quinta-feira, 31 de julho de 2014

Adeus, Barbosa

Agora é oficial: o ministro Joaquim Barbosa se aposentou mesmo do Supremo Tribunal Federal. O decreto da sua aposentadoria foi publicado nesta quinta-feira pelo Diário Oficial da União. O ministro Ricardo Lewandowski deve ser eleito nesta sexta-feira o novo presidente do STF. Os círculos jurídicos nacionais estão convencidos de que a partir de agora o Poder Judiciário será mais respeitado por todos os que esperam dele realmente Justiça.

Os culpados

Os Estados Unidos e um grupo de países europeus aprovaram sanções econômicas contra a Russia porque, na visão deles, o presidente Wladmir Putin seria o responsável pela queda do avião da Malasya Airlines que matou 298 pessoas. A acusação se estriba no fato de que o avião teria sido derrubado por separatistas ucranianos com armamentos fabricados pelos russos. Até agora não existe nada que comprove a participação do presidente russo na tragédia, mas se o principal argumento para acusá-lo é o uso de armas russas então o presidente Barack Obama deveria igualmente ser acusado como responsável pelo massacre de idosos, mulheres e crianças palestinas, pois as armas utilizadas pelos israelenses são de fabricação norte-americana. Aliás, a alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navy Pillay, denunciou nesta quinta-feira o apoio que Barack Obama está dando à ofensiva israelense. Ela disse: “Os Estados Unidos não apenas fornecem armamento pesado como, também, gastaram 1 bilhão de dólares no sistema antifoguetes de Israel, proteção que os civis de Gaza não tem”. Enquanto isso, alguns brasileiros como o deputado Jair Bolsonaro, o sociólogo Demétrio Magnoli e a revista “Veja” manifestam apoio a Israel e condenam a posição brasileira, contrária ao massacre de inocentes palestinos. Bolsonaro, uma figura folclórica do Parlamento Nacional que não costuma ser levado a sério, mandou carta ao embaixador israelense em Brasilia afirmando que “a maioria dos brasileiros dotados de cultura, dignidade e bom senso está com o povo de Israel e contra o terrorismo”. Embora sem procuração para falar em nome dos brasileiros “dotados de cultura e dignidade”, ele acertou uma coisa: todo brasileiro, culto ou não, é contra o terrorismo e a favor da paz.

domingo, 27 de julho de 2014

Cara de ameba

Quando a crise entre o Irã e Israel começou a atingir níveis perigosos, por causa das denúncias de que o país dos aiatolás estava enriquecendo urânio com objetivos bélicos, o Brasil, através do ex-presidente Lula, propôs intermediar uma solução pacífica com o apoio da Turquia. No mesmo dia a então secretária de Estado norte-americano Hillary Clinton, ignorando deliberadamente a iniciativa brasileira, propôs novas sanções contra o governo iraniano. Ao divulgar a notícia o editor de um conhecido jornal colocou a seguinte manchete imbecil : “EUA lançam o Brasil no ralo da história”. Na sua visão vesga o Brasil estava desmoralizado pela simples opinião de uma autoridade dos Estados Unidos, o que evidencía o seu espírito de subserviência. Não li, mas imagino o que ele deve ter escrito como título para a notícia sobre declarações do porta-voz do governo israelense, Yigor Palmor , chamando o Brasil de “anão diplomático” por ter condenado publicamente a ofensiva militar que culminou na morte de dezenas de mulheres e crianças palestinas. O porta-voz, com cara de ameba, não esconde o seu fanatismo e muito menos a sua ausência de sentimento humanitário, pois debochou do sofrimento dos palestinos ao comparar o massacre à goleada que a Alemanha impôs ao Brasil na Copa do Mundo de futebol. Ele, porém, recebeu a resposta à altura do nosso chanceler.

