sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Queixas

Recebi, do jornalista Francisco Sidou, o seguinte texto: "Na eleição para a diretoria e Conselho Deliberativo da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco da Amazônia (CASF), a Chapa 2, encabeçada por Madison Paz de Souza, foi a vencedora. Durante a sua campanha eleitoral, a referida chapa anunciava “O que pensamos, o que faremos”, fazendo constar de seu vasto programa de RECONSTRUÇÃO da entidade, o seguinte: -Abertura ampla, geral e irrestrita das informações sobre a gestão da Casf mediante a instituição de audiências trimestrais abertas aos associados, com amplo direito a voz, exercido nos termos da boa ordem. -Abertura das análises atuariais que orientam os reajustes das mensalidades dos planos de saúde administrados pela Casf ao Conselho de Usuários. -Reavaliação das bases estruturais do PLANCASF e do Plano Família, objetivando torná-los menos onerosos aos beneficiários. Já decorridos quase 3 meses de sua posse, a nova diretoria da Casf nem sequer providenciou a atualização do site da entidade para prestar informações aos seus associados, como, por exemplo, sobre o reajuste de 9,65% do valor do PLANCASF a partir deste mês de setembro. O certo seria a divulgação de um relatório que mostre a real situação da Casf, notadamente receitas e despesas (salários, alugueis, etc) para que os usuários possam julgar se é justo ou não o reajuste tão rapidamente decidido e não devidamente justificado pelos novos dirigentes. Os associados da Casf estão revoltados, e com razão, principalmente pela falta de transparência dos atos dos atuais dirigentes, o que faz prevalecer o disse-me-disse, os boatos e as fofocas nas conversas de grupos de servidores do BASA, aposentados ou mesmo da ativa, dando conta, por exemplo, de que um tal Fernando, ex-diretor da extinta Coramazon, vendeu para a Casf, a sua empresa Blue Invest Corretora de Seguros e Benefícios, por um expressivo valor, para que fosse transformada na Casf Corretora de Seguros. E pasmem: o Fernando foi escolhido e é o diretor-presidente da Casf Corretora, com salário de R$ 12 mil. E mais: não se sabe nada a respeito da destinação dos lucros da Casf Corretora, que o Madson dizia que seriam usados para ´aliviar` os valores cobrados dos usuários dos Planos de Saúde, ao invés de beneficiar a Aaba e a Aeba, como era feito na Coramazon. Há poucos instantes recebi via-EBCT, uma ´cartinha` da Casf, comunicando-me sobre o reajuste de 9,65% nas mensalidades do PLANCASF, que vigorará de setembro/2014 a agosto/2015. Mas eu preciso, ou melhor, como associado desde a fundação da Casf, tenho o direito de saber como está a atual situação econômico-financeira da entidade, para que eu possa decidir se permaneço como usuário de seus serviços ou se passo a utilizar os da Unimed, por exemplo. Com base nas informações que recebi de fonte confiável, as despesas administrativas da Casf giram em torno de Cr$ 500 mil/mês. Precisamos saber quais são essas despesas e se não há excesso de pessoal usufruindo de ótimos salários".

