Duque, da Petrobrás, eram “doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores”. Dentro do seu procedimento faccioso rotineiro, os jornalões destacaram apenas o que interessava ao seu projeto golpista, escondendo informações do mesmo delator de que o PT não sabia da origem do dinheiro e que onze partidos receberam doações do mesmo tipo – onze partidos e não apenas o PT.
A imprensa comprometida com interesses que não os do país ampliou, neste final de ano, o fogo contra o Palácio do Planalto, contando para isso justamente com a munição fornecida pelos vazamentos seletivos da Operação Lava-Jato, que viraram rotina e passaram a ser encarados com naturalidade, embora debochadamente afirmem que o inquérito corre em “segredo de Justiça”. E, por mais incrível que possa parecer, até hoje não surgiu nenhuma iniciativa, por quem de direito, para coibir essa prática abusiva e punir os responsáveis, que prosseguem tranqüilos em sua contribuição para a execução do golpe contra um governo legalmente constituído. O Palácio do Planalto, ao que parece, subestima a capacidade golpista dessa gente.
Pautada por essa imprensa passional, que há tempos abandonou o seu papel de informar para transformar-se em partido político, a oposição vai fazendo a sua parte no Congresso Nacional, criando dificuldades para a votação das matérias de interesse do governo, inclusive levando baderneiros para as galerias. E o candidato derrotado nas eleições presidenciais, o senador Aécio Neves, depois da vergonhosa choradeira de menino mimado, resolveu mostrar-se durão e passou a agredir o governo com mais virulência, revelando-se completamente transtornado quando ocupa raivosamente a tribuna do Senado. O candidato que quis parecer bonzinho na campanha eleitoral mostra agora a sua verdadeira cara de mau, ainda inconformado com a derrota.
O fato é que só um cego não vê a armação que vem sendo montada, desde a divulgação do resultado das urnas, para impedir a presidenta Dilma Roussef de cumprir o seu segundo mandato. Mesmo sem nada que pudesse justificar semelhante iniciativa, o impeachment começou a ser falado no dia seguinte à eleição e passou a ser repetido como um mantra, na imprensa, nas ruas e no Congresso, de modo a que o povo se habituasse com a idéia. Faltava um motivo, o que agora pretendem forçar com o depoimento do executivo da Toyo e a atuação do ministro Gilmar Mendes no julgamento das contas do PT. Daí o assanhamento da mídia oposicionista e dos tucanos, que provavelmente imaginam atingir seus objetivos antes do inicio do novo mandato de Dilma.
Já está passando da hora, porém, do governo reagir no mesmo diapasão, usando os mecanismos legais de que dispõe e botando o seu bloco na rua para estancar esse movimento golpista que, orquestrado pelas forças da direita, revela tentáculos em todos os setores de atividades. Depois de tanto tempo o lacerdismo revela seguidores nas hostes oposicionistas atuais, onde Aécio tenta firmar-se como líder, com espaço assegurado na mídia que o apóia, na esperança de continuar candidato à Presidência da República. Ao contrário do que imagina, no entanto, com essa postura agressiva, destilando ódio pelos poros, vem perdendo eleitores para Geraldo Alkmin e José Serra. O povo não gosta desse tipo de política e, por isso, o governador paulista e o senador eleito, mais maduros e equilibrados, já começam a ocupar espaço com vistas ao pleito de 2018. A Aécio restará aprender a lição. De qualquer modo, o governo não deve perder de vista os descontentes, pois todo cuidado é pouco.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Menino mimado
Decorridos mais de um mês das eleições de outubro, o senador Aécio Neves continua no palanque, inconformado com as derrotas para a Presidência da República e para o governo de Minas. E não perde uma oportunidade para agredir os vencedores e eleitores, comportando-se como um menino mimado que não aceita ser contrariado. Em recente entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, da Globonews, ele atribuiu sua derrota a uma “campanha sórdida”, afirmando que perdeu as eleições não para um partido político, mas para uma “organização criminosa”. Desta vez ele extrapolou, atingindo não apenas o PT mas, também, os seus eleitores.