Coração do mundo

Crescem no mundo inteiro os protestos contra o massacre dos palestinos realizado pelo governo de Benjamin Netanyahu. O próprio povo israelense condena a ação do seu governo, que até sábado último já havia provocado a morte de mais de 1000 pessoas, incluindo mulheres e crianças, além de milhares de feridos. Nem os hospitais da faixa de Gaza nem as escolas da ONU estão livres dos bombardeios israelenses, o que levou o premier turco Tayyp Erdogan a comparar o primeiro ministro de Israel a Adolf Hitler, que promoveu o holocausto em que foram mortos mais de 6 milhões de judeus. O mundo assiste estarrecido à escalada da violência, sem ver nenhuma ação concreta capaz de estancar a guerra. Até agora só muita conversa, enquanto Israel continua matando civis, incluindo crianças e mulheres, em represália aos ataques do grupo Hamas, que já mataram mais de 30 judeus com seus foguetes lançados contra as cidades israelenses. É claro que os judeus têm o direito de se defender, mas não faz sentido reagir contra civis que não tem nenhuma culpa pela ação do Hamas. Seria o mesmo que considerar normal os Estados Unidos bombardearem as cidades de onde saíram os terroristas que derrubaram as torres gêmeas em Nova Iorque, matando milhares de inocentes. A Organização das Nações Unidas, que deveria ser a guardiã da paz mundial com autoridade para intervir nesses casos, não tem forças para agir quando estão em jogo os interesses dos Estados Unidos ou de Israel. O secretário-geral Ban Ki-moon se limita a correr de um lado para o outro, fazendo apelos e tentando convencer o governo israelense e o Hamas a suspenderem o fogo, porque suas resoluções, nesses casos, não funcionam. Recorde-se que a resolução da ONU, contrária à invasão do Iraque, não impediu que o presidente George W. Bush ordenasse o ataque àquele país, estribado na falsa informação de que Saddam Hussein possuía um arsenal de armas de destruição em massa. A Comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, disse na quarta-feira que Israel pode ter cometido crimes de guerra ao matar civis e bombardear casas e hospitais. Ela condenou também os foguetes disparados pelo Hamas contra os israelenses. E o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou, com o voto de 29 países, inclusive do Brasil, resolução condenando a ofensiva militar israelenses contra a Faixa de Gaza e criando uma comissão internacional para investigar as violações dos direitos humanos. Os Estados Unidos, que apóiam Israel, votaram contra a resolução e a França, Inglaterra, Alemanha e Japão, entre outros, se abstiveram de votar, ou seja, lavaram as mãos diante de um problema que pode evoluir para um conflito mundial. Em recente reportagem em São Paulo a TV Bandeirantes mostrou que, ao contrário do que acontece na faixa de Gaza, no Brasil os judeus e palestinos, que predominam no comércio popular da capital paulista, convivem pacificamente como irmãos, inclusive se reunindo em confraternizações. A “guerra” entre eles se limita à busca de clientes para o seu comércio. Um dos judeus residente há mais de 30 anos na capital paulista, entrevistado pela televisão, declarou: “O mundo deveria espelhar-se no Brasil, onde vivemos fraternalmente”. Eles também repudiam a guerra que já matou muita gente inocente. O Brasil, na verdade, é o país da paz. Afora os black blocs, que adotaram a violência como prática para seus protestos, e os maus brasileiros que vivem pregando o caos, a população deste imenso país é ordeira e hospitaleira, recebendo de braços abertos os estrangeiros que aqui aportam e adotam o solo brasileiro como o seu próprio berço. A recente Copa do Mundo confirmou a hospitalidade dos brasileiros, causando em todos tão boa impressão que muitos estrangeiros decidiram voltar. O saudoso escritor Humberto de Campos, aliás, já dizia que o “Brasil é o coração do mundo e a pátria do Evangelho”. E este enorme coração brasileiro, que abriga e pacifica gregos e troianos, está pulsando forte para levar a paz aos irmãos judeus e palestinos, cujos parentes encontraram aqui o aconchego com o qual todos sonham.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vale tudo