sábado, 13 de setembro de 2014

Os órfãos de Joaquim

O ministro Ricardo Lewandowski tomou posse nesta quarta-feira na presidência do Supremo Tribunal Federal, em cerimonia que contou com a presença da presidenta Dilma Roussef e outras autoridades. Lewandowski sucede o ministro Joaquim Barbosa, de triste memória, que deixou o cargo e se aposentou precocemente, marcando a sua gestão por atitudes arbitrárias que o transformaram no principal inimigo da advocacia nacional. Com a sua saída, festejada dentro e fora do poder judiciário, a mais alta corte de Justiça do país virou uma das páginas mais sombrias da sua história. Ao contrário de Barbosa, a posse do novo presidente do STF foi saudada pela sociedade brasileira como início de um novo período para a Justiça, pois todos estão convencidos de que sob o comando de Lewandowski, homem equilibrado, sereno e discreto, o Supremo restaura o prestígio, credibilidade e confiança que sempre desfrutou, oferecendo ao povo a esperança de que a partir de agora haverá realmente justiça no país. Não faz muito tempo, aliás, numa sessão da OAB de desagravo ao advogado José Gerardo Grossi, que ofereceu emprego ao ex-ministro José Dirceu, o advogado Luiz Fernando Pacheco já profetizava: “Joaquim Barbosa sai por uma porta do Supremo Tribunal Federal e a Justiça entra por outra”. Pacheco é o mesmo advogado que foi expulso da sessão do STF, por ordem do então presidente Joaquim Barbosa, porque rogava que o seu recurso em favor do seu cliente José Genoino, até então engavetado, fosse submetido ao plenário. A atitude arbitrária de Barbosa, nunca registrada em toda a história do Supremo, mereceu nota de repúdio da OAB. O ex-presidente conseguiu desagradar também os seus próprios colegas, entre eles o ministro Marco Aurélio Mello, um dos mais antigos, que, em entrevista a uma emissora de rádio, manifestou-se confiante de que agora haverá maior diálogo, o que não existia na gestão anterior, marcada, segundo ele, pela “intolerância”. O fato é que na história do judiciário brasileiro nunca a mais alta corte de justiça do país foi tão questionada e criticada como na gestão do ministro Joaquim Barbosa. E não apenas pelo julgamento do chamado “mensalão”, que já começou errado porque a maioria dos réus não tinha direito a foro privilegiado, mas pela prepotência do presidente, que negava direitos e agredia os próprios colegas. A certa altura da indignação geral um grupo de mais de 300 intelectuais chegou a divulgar um manifesto, que dizia: “O Brasil assiste perplexo à escalada de arbitrariedades cometidas pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Já não se trata de contestar o resultado do julgamento da chamada AP 470 – embora muitos de nossos pátrios juristas ainda discutam inovações polêmicas daquele julgamento, como a chamada "teoria do domínio do fato", por substituir a presunção de inocência pela presunção de culpabilidade”. Com a sua aposentadoria precoce o ministro Joaquim Barbosa também deixou muita gente órfã, em especial aqueles que exultaram com a condenação e prisão dos petistas no processo do chamado mensalão. Os maiores órfãos, no entanto, são os controladores da Grande Imprensa, que o transformaram em super-herói por ter feito justamente o que eles queriam: atingir o governo do PT com a prisão de um dos seus ex-ministros e uma de suas principais lideranças, o ex-ministro José Dirceu. A “Folha de São Paulo”, em editorial logo após o anúncio da sua aposentadoria, exaltou o “papel histórico” de Barbosa, afirmando que, apesar dos “destemperos” e “falta de serenidade” , ele mostrou uma “férrea determinação” em condenar os réus da ação penal 470, mérito que supera, segundo o jornalão paulista, seus problemas de comportamento. Com o ego inflado e transformado em celebridade, saudado como herói por onde passava, Barbosa chegou até a ser cogitado como candidato à Presidência da República, um delírio de quem festejava a sua perseguição aos petistas condenados. A revista “Veja”, que não perde oportunidade para agredir o governo, satisfeita pela atuação do relator do “mensalão” na tarefa de dificultar o desempenho do PT nas eleições de 2012, fez com ele uma reportagem de capa, elegendo-o como “o menino pobre que mudou o Brasil”. Sem dúvida um exagero, pois ninguém conseguiu descobrir o que ele realmente mudou. Hoje, porém, com uma aposentadoria sem tempo que lhe garante um salário mensal de R$ 30 mil e planejando morar no apartamento que comprou em Miami, Estados Unidos, a “Veja” bem que poderia fazer uma nova reportagem com ele, agora com um título ligeiramente diferente do primeiro mas mais fiel à realidade: “O menino que era pobre se mudou do Brasil”.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Quo vadis?