Como conseqüência essa declaração infeliz, que reafirmou no dia seguinte garantindo que não retira uma única palavra, Aécio vai responder a uma enxurrada de processos na Justiça. Além do próprio PT, eleitores de todo o país, que se sentiram ofendidos, já manifestaram, nas redes sociais, a disposição de processá-lo criminalmente por difamação, calúnia e injúria, cobrando-lhe inclusive indenização por danos morais. Por conta desse excesso ele também mereceu críticas severas do jornalista Jânio de Freitas, sobretudo por continuar alimentando o clima de ódio que criou durante a campanha eleitoral. “É difícil admitir que Aécio Neves esteja consciente do papel que está exercendo”, disse o colunista da “Folha”.
A frustração do senador tucano com a derrota é tão grande que, além de comportar-se como se ainda estivesse no palanque, ele não mede as consequências das suas palavras no acirramento desse ódio inexplicável, que chegou a ser apontado na época pela colunista Laura Capriglione como causa do seu fracasso nas urnas. Ela advertiu que suas agressões a Dilma estavam “matando” a sua candidatura. E acentuou: “Os marqueteiros de Aécio já deviam saber que o ódio é um aliado mortal em eleições democráticas. É sórdido”. Aécio, no entanto, com o apoio da grande mídia, passou a atribuir ao PT as suas próprias atitudes.
Riquinho habituado a ter tudo o que desejou, desde a divulgação do resultado das urnas ele não consegue aceitar a derrota e, por isso, além da sistemática agressão aos vitoriosos, tenta convencer a si mesmo – e aos seus acólitos – de que, pelo fato de ter sido relativamente pequena a diferença de votos, foi o grande vencedor do pleito. Chegou, inclusive, a proclamar a teoria maluca de que “perdeu vencendo”, enquanto Dilma “venceu perdendo”. Difícil dizer se é caso de tratamento psicológico ou psiquiátrico.
Parecendo o garoto do buchão, que vive choramingando porque lhe tomaram o pirulito, o senador tucano revela, com esse comportamento, total falta de maturidade, incapaz de aceitar as regras do jogo democrático quando o resultado lhe é desfavorável. É a primeira vez, na história da democracia no Brasil, que um candidato derrotado nas urnas se recusa a aceitar o seu veredito, entregando-se a permanente choradeira. Já pensaram se todos os candidatos derrotados aos governos estaduais adotassem o mesmo comportamento? O país não conseguiria dormir com tanto chororô.
Com esse comportamento infantil o senador presidente do PSDB, além de estar perdendo o equilíbrio com seus inoportunos e virulentos ataques, está se isolando dentro do seu próprio partido, pois, afora o seu pequeno grupo de acólitos chorões, ele não tem recebido o apoio de outras lideranças tucanas, como dos governadores Geraldo Alkmin e Marconi Perillo e do senador eleito José Serra. Mais maduros e convencidos da legitimidade da vitória da candidata petista e da importância de um relacionamento formal e respeitoso com o poder central, os três preferem ficar distantes de Aécio, para não serem respingados pelo seu ódio inconcebível.
Talvez a maior dor de Aécio, no entanto, esteja relacionada com o futuro, porque ele provavelmente concluiu que a eleição deste ano pode ter sido a sua primeira e última oportunidade de chegar à Presidência da República. Isto porque em 2018 ele deverá enfrentar, dentro do seu próprio partido, dois fortes candidatos ao Palácio do Planalto – o governador Geraldo Alkmin e o senador José Serra – os quais, mesmo a contragosto, abriram mão da vaga este ano. E, também, caso consiga vencer a disputa interna no ninho tucano, deverá ter pela frente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja candidatura à sucessão da presidenta Dilma Roussef é considerada fava contada.