Frase entreouvida na rua nesta sexta-feira: - Você viu a pesquisa na TV? A Dilma e o Aécio estão tecnicamente empatados! Esse foi exatamente o objetivo da “Folha” e da Globo com a divulgação, nesta quinta-feira, da pesquisa do Datafolha sobre a intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro vindouro: levar o povo a acreditar que a Presidenta e o senador mineiro estão empatados na preferência do eleitorado. Na verdade a pesquisa mostrou que se as eleições fossem hoje Dilma venceria no primeiro turno, não havendo, portanto, nenhuma razão para uma simulação sobre um eventual segundo turno. Isto porque o empate técnico ocorre justamente num hipotético segundo turno que, pelo menos até esta pesquisa, não dá sinais de que poderá acontecer. Ao divulgar o resultado da consulta, no entanto, A TV Globo não justificou a simulação do segundo turno e muito menos destacou o fato de que, de acordo com os números da pesquisa, a Presidenta se reelegeria ainda no primeiro turno. E muita gente passou a acreditar numa informação inverídica porque estribada numa hipótese forçada justamente para confundir. A divulgação no “Jornal Nacional” e repetida no “Jornal Hoje” faz parte, obviamente, desse plano maquiavélico de minar a candidatura à reeleição da presidenta Dilma Roussef e facilitar a eleição do candidato tucano Aécio Neves que, mesmo consciente dessa estratégia da Grande Midia, acabou se empolgando com a simulação, acreditando que irá ao segundo turno. Percebe-se, sem muita dificuldade, a partir dos resultados das últimas pesquisas, que o quadro eleitoral praticamente não se alterou ou sofreu ligeira alteração: enquanto a Presidenta caiu alguns pontos, como resultado sobretudo da sistemática campanha dos jornalões, mas mantém ainda assegurada a sua eleição no primeiro turno, os seus principais adversários – Aécio Neves e Eduardo Campos – tiveram um crescimento insignificante, o que significa que apesar do apoio escancarado da mídia não conseguiram ainda sensibilizar o eleitorado. E continuam patinando num determinado patamar por falta de uma bandeira que empolgue o povão, já que se limitam, única e exclusivamente, a criticar a Presidenta, algumas vezes de maneira grosseira. A escandalosa campanha da chamada Grande Imprensa para defenestrar Dilma do Palácio do Planalto, que esconde a importância da reunião do BRICS e destaca a vaia no Maracanã, chega ao absurdo de acusar a Presidenta por tudo de ruim que acontece não apenas no Brasil mas, também, no mundo: depois que a “Folha” em editorial culpou Dilma, entre outras coisas, pelo linchamento da uma inocente em São Paulo, uma colunista insinua que ela também é culpada pela queda do avião da Malasya Airlines na Ucrânia. Parece que não há limites para os opositores do governo, para quem, no esforço para conquistar o poder, os fins justificam os meios. Os líderes oposicionistas na Câmara Federal também estão fazendo a sua parte nesse projeto destinado a apear o PT do poder: para eles vale tudo quando se trata em atingir a Presidenta. Se ela veste vermelho, protestam e recorrem à Justiça; se faz um pouso técnico em Portugal, criticam e pedem explicações; se reúne a sua equipe no Palácio da Alvorada, enlouquecem com ações no Judiciário; se fala através de uma cadeia de rádio e televisão, gritam que é campanha antecipada e buscam a Justiça Eleitoral; se troca ministros a gritaria é a mesma; e agora estrebucham e fazem enorme alarido porque ela hospedou o presidente cubano Raul Castro na Granja do Torto. Será que esse pessoal não tem o que fazer no Congresso? Será que pensam que isso é fazer oposição? Estão subestimando a inteligência da população se imaginam que com essas bobagens conquistarão os votos de que precisam para ocupar o Palácio do Planalto. Se não mudarem o discurso, especialmente o ex-governador pernambucano, que parece ser o eco do senador mineiro, dificilmente conseguirão mudar esse panorama eleitoral, mesmo com todo o peso da Grande Midia. Afinal, já se foi o tempo em que o povo acreditava em tudo o que saía nos jornais e na televisão. O sucesso da Copa, contrariando o pessimismo insistentemente alardeado por eles, contribuiu para essa mudança de ótica. Já era tempo.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Refresco

O senador Aécio Neves, candidato tucano à Presidência da República, que parecia navegar em águas tranqüilas em meio aos disparos da sua metralhadora verbal contra a presidenta Dilma Roussef, começou a provar do próprio remédio. A denúncia da “Folha” de que, quando governador de Minas, construiu um aeroporto na fazenda do seu tio-avô, com recursos públicos no valor de R$ 14 milhões, funcionou como um direto de esquerda e deixou-o tonto. A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e o Ministério Público vão investigar o fato, ao mesmo tempo em que o PT, usando da mesma estratégia do PSDB, vai representar contra o senador mineiro por improbidade administrativa. Já se fala também em CPI na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Aécio, que vive apontando o dedo acusatório para os outros, vai ter de se explicar, o que certamente implicará em enorme desgaste para a sua candidatura. Fogo no dos outros é refresco...

Sem asilo

O Uruguai negou o asilo político solicitado pela advogada Eloisa Samy, acusada de pertencer aos black blocs, e antes que a polícia chegasse para prendê-la ela se escafedeu do consulado daquele país no Rio de Janeiro. Eloisa, que está sendo considerada foragida, teve a sua prisão preventiva decretada pelo juiz Flavio Itabaiana junto com outros 25 acusados de ações violentas nas manifestações no Rio. Segundo a denúncia do promotor Luis Otávio Lopes, ela se aproximou dos black blocs como advogada, mas depois se integrou ao grupo, inclusive dando instruções para os atos de violência. A responsável pelo consulado uruguaio, Myrian Chala, disse que não via razão para o asilo político. E não há mesmo. A black bloc, portanto, vai ter de cantar em outra freguesia ou, então, entregar-se à polícia, que está no seu encalço, para responder por suas más ações.