A hipocrisia continua dominando a política nacional, em especial a campanha eleitoral, com a decisiva contribuição da chamada Grande Imprensa. Percebe-se, sem muita dificuldade, que a preocupação maior não é com o país, mas com o poder. E para conquistá-lo vale tudo. Destruir reputações e enfraquecer instituições é apenas parte do processo, que tem como meta principal a retirada do PT do Palácio do Planalto, não importando os custos da empreitada para o país. O desejo desesperado de defenestrar o Partido dos Trabalhadores do poder obliterou a visão inclusive de pessoas até então consideradas equilibradas, que não mais se importam com os destinos do país, desde que a presidenta Dilma seja derrotada. A matéria de capa da “Veja” deste final de semana é mais um capítulo dessa novela de final imprevisível. Sob o pretexto de delação premiada, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa relacionou um magote de pessoas, a maioria parlamentares conhecidos - e quase todos ligados ao governo – como beneficiários de um suposto esquema de propinas que teria como epicentro o doleiro Alberto Yousseff. Nem o ex-governador Eduardo Campos, morto no acidente do jatinho em Santos, escapou, o que também salpica lama na candidata do PSB, Marina Silva, que o substituiu na corrida sucessória presidencial. Cabe, então, uma perguntinha inocente: essa delação está premiando quem? A julgar por tudo o que se divulga sobre Yousseff, preso na operação lava-jato da Policia Federal, esse doleiro parece mais um enorme polvo, cujos tentáculos alcançam quase todo mundo em todos os recantos do país, menos, estranhamente, a seara do PSDB e seus aliados, os quais, considerando-se a omissão do noticiário da Grande Midia, estariam imunes a tudo isso que vem sendo denunciado, apesar do aécioporto, do cartel do metrô de São Paulo, do mensalão tucano, etc. A mídia comprometida prefere, por motivos óbvios, não dar atenção a essas “bobagens”, porque para ela só vale como notícia o que pode tirar votos de Dilma e beneficiar Aécio. Então, não parece difícil descobrir quem a delação está premiando. Alguns analistas acreditam que a reportagem da revista recolocará o candidato tucano na disputa – na verdade esse foi o seu objetivo – mas no lugar onde ele se encontra, a não ser que haja um milagre, dificilmente a sua candidatura conseguirá sobreviver até o final da campanha, mesmo que até lá se fabriquem outros “escândalos”. Antes mesmo de Marina entrar no páreo ele já não conseguia sair do lugar e depois dela a situação dele ficou muito mais difícil. Talvez o maior adversário de Aécio seja ele mesmo, na medida em que se apresenta como a única solução para os problemas do país mas não consegue transmitir confiança ao eleitor, já que nos seus discursos ferinos se limita a criticar, até de maneira grosseira, a presidenta Dilma, sem apresentar nenhuma proposta que sensibilize o povo. Tem-se a impressão de que ele está enganando. A reportagem da “Veja”, sempre em tom de escândalo quando envolve alguém ligado ao governo, tem, obviamente, o nítido objetivo de influenciar as eleições, contando com a reação dos que sequer lêem o texto e já condenam os nomes citados sem raciocinar, só com base nas manchetes e nas fotos. Até porque neste caso não foi apresentada nenhuma prova contra ninguém e, portanto, por enquanto é apenas a palavra de Roberto Costa contra a das pessoas citadas por ele, inclusive deputados, senadores, governadores e até um morto, Eduardo Campos. A investigação que, segundo o ministro da Justiça, corre em segredo de justiça – segredo?? – sequer foi concluída, não se sabendo como o depoimento vazou para a revista. Para a mídia oposicionista, porém, isso não importa, desde que os seus objetivos sejam alcançados, ou seja, contribuir para catapultar Dilma do Planalto e melhorar a vida do seu candidato tucano. A estratégia usada agora é a velha conhecida de sempre: a revista publica o “escândalo” e os outros veículos que integram a Grande Imprensa oposicionista repercutem, dando uma dimensão gigantesca a qualquer fato ou factóide que possa atingir o governo. Os parlamentares oposicionistas fazem a sua parte, com discursos indignados classificando a notícia de “gravíssima”e pedindo a criação de CPI. Tudo jogo de cena para impressionar o eleitor e impedir que ele vote na candidata do PT, de modo a apeá-la do poder. E em nome da “liberdade de expressão” a Grande Midia, com a sua vergonhosa passionalidade, vai continuar alimentando o assunto diariamente, sem apresentar nenhum fato realmente comprometedor, destacando apenas declarações acusatórias à Presidenta. Até onde isso vai levar o país, ninguém sabe. E enquanto o seu candidato Aécio Neves, com sua língua afiada, vai se afogando no mar eleitoral esperando que “escândalos” fabricados como esse se transformem em sua tábua de salvação, a candidata Marina Silva passa por ele surfando na crista da onda, já causando preocupações também ao PT, cuja candidata à reeleição está enfrentando dificuldades para acompanhá-la. Com um discurso prolixo e ambíguo que ninguém entende – e talvez por isso mesmo agrade a muitos – a ex-seringueira vai avançando rumo ao Planalto, segundo as últimas pesquisas, com chance de vitória no segundo turno. Permanece, porém, uma incógnita quanto ao rumo que dará ao país, caso seja eleita. Quo vadis, Marina?