Na verdade, não apenas o candidato derrotado à Presidência se mostra revoltado com a vitória de Dilma. A mídia oposicionista também ainda não digeriu a reeleição da Presidenta. O jornal “O Globo”, por exemplo, em editorial logo após o pleito, sob o título de “A mensagem das urnas”, disse que a eleição presidencial deixou o país dividido entre “o que produz e paga impostos, que deseja o PT longe do Planalto, e o Brasil cuja população se beneficia dos lautos programas sociais, que não quer mudanças em Brasília por razões óbvias”. O jornalão carioca, que surpreende com semelhante interpretação preconceituosa do resultado das urnas, ainda debocha dos pobres ao classificar de “lautos”os programas sociais.
O fato, porém, é que a maioria do povo brasileiro decidiu manter a presidenta Dilma Roussef no Palácio do Planalto pelos próximos quatro anos. Afinal, o voto do pobre não é diferente do voto do rico, assim como a pequena diferença não tira a legitimidade da vitória. Diante disso, resta ao senador Aécio Neves deixar de ser infantil – até porque não fica bem semelhante atitude a um aspirante à Presidência da República – parar com a choradeira e as crises de revolta e aceitar democraticamente o resultado das urnas, preparando-se para tentar ser mais convincente – e menos agressivo – no pleito de 2018, caso até lá consiga manter-se candidato. Afinal, Alkmin e Serra estão aí mesmo...
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Silenciados
A manifestação pedindo o impeachment da presidenta Dilma Roussef, realizada em São Paulo por um punhado de rola-bostas (aqueles que compartilham dejetos postados nas redes sociais), não teve nenhuma ressonância no seio da sociedade, caracterizando-se como um movimento isolado de alienados desligados da realidade democrática brasileira. O clima de golpismo, criado pelos derrotados nas últimas eleições presidenciais e estimulado por conhecidos colunistas da ultra-direita, desvaneceu-se diante da manifestação dos comandantes militares que, conscientes do papel das Forças Armadas na defesa da legalidade, confirmaram a democracia vigente no país e afirmaram que não existe nenhuma possibilidade de golpe.
Também contribuiu para o arrefecimento dos ânimos golpistas o desenvolvimento da Operação Lava-Jato, que revelou ter a corrupção na Petrobrás se iniciado no governo de Fernando Henrique e, inclusive, beneficiado políticos do ninho tucano. Tal revelação provocou o silêncio do “indignado” Aécio Neves e seus acólitos e, também, do próprio FHC, que se declarou contra a CPI. Para completar, por conta das preferências partidárias de delegados encarregados das investigações, dos vazamentos seletivos e do esforço do juiz Sérgio Moro em impedir a citação de políticos para não entregar ao STF o controle do inquérito, a operação perdeu, passado o impacto inicial, a credibilidade e a confiabilidade do povo brasileiro, que esperava um trabalho mais sério para por tudo em pratos limpos.
Por outro lado, a presidenta Dilma Roussef calou a oposição ao escolher a sua nova equipe econômica, incluindo nomes antes vistos como ligados ao candidato derrotado. O ex-governador tucano Alberto Goldman, um dos mais ferozes críticos do governo, revelando uma visão vesga do ato da Presidenta enxergou na escolha dos novos ministros uma vitória do senador mineiro, afirmando em artigo que Dilma presidirá a República “mas quem venceu a parada sobre a política que deve dirigir o país nos próximos anos foi Aécio Neves”. Dá pena ver-se semelhante interpretação, sobretudo partindo de um homem que, por seu histórico político, tinha a obrigação de ter equilíbrio e senso do ridículo. Primeiro porque o “ministro da Fazenda” de Aécio era o Armínio Fraga – e não o Levy – e segundo, porque Dilma, na verdade, revelou isenção política e grandeza de atitude ao mostrar-se mais preocupada com os interesses do país do que com os interesses partidários.
