sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Influência
É surpreendente a influência que a chamada "Grande Imprensa" exerce, inclusive entre jornalistas tidos como inteligentes e sérios. Por ter votado contrariamente ao voto do relator Joaquim Barbosa, que satisfez plenamente ao desejo dos que controlam a "Grande Imprensa", o ministro Ricardo Lewandowiski passou a ser o alvo de todos os que querem a condenação dos réus, independente de provas ou não. Eles pregam a democracia, abrem o bocão diante de qualquer iniciativa que lhes pareça censura, mas ninguém pode contrariá-los sob pena de ser transformado na Geni do Chico Buarque de Holanda. Os jornalões não se limitam a noticiar o andamento do julgamento do chamado Mensalão: fazem pressão para que o Supremo Tribunal Federal decida de acordo com os seus interesses. Chegam ao absurdo de tentar adivinhar o pensamento dos ministros. As manchetes desta sexta-feira, parecidas e sempre afinadas quando aos interesses em jogo, revelam a clara posição dos jornalões: "Lewandowiski agora absolve político do PT". Até a festa de aniversário de um conhecido advogado de Brasilia, onde estiveram presentes o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, o ministro Marco Aurélio Mello e advogados de defesa dos réus do mensalão virou motivo de críticas. O ministro Marco Aurélio chegou a dizer: "O embate acontece lá. Aqui é confraternização". O que querem? Que o procurador, advogados e ministros sejam inimigos e, por isso, não podem participar juntos de uma festa? A que ponto chegou o passionalismo... Depois do revisor Lewandowiski, os ministros ficaram sabendo: quem votar pela absolvição dos réus vai ser crucificado. E quem votar a favor da condenação será endeusado.
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Um comentário:
A denúncia apresentada pelo PGR Roberto Gurgel, assim como o Relato do Ministro Relator, Joaquim Barbosa, revelam açodamentos injustificáveis porque produzidos sem o conhecimento mais apurado quanto aos elementos conceituais que regem a propaganda e publicidade no Brasil, como de resto em todo o mundo. Até aí, nada demais decorreria não fora a convergência das suas posições às que movem o interesse da grande mídia em relação ao mensalão. Inaceitável é que, sabendo que o escândalo do mensalão teve como origem o agenciamento da propaganda e publicidade no âmbito do Governo e das suas estatais (no caso, a Câmara dos Deputados e o Banco do Brasil, respectivamente), não tiveram, o Acusador e o Relator o necessário empenho no sentido de conhecer e dominar todo o arcabouço legal que rege a matéria. Lewandowiski paga pela “audácia” de ter se dado ao dever de conhecer à fundo o mecanismo pautado na lei e na regência normativa do setor, naquilo que a lei não cobre.
Quem conhece a matéria (publicidade no governo e suas estatais), sabe que o julgamento do Ministro Ricardo Lewandowiski é justo e tecnicamente acertado. Qualquer condenação de João Paulo Cunha certamente seria possível por crimes que terão ficado à margem da denúncia. E olha que talvez não sejam poucas as ações delituosas dele, João Paulo, não trazidos à lide. Afinal, o Mensalão é mais um escândalo de tantos outros que foram cometidos neste país, em todos os tempos, do Brasil Colônia aos dias de hoje, passando por bandeiras partidárias dos mais diferentes matizes. A diferença é que a “bandeira vermelha” chegou ao poder, neste país, relativamente preparada pela mudar os rumos da nação, seja nos aspectos econômicos quanto no social, mas, felizmente, mal preparada pela camuflar as suas “artes”, enquanto as “bandeiras passadas” passaram pelo poder, mais habilitados à camuflagem das “artes” do que ao exercício do desenvolvimento socioeconômico do País.
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