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O enigma Marina

A ex-seringueira Marina Silva parece repetir o fenômeno Fernando Collor que, em 1989, saiu de Alagoas, como “caçador de marajás”, e chegou ao Palácio do Planalto com 42% dos votos válidos. Era um ilustre desconhecido que em curtíssimo tempo conquistou as simpatias do eleitorado e, como um furacão nordestino, venceu todos os concorrentes, inclusive Lula. Com a mesma velocidade com que chegou ao Planalto, porém, voltou para as Alagoas: em apenas dois anos de governo foi defenestrado por um impeachment votado pelo Congresso Nacional, coroando um movimento popular que tomou conta das ruas de todo o país. O mesmo povo que, entusiasmado com a sua mensagem, o colocou no Planalto, arrependeu-se em pouco tempo e o tirou de lá. Teme-se, agora, que o mesmo possa acontecer com Marina que, saindo do Acre com um mandato de senadora pelo PT e depois ocupando o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula, projetou-se nacionalmente quando disputou pela primeira vez à Presidência da República pelo PV, em 2010, obtendo cerca de 20 milhões de votos. Agora concorrendo pelo PSB, substituindo Eduardo Campos, de repente deu um salto nas preferências do eleitorado, ultrapassando o candidato tucano Aécio Neves e empatando com a presidenta Dilma Roussef, até então liderando a corrida sucessória. E além de levar o pleito para o segundo turno já surge como provável vencedora, segundo as simulações dos institutos de pesquisas. É essa possibilidade, impensável há menos de um mês, que está preocupando não apenas seus adversários mas, também, cientistas políticos, economistas, empresários e religiosos, assustados com o seu programa de governo e, sobretudo, com a sua instabilidade, evidenciada quando o pastor Silas Malafaia obrigou-a a recuar nas questões referentes ao casamento homossexual e ao direito das mulheres em relação ao aborto. A maior preocupação, no entanto, está relacionada com a disposição de Marina de desacelerar a Petrobrás, reduzindo os investimentos no pré-sal, que deixa de ser prioridade, prejudicando a Educação, para onde deveria ser aplicado grande parte dos seus recursos. Há temores ainda sobre suas ações no setor industrial, com repercussões negativas para o emprego. Para completar as desconfianças sobre os rumos de um eventual governo de Marina, a coordenadora do seu Programa de Governo, Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, disse que, se for eleita, ela “não governará com suas convicções pessoais”. Pergunta-se: ela governará com as convicções de quem? Da própria Neca? Do pastor Malafaia? A declaração sugere que a ex-seringueira governará ao sabor das convicções de outras pessoas, sem um rumo definido, incorporando até mesmo – como revelou o candidato tucano Aécio Neves – programas do governo de Fernando Henrique Cardoso. O fato é que, diante da possibilidade de Marina vencer as eleições, começa a se criar no país um clima de incertezas, porque ninguém conseguiu ainda decifrar os seus discursos. Há um indisfarçável temor de retrocesso, o que, no entanto, não se mostrou ainda capaz de interromper a escalada da ex-seringueira em direção ao Palácio do Planalto. O ritmo de crescimento de Marina, segundo atestam as pesquisas, apesar do bombardeio de que vem sendo alvo, ainda não sofreu qualquer abalo, o que levou o coordenador da campanha do tucano Aécio Neves, senador Agripino Maia, do DEM, a jogar a toalha. Ele já admite publicamente e com todas as letras a derrota do seu candidato e, por isso, prega uma aliança com a candidata do PSB, pois entende que a esta altura dos acontecimentos mais importante do que prosseguir remando contra a maré, com a candidatura do PSDB perdendo terreno, é derrotar o PT, “o mal maior”. Surgiram rumores, inclusive, sobre a possibilidade de uma renúncia do tucano para facilitar a vitória de Marina já no primeiro turno, o que foi desmentido pelos líderes partidários. O fato é que, como diz o vulgo, Aécio já era, encolhendo a cada nova pesquisa de intenção de votos, uma decepção para os que o consideravam virtualmente eleito. E a disputa ficou polarizada entre duas mulheres: Dilma Roussef e Marina Silva. Como, porém, ainda falta um mês para as eleições, marcadas para 5 de outubro próximo, não está descartada a possibilidade de Marina sofrer um recuo nas próximas pesquisas, por conta de um arrefecimento do entusiasmo inicial dos eleitores, hoje mais atentos e conscientes do que em 1989, quando a perspectiva de eleger o primeiro presidente da República pelo voto direto, após 30 anos, provocou a onda que levou Collor ao poder. O cenário hoje, no entanto, é diferente. E muita gente que antes optara por Marina, motivada por vários fatores, inclusive a emoção pela morte de Eduardo Campos, já começa a refletir com mais maturidade sobre as confusas promessas dela, para que não se arrependam depois. Afinal, o Brasil, que obteve extraordinário crescimento e ganhou importância internacional nos governos Lula e Dilma, não comporta mais aventuras.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Indios

Os indios caiapós que vivem no interior do Maranhão decidiram participar da guerra contra os desmatadores e, por conta própria, atacaram um acampamento de madeireiros no Alto Turiaçu, prenderam os homens e destruíram o acampamento, maquinas e um caminhão. Os homens foram despidos e deitados amarrados no chão e a madeira confiscada. O governo, que luta com dificuldades por falta de pessoal para combater a destruição de nossas florestas, deveria aproveitar melhor os índios nessa ação, inclusive aparelhando-os para a tarefa. Afinal, melhor do que ninguém os índios conhecem a floresta e, portanto, estão mais preparados para combater os predadores.

Brasil x Colombia

Após a humilhante derrota de 7 x 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo, a seleção brasileira retorna nesta sexta-feira a campo, em Miami, num jogo amistoso contra a Colombia. A partida tem três aspectos marcantes: 1 – marca o primeiro jogo da nossa seleção depois daquele vexame; 2 – marca o retorno de Dunga ao comando da equipe canarinha; e 3 –marca o reencontro de Neymar com Zúniga, o colombiano que o tirou da Copa com uma joelhada criminosa na coluna. O Brasil precisa vencer para recuperar seu prestigio no cenário futebolístico mundial.

Conformação

As comparações que a presidenta Dilma Roussef fez entre os governos do PSDB e do PT, durante o debate na Band, quando afirmou que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso havia “quebrado” três vezes o Brasil, parece que doeram muito no candidato tucano Aécio Neves, no seu “ministro” Arminio Fraga e no próprio FHC. Respondendo na oportunidade à Presidenta, Aécio disse que ela governava olhando o passado pelo retrovisor, sem preocupação com o presente e sem projetos para o futuro. Sem dúvida uma frase de efeito, bem construída, mas sem conteúdo e nenhuma praticidade. Justamente por não ter a malícia de raposas políticas como o senador tucano, com apurada retórica em seus discursos, Dilma, que se caracteriza por sua capacidade em tomar decisões e colocá-las em prática, não replicou no mesmo diapasão. Ela poderia ter lembrado a Aécio, por exemplo, que quem dirige sem olhar o retrovisor pode provocar acidentes. E mais: é corrigindo os erros do passado que se melhora o futuro. Ninguém, governante ou não, pode ignorar o passado, como, aliás, o próprio tucano, que costuma repetir à exaustão que se deve a estabilidade econômica do país ao governo de FHC, responsável, segundo ele, pela implantação do Plano Real. A afirmação, na verdade, é uma grande mentira, pois o Plano Real e, consequentemente, a estabilidade econômica, são frutos do governo de Itamar Franco. Alguém pode argumentar: mas Fernando Henrique era o ministro da Fazenda. Certo, mas quem manda no governo é o presidente, a quem são creditadas todas as decisões. Por isso os planos econômicos sempre tiveram o nome dos presidentes: plano Collor, plano Sarney, etc. Ministro é auxiliar e pode fazer o melhor plano do mundo que, se não for aprovado pelo presidente, terá como destino o cesto de lixo. Além disso, por que só no governo FHC as ações foram creditadas a ele e não ao seu ministro da Fazenda? Ao que parece eles apostam na idéia de que o povo tem memória curta e, também, na máxima de Confúcio, segundo a qual “uma mentira dita mil vezes vira verdade”. O próprio ex-presidente FHC, aliás, sem poder afirmar o que sabe não ser verdade, disse, em recente artigo intitulado “Dilma entende pouco de economia”, que “desde quando assumi o ministério da Fazenda, no governo Itamar, começamos a refazer a credibilidade do país”. E acrescentou: “Fizemos em 1994 o Plano Real, sem apoio do FMI, e erguemos a economia”. Não é difícil perceber a sua indisfarçável pretensão quando insinua que foi ele, quando “assumiu o Ministério da Fazenda”, que começou a mudar tudo. De onde se conclui que sem ele o governo Itamar seria um fiasco. Pelo menos não teve a cara-de-pau, como seus correligionários, de afirmar ter sido ele o autor do Plano Real. O ex-presidente tucano inicia o seu artigo, em resposta às afirmações da Presidenta, dizendo: “Agora vejo o motivo pelo qual a presidente Dilma Roussef não conseguiu obter grau de pós-graduação na Unicamp: ela entende pouco de economia”. E o sociólogo por acaso entende? Foi ele quem elaborou o Plano Real ou foram os economistas que integravam a equipe de assessores do governo Itamar Franco? Depois de tentar justificar as dificuldades financeiras enfrentadas durante o seu governo, em razão de crises externas, o ex-presidente admitiu que em 2002 a situação esteve muito difícil como conseqüência do que ele chamou de “efeito Lula”. O “ministro” de Aécio, Arminio Fraga, foi mais claro, também em artigo, ao dizer que “em 2002, o Brasil quase quebrou, sim, em função do medo do que faria o PT no poder”. Ele só esqueceu de dizer que quem criou esse clima de terror no país, sob o argumento de que a eleição de Lula provocaria o caos, foi o próprio PSDB ao veicular, na propaganda eleitoral do horário gratuito, um vídeo em que a atriz Regina Duarte, fazendo cara de pavor, dizia: “Tenho medo!”. Mas agora isso não importa muito porque nos 12 anos do governo petista o Brasil cresceu e, entre outras coisas, pagou a dívida com o FMI, melhorou consideravelmente a vida do seu povo, tirou mais de 40 milhões de brasileiros da linha de pobreza e se tornou uma das maiores economias do mundo, respeitado ainda por sua posição de independência no concerto das nações. Os aspirantes oposicionistas ao Palácio do Planalto obviamente não podem dizer isso, mas ao invés da busca de votos com um discurso negativo certamente teriam mais êxito apresentando suas propostas para consertar o que consideram errado no país. Exatamente por conta desse discurso ultrapassado é que o candidato tucano Aécio Neves, ainda patinando no segundo lugar, viu Marina Silva passar por ele como um furacão na corrida sucessória. E hoje já parece conformado em assistir um segundo turno com duas mulheres, uma do PT e a outra oriunda do mesmo partido.