Outro fato que contribuiu bastante para o silêncio dos “indignados” tucanos, que agora se tornaram mais introspectivos, foi o artigo do empresário Ricardo Semler, publicado na “Folha de São Paulo”, no qual demonstrou que a corrupção hoje é bem menor do que a verificada antes dos governos petistas. Com o titulo de “Nunca se roubou tão pouco”, o empresário filiado ao PSDB revelou que desde 1970 a sua empresa, a Semco, deixou de vender equipamentos navais para a Petrobrás porque era impossível fazer negócios com a empresa sem pagar propinas. E acrescentou: “O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras".
Ricardo Semler, em seu artigo, revela ainda que
em anos anteriores a corrupção roubava 5% do Produto Interno Bruto do Brasil; esse índice caiu para 3,1% e agora é calculado em 0,8% do PIB. E pergunta: "Onde estavam os envergonhados (que fazem passeatas) nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão – cem vezes mais do que o caso Petrobras – pelos empresários?" O artigo teve grande repercussão, não apenas nos meios empresariais, mas, sobretudo, entre os tucanos, que tiveram de engolir em seco e sufocar aquela falsa indignação sobre as investigações da Operação Lava-Jato. O próprio Aécio Neves, que bradava sobre “o maior escândalo da história do país”, e o ex-presidente FHC, que se dizia “envergonhado”, tiveram de enfiar a viola no saco porque não tinham como contestar o empresário tucano.
Depois disso tudo, os oposicionistas mais radicais se limitam agora apenas a fazer barulho, como siris na lata, porque ficaram sem discurso. Até o senador Aloysio Nunes, vice de Aécio, ficou estranhamente mais cauteloso, evitando inclusive nova participação na última manifestação pela derrubada da Presidenta porque, apesar do pavio curto, percebeu que não há mais clima para isso. A esperança deles agora, pelo visto, é o ministro Gilmar Mendes, o tucano enrustido que examina as contas da campanha eleitoral do PT e que recentemente salvou a pele de outro tucano enrustido, o procurador Di Grandis, que estava sendo processado pelo Ministério Público por procrastinar, criminosamente, a apuração, solicitada pela Justiça suíça, das denúncias sobre propinas e cartel nos trens do metrô paulista.
Como o Congresso está entrando em recesso, silenciando por breve tempo as bocas de caçapa, e o país está entrando em clima de Natal tudo leva a crer que os brasileiros viverão um pequeno período de tranqüilidade até o início do próximo ano, quando os ânimos voltarão a se acirrar, dessa vez pelo comando das duas casas do Parlamento Nacional. Tomara que até lá o espírito natalino incorpore nos maus brasileiros que, da tribuna do Congresso ou das colunas dos jornais, se esforçam para incendiar o país, de modo a contribuir para que a paz possa reinar, mesmo que por pouco tempo, no coração de todos. Afinal, o Brasil é muito grande para ficar à mercê de pessoas que, encasteladas em mandatos, em posições de relêvo ou à frente de poderosos veículos de comunicação, estão mais preocupadas em defender os seus próprios interesses do que os interesses maiores do povo brasileiro.
Baderneiros
Um punhado de desocupados, arrebanhados pela oposição, ocupou as galerias do Congresso Nacional para tumultuar a votação da lei do superávit. O presidente do Parlamento, senador Renan Calheiros, agiu corretamente ao mandar expulsá-los, pois é inadmissível que baderneiros interfiram nos trabalhos do Legislativo. Será que esse pessoal não tem o que fazer? Na verdade, só vagabundos estão livres num dia de semana para sair de suas casas e fazer baderna no Congresso, inclusive agredindo parlamentares. Qualquer pessoa tem todo o direito de protestar contra o que considera errado, mas deve fazê-lo de modo pacífico, pois toda ação gera reação. Se o protesto fosse pacífico é evidente que o senador Renan Calheiros não teria solicitado a interferência da polícia.
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