quinta-feira, 3 de julho de 2014

A caravana passa...

O Brasil – ufa! – passou para as quartas de final da Copa do Mundo de Futebol quase matando do coração muita gente que acompanhou o jogo com o Chile, no sábado último. Foi um sufoco que poderia ter sido evitado se a equipe tivesse jogado melhor e o árbitro inglês fosse mais honesto. E graças ao Julio César estamos hoje nos preparando para novo sofrimento diante da Colombia, na próxima sexta-feira, esperando melhor desempenho da seleção. Não se pode, no entanto, negar o mérito dos chilenos, sem dúvida uma grande equipe que merecia passar para a outra fase por tudo o que jogou desde o início da competição. Não deixa de ser estranho, porém, o comportamento de determinados comentaristas da Globo que, certamente desejosos de projetar uma imagem de isenção para os telespectadores, não viram pênalti em Hulk e enxergaram a bola no braço do mesmo jogador, aprovando, portanto, a decisão do árbitro britânico de não marcar a penalidade máxima contra o Chile e, também, de anular o gol do atacante brasileiro. Só os comentaristas da Central da Copa consideraram acertadas as decisões do árbitro, porque até os seus colegas Galvão Bueno e Arnaldo Cesar Coelho viram os seus erros e criticaram o seu desempenho. Imagine-se se, ao invés do uruguaio Luiz Suarez, fosse um jogador brasileiro que tivesse mordido um adversário! O pessoal da Central da Copa não apenas teria visto em detalhes todos os ângulos da dentada como, também, teria considerado branda a punição dada pela Fifa: no mínimo entenderia que o mais acertado seria o seu banimento do futebol. Embora Luizito seja reincidente e todo o planeta tenha visto a mordida, inclusive ampliada, os seus compatriotas consideraram a agressão um fato normal no futebol e o trataram como verdadeiro herói. O exagero da patriotada é evidente, até porque não existe o menor indício de heroísmo em morder alguém, mas os uruguaios pelo menos deram uma demonstração de solidariedade. Quanto a nossa seleção, Felipão precisa corrigir alguns defeitos que todo mundo vê e que parece perseguir o nosso selecionado em todas as copas: a falta de marcação e o velho hábito de jogar a bola para os lados e para trás. Todas as equipes – todas – marcam intensamente os adversários desde a saída da bola, quase não dando tempo para o outro respirar, enquanto os brasileiros oferecem amplo espaço para que o jogador contrário pare e pense para quem vai fazer o lançamento, acompanhando de longe a sua movimentação. Só dão combate mesmo quando o adversário praticamente penetra na grande área e aí vira sufoco, principalmente quando atrasam a bola para o goleiro diante dos atacantes da equipe contrária. Acho que Felipão deveria ter alguém assistindo o jogo pela TV, em permanente contato com ele, pois existem muitas falhas que não podem ser vistas do local onde se encontra, no campo. De qualquer modo, apesar de tudo a seleção conseguiu empolgar a torcida, que extravasa a sua brasilidade, o seu amor à pátria, ao contrário de alguns políticos e outros maus brasileiros que afirmam, com todas as letras, não sentir orgulho do seu país. E só conseguem ver os defeitos, o lado negativo, como se todos os outros países fossem o paraíso e aqui o inferno. São arautos do pessimismo. Tem candidato para quem nada presta no Brasil e só sabe apontar os defeitos, não apresentando uma única proposta para mudar o que considera errado. E chegou a profetizar, fazendo coro à mídia comprometida, que a Copa seria um fracasso. O sucesso da competição em nosso país, reconhecido inclusive pelos turistas e pela imprensa estrangeira, deixou essa pessoal com cara de tacho. E sem credibilidade para prever qualquer coisa. Como diria o saudoso Ibrahim Sued: “A caravana passa e os cães ladram”.

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