segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Preocupações

É voz corrente que o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, iniciado no dia 19, será de importância vital para a presidenta Dilma Roussef mostrar aos eleitores as realizações do seu governo e os seus projetos para um segundo mandato, já que não conta com a boa vontade da chamada Grande Imprensa, que há tempos está empenhada em destacar apenas os aspectos negativos da sua administração. Por isso mesmo, alguns analistas políticos entendem que esse espaço na TV e rádio contribuirá, decisivamente, para o seu crescimento nas próximas pesquisas de intenção de votos, consolidando sua posição de liderança na corrida sucessória. Já preocupada com essa perspectiva, que contraría a sua cruzada antipetista e pode anular pelo menos parte da sua campanha sistemática contra o governo, a Grande Midia começou a se articular para desqualificar a lei que estabeleceu a propaganda gratuita, embora o seu desejo fosse mesmo extingui-la. Isso ficou bem claro no editorial da “Folha de São Paulo”, sob o título de “Propaganda Enganosa”, em que – pasmem! – se revela preocupada com os gastos dos partidos com a produção dos programas eleitorais, os quais considera inócuos no seu objetivo de oferecer aos candidatos a oportunidade de tornarem-se conhecidos e levar suas propostas ao eleitorado. Depois de classificar de “famigerados” os blocos inseridos nos horários destinados à publicidade eleitoral, o jornalão paulista disse, em seu editorial, que “nesse modelo corre-se o risco nada desprezível de que, a depender apenas da propaganda eleitoral, os cidadãos pouco saibam a respeito dos programas de governo de cada um dos candidatos”. E acrescenta: “Os grandes blocos de propaganda poderiam ser mais curtos, já que sua produção é cara e sua eficiência menor que a das pequenas inserções”. No final deixa cair a máscara e revela claramente o seu objetivo: “Seria oportuno rever o caráter obrigatório da publicidade”. Ou seja, sem obrigatoriedade nenhuma emissora de TV abrirá espaço para a propaganda eleitoral gratúita. O editorial da “Folha” deixa evidente o temor da Grande Imprensa diante da perspectiva favorável à presidenta Dilma Roussef, proporcionada pelo horário eleitoral gratuito, que dará a ela a oportunidade de levar ao povo a verdade sobre as realizações do seu governo e, com isso, lançar por terra todo o esforço desenvolvido pela máquina midiática oposicionista para desacreditá-la e derrotá-la nas eleições de outubro. É justamente a partir de agora, com a vigência do período da propaganda gratuita, que a mídia comprometida com a oposição intensificará sua ação, com a veiculação diária de notícias que possam subtrair votos da Presidenta. Basta acompanhar o noticiário, sobretudo da TV Globo em todos os seus noticiosos, para se constatar a intensidade do bombardeio, representado pelas reportagens sobre três temas sensíveis à população: saúde, segurança e educação. A estratégia de combate é a seguinte: noticia-se diariamente, com imagens contundentes de hospitais e postos de emergência, os problemas, por exemplo, na saúde. E fala-se apenas em “hospitais públicos”, sem dizer que são estaduais ou municipais. O leitor ou telespectador faz automática associação com o governo federal, responsabilizando a presidenta Dilma pela situação. O mesmo acontece com a educação, com reportagens sobre escolas precárias no interior do país, também sem informar se são estaduais ou municipais, apenas citando que são “escolas públicas”. Sobre as escolas profissionalizantes, estas, sim, da alçada do governo federal, nenhuma linha ou imagem. Também escondem a melhoria da assistência médica com o programa “Mais Médicos”, que hoje atende mais de 50 milhões de brasileiros. E consolida-se, assim, a falsa idéia de que o Planalto não está fazendo nada. O horário eleitoral gratuito, portanto, é hoje o único espaço de que dispõe a Presidenta para mostrar ao povo o que a Grande Midia esconde. Daí a preocupação, refletida no editorial da “Folha”, sobre a mudança que o programa pode causar na visão dos eleitores que até agora se deixaram influenciar pelo noticiário tendencioso. O horário eleitoral deverá, então, produzir reflexos já nas próximas pesquisas, que certamente oferecerão um novo retrato da realidade eleitoral no país.

2 comentários:

Maximiliano Gregorio disse...

Não se pode considerar, infelizmente, que a Dilma escapará da conhecida rejeição que tem o telespectador aos programas de campanhas eleitorais. A maioria dos que votarão em Dilma, aqueles que ainda estão indecisos e os que poderiam assumir essa intenção provavelmente nunca assistirão pronunciamentos na TV. Daí se pode auferir que pouco se obterá em termos de votos a mais para a Presidenta.

Anônimo disse...

A audiência dos programas eleitorais é baixíssima.
Acredito que não chega nem a 